Categoria Policia  Noticia Atualizada em 29-07-2008

Salvador já não tem mais lugar para tratar pingüins
Pingüins-de-magalhães que se perderam da corrente marítima das Malvinas e vêm sendo resgatados nas praias de Salvador (BA)
Salvador já não tem mais lugar para tratar pingüins
Foto: Aurelio Nunes/UOL

Aurelio Nunes
Especial para o UOL
Em Salvador

Os pingüins-de-magalhães que se perderam da corrente marítima das Malvinas e vêm sendo resgatados nas praias de Salvador, na Bahia, desde o último dia 17, além de sofrerem desnutrição e hipotermia, agora ainda enfrentam outro problema: a falta de local para serem acomodados.

Até a manhã desta terça-feira, o Instituto de Mamíferos Aquáticos, ONG licenciada pelo Ibama para fazer a triagem das aves, contabilizava 340 desses inesperados visitantes somente na unidade de Pituaçu, na capital baiana, dos quais 90 morreram. Os três freezers usados para instalar os cadáveres - que serão submetidos a necropsia - já estão lotados. Desde o final de semana, todo animal morto passou a ser enterrado.
Pingüins resgatados em Salvador sofrem com a superlotação

As outras bases do IMA no Estado também estão acolhendo pingüins. Sem contar os animais que já morreram, 25 estão em Ilhéus, 40 na Barra de Paraguaçu, 7 em Camamu e 22 em Morro de São Paulo.

Em Pituaçu, a sala dos estagiários foi transformada em alojamento para os pingüins em estágio de recuperação mais avançado, identificados com um cordão vermelho numa das asas. A maioria dos biólogos, veterinários, funcionários e estagiários e até voluntários do IMA está dormindo no local.

"Precisamos de mais voluntários, de preferência estudantes de veterinária e biologia. E precisamos de doações, não só para dar de comer aos bichos, mas também para alimentar as pessoas que estão cuidando deles e que almoçam e jantam aqui", diz o coordenador do Centro de Resgate do IMA, Luciano Reis.

Segundo ele, a questão da acomodação para os pingüins deve ser resolvida quando chegarem as tendas que o Ibama pediu emprestadas ao Exército.

Bancando o herói
Diariamente, entre 15 a 30 pingüins são encaminhados ao IMA. Duas viaturas do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, estão auxiliando no resgate.

Segundo a analista ambiental do núcleo de diversidade do Ibama, Aline Borges, a demanda tem aumentado por desinformação da população. "Tem muita gente bancando o herói e indo buscar pingüins que estão em condições de procurar sozinho o caminho de volta. Nossa orientação é para resgatar apenas os animais que estão sendo arrastados pelas ondas até as praias", alerta.

Segundo Aline, as denúncias recebidas na semana passada, de pessoas que estariam tentando criar em casa e até mesmo vender pingüins, não foram confirmadas pela fiscalização do Ibama. Manter animal silvestre em cativeiro é crime passível de punição com multa e detenção de seis meses.

O fluxo migratório dos pingüins-de-magalhães termina em setembro, prazo máximo para que os animais cheguem à costa africana para o acasalamento. Em agosto, os animais resgatados em Salvador que já estiverem recuperados serão transportados de avião até o Rio e lançados ao mar nas águas de Cabo Frio, de onde poderão pegar a corrente das Malvinas a tempo de chegarem até o destino.

Antes de serem reintroduzidos na natureza, cada um dos pingüins será submetido a um exame de DNA, única maneira segura de descobrir o sexo deles. Depois, os animais receberão uma anilha em uma das patas que servirá para fazer o monitoramento.

Serviço
Para fazer Doações: Instituto de Mamíferos Aquáticos

Banco Itaú
Agência 0226
C/C 38.795-9

IMA - 0XX 71 3461-1490
Ibama - 0XX 71 3172-1650

Salvador já não tem mais lugar para tratar pingüins que chegam às praias.

Pingüins-de-magalhães que se perderam da corrente marítima das Malvinas e vêm sendo resgatados nas praias de Salvador (BA) enfrentam a desnutrição e a hipotermia, além da falta de local para serem acomodados.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir