Categoria Politica  Noticia Atualizada em 21-07-2008

Obama vai ao Afeganistão mostrar que pode lidar com guerra
Em foto divulgada pelo Exército americano, o provável candidato democrata à presidência dos EUA visita tropas no Kuwait e no Afeganistão durante sua viagem internacional
Obama vai ao Afeganistão mostrar que pode lidar com guerra
Foto: AP

O provável candidato democrata Barack Obama chegou neste sábado ao Afeganistão, onde ficará dois dias, para mostrar aos eleitores americanos que pode comandar as Forças Armadas do país em seus conflitos internacionais.

Obama viajou ao oeste do país, próximo à fronteira do Paquistão, para ver de perto a região onde as tropas americanas sofrem com a crescente onda de violência contra seus soldados.

O Afeganistão foi escolhido como sua primeira parada de viagem para combater as críticas republicanas sobre sua inexperiência em questões militares e de segurança nacional e para aumentar sua credenciais nos temas.

"Estou mais interessado em ouvir do que em falar", disse Obama a repórteres, antes de deixar Washington em sua viagem envolta em segredos, por razões de segurança. "e eu acho que é muito importante reconhecer que eu estou indo lá como senador dos EUA. Nós temos um presidente por vez", disse Obama, referindo-se a Bush.

Obama quer aproveitar a viagem também para ampliar a atenção da mídia e dos eleitores sobre sua proposta para redirecionar as tropas americanas do Iraque para o Afeganistão, onde, afirma, as forças da rede terrorista Al Qaeda se fortalecem e permanecem impunes, quase sete anos após os ataques terroristas de 11 de setembro.

Contudo, analistas apontam que a viagem carrega riscos para Obama --que está sendo acompanhado por três renomados jornalistas americanos. Para não cometer nenhuma gafe, como o seu rival republicano, John McCain, que confundiu xíitas com sunitas no Iraque, o democrata conta com uma equipe de 300 assessores em assuntos internacionais.

Tropas

Obama aterrizou por volta das 4h15 de Brasília em Cabul. Ele encontrou-se com o comando das tropas dos EUA no país e, segundo assessores, recebeu um relatório sobre a situação do conflito com os terroristas.

"Após o encontro, os senadores puderam encontrar os militares das bases de Bagram e também de Jalalabad (em Nangarhar)", afirmou o comando americano em um comunicado.

O tenente-coronel Bill Nutter, porta-voz do Exército dos EUA no Kuait, disse: "Ele falou aos soldados e eleitores e encontrou a liderança militar".

Durante a visita, Obama cumprimentou pessoas, respondeu perguntas, pousou para fotos e jogou um pouco de basquete durante a visita.

Obama deve se reunir ainda com o presidente afegão, Hamid Karzai, assim como com outros membros do governo e com os generais que comandam as forças americanas no Afeganistão.

Promessas

Na última terça-feira (15), Obama reiterou seu compromisso de acabar com o conflito no Iraque se vencer as eleições e insistiu em que após completar esse objetivo, se concentrará em lutar contra a rede terrorista Al Qaeda, de Osama Bin Laden, e a insurgência taleban no Afeganistão.

Segundo Obama, a concentração no Iraque favoreceu uma deterioração da situação no Afeganistão e tornou possível que a Al Qaeda se fortalecesse na fronteira com o Paquistão.

É no sul do Afeganistão, fronteiriço com o Paquistão, onde acontecem os combates mais violentos entre as forças internacionais afegãs e os talebans, que têm seus maiores redutos nas Províncias de Helmand e Candahar.

Do outro lado da fronteira, no noroeste do Paquistão, a inteligência americana suspeita que estejam escondidos os líderes da insurgência taleban e da Al Qaeda, entre eles Bin Laden.

O governo paquistanês, formado após as eleições de fevereiro, apostou em dialogar com os grupos islâmicos que queiram depor as armas, medida que não foi bem recebida em Cabul e que levou Karzai a afirmar que o Exército afegão golpearia líderes talebans no Paquistão se fosse necessário.

Ironias

O republicano John McCain criticou Obama por anunciar suas estratégia para o Afeganistão e o Iraque antes mesmo de visita os países para conhecer de perto as situações.

"O senador Obama anunciou sua estratégia para o Afeganistão e iraque antes mesmo de reconhecer elementos sobre o terreno", disse ele neste sábado em um programa de rádio. "Aparentemente está muito confiante de que não encontrará nenhum elemento que o faça mudar de opinião ou modificar sua estratégia", disse.

"Isso se parece com o erro cometido pelo senador Obama quando afirmou com segurança que os esforços no Iraque não reduziram a violência lá e que poderiam, inclusive, aumentá-la", acrescentou McCain.

A viagem de Obama, que deve incluir paradas no Iraque, Jordânia, Israel, Alemanha, França e Reino Unido, tem como objetivo mostrar que ele pode lidar com o campo da diplomacia internacional e responder aos críticos que o consideram muito inexperiente para a tarefa.

Obama vai ao Afeganistão mostrar que pode lidar com guerra

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir