Pressão sobre o país só deve crescer com próximo presidente, diz democrata. Ao lado de Sarkozy, ele sugeriu que o Irã aceite a proposta das seis potências.
Foto: AFP O provável candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (25) em Paris que o Irã não deve esperar pela eleição do próximo presidente americano para aceitar a proposta das seis potências para interromper seu programa nuclear.
A declaração foi feita durante entrevista conjunta com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, após encontro entre os dois em Paris. A França é a segunda parada da parte européia da viagem internacional de Obama.
"O Irã deveria aceitar as propostas que o presidente Sarkozy e que os seis estão apresentando agora", disse. "Não esperem pelo próximo presidente porque a pressão, eu acho, só vai crescer."
O americano disse que ele e Sarkozy estão de acordo em que a questão nuclear iraniana é "extremamente grave" e que o mundo deve "enviar uma mensagem forte" ao país para que ele interrompa seu programa nuclear.
Ele se disse partidário de mostrar duas opções ao Irã: mudar seu comportamento para se integrar à comunidade internacional, ou seguir com o programa e enfrentar "sanções novas e mais duras".
Segundo Obama, um Irã com poder nuclear seria uma ameaça tanto para a França como para os EUA, e poria em risco Israel e o resto da região, encorajaria os terroristas e detonaria uma perigosa corrida armamentista no Oriente Médio.
Sarkozy
O presidente da França, por sua vez, disse que tem uma grande "convergência de opiniões" com o candidato democrata.
O presidente francês disse esperar com "impaciência" que a democracia americana "escolha seu próximo dirigente para que possamos tomar, juntos, muitas iniciativas comuns para a Europa e os Estados Unidos".
Ele insistiu, por exemplo, na necessidade de estabelecer uma ação comum no Afeganistão.
"Temos muito trabalho para fazer juntos, sobre temas como o aquecimento global, a reforma das instituições mundiais, a paz no mundo ou a globalização do capitalismo financeiro."
"Tenho o grande prazer de me encontrar novamente com o senador Obama, com quem já havia me encontrado em 2006. Tínhamos conversado muito sobre os terríveis acontecimentos na província sudanesa de Darfur", discursou o presidente francês.
"Éramos dois neste escritório. Um de nós se tornou presidente, o outro precisa agora fazer o mesmo. Isso não é uma ingerência!", brincou Sarkozy, fazendo Obama rir.
"A América que a França ama é a América que tem grandes objetivos, uma grande ambição, grandes debates e fortes personalidades", declarou.
"Queremos uma América presente, não uma América ausente", prosseguiu.
"Somos amigos, amigos independentes mas amigos assim mesmo. Vocês precisam saber que aqui na França e na Europa, acompanhamos suas ações com muito interesse", acrescentou.
Após sua visita a Paris, Obama vai à noite para Londres, última etapa de sua viagem, que incluiu escalas em Afeganistão, Kuwait, Iraque, Jordânia e Israel.
Discurso em Berlim
O discurso que Obama pronunciou na véspera no parque Tiergarten de Berlim convenceu a imprensa alemã de que o senador americano tem os atributos de liderança necessários para ser o próximo presidente dos Estados Unidos.
"Ele vai melhorar a imagem dos Estados Unidos no mundo", comentou o jornal de centro-esquerda "Sueddeutche Zeitung", que também advertiu que "não há dúvidas de que ele pedirá à Europa para sair com êxito do Afeganistão e do Iraque". "Obama sairá caro para a Alemanha", acrescentou.
O jornal de esquerda "Frankfurter Rundschau" afirmou que Obama terá que assumir uma tarefa mais difícil do que a do antigo presidente John F. Kennedy, que pronunciou a célebra frase "Ich bin ein Berliner" durante a Guerra Fria, em Berlim.
"O que Kennedy fez foi corajoso, mas também foi fácil. A única coisa que teve de fazer foi trazer para os alemães uma parte dos Estados Unidos: confiança em si mesmos, esperança e apoio. Esperamos mais de Barack Obama. Esperamos que ele leve algo daqui para os Estados Unidos", disse.
Em seu discurso, Obama, evocando a queda do Muro de Berlim em 1989, pediu para que sejam derrubados outros muros.
"Os muros entre os aliados de longa data, de uma parte e de outra do Atlântico, não podem ficar de pé. Os muros entre os países mais ricos e os mais pobres não podem ficar de pé. Os muros entre as raças e as tribos, entre indígenas e imigrantes, entre cristãos, muçulmanos e judeus não podem ficar de pé".
Após o discurso, interrompido por aplausos e gritos "Yes, we can" ("sim, nós podemos"), seu slogan de campanha, Obama misturou-se durante cinco minutos à multidão, que corria para apertar-lhe a mão e fotografá-lo.
Suas declarações recordaram quando o ex-presidente Ronald Reagan disse ao líder soviético da época, Mikhail Gorbachev, em 1987, em Berlim: "Põe abaixo esse muro", antes da queda do comunismo.
O discurso de Obama em Berlim teve uma repercussão sem precedentes e o confirmou como um fenômeno político global.
Irã não deve esperar eleição nos EUA para deter programa nuclear, diz Obama
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