Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-07-2008

Promotor diz ter certeza de que pai e madrasta vão a júri
Juiz Maurício Fossen ouviu três pessoas na tarde desta quarta-feira (30).
Promotor diz ter certeza de que pai e madrasta vão a júri
Foto: Reprodução

Juiz Maurício Fossen ouviu três pessoas na tarde desta quarta-feira (30).
Casal é acusado da morte de Isabella Nardoni, de 5 anos.

O promotor Francisco Cembranelli disse nesta quarta-feira (30) que, diante do conjunto de provas, "tem certeza" de que o casal Nardoni será levado a júri popular. Ele considerou "importante" o relato do vizinho que conversou com o irmão de Isabella Nardoni. A menina morreu no dia 29 de março, após ser atirada do 6º andar do apartamento de seu pai, na Zona Norte de São Paulo.

"Essa testemunha foi ouvida pela primeira vez. É um dado importante porque a criança estava no apartamento quando tudo aconteceu", disse o promotor.

O morador do Edifício London Jeferson Friche, que prestou depoimento nesta quarta-feira no Fórum de Santana, na Zona Norte, reproduziu ao juiz Maurício Fossen uma conversa que teve com o irmão de Isabella Nardoni, então com 3 anos, na noite da morte dela. O menino negou ao vizinho, de acordo com depoimento do homem reproduzido pela assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que houvesse um "ladrão" no apartamento.

Friche contou ao juiz do 2º Tribunal do Júri de São Paulo que estava em casa com visitas no dia do crime, 29 de março, quando ouviu gritos. Ele disse ter descido até o térreo, onde viu Isabella Nardoni caída no jardim e o irmão dela sozinho, perto da porta que dá acesso aos elevadores. O vizinho afirmou que o menino chorava, por isso o pegou no colo e se afastou.

O morador perguntou se havia "algum ladrão lá em cima" – em referência ao apartamento da família – e o menino teria dito que "não". Em seguida, Friche contou ao juiz ter perguntado se ele tinha visto a irmã caindo e a criança teria respondido: "ela queria ver a Lua, queria ver a casa", ainda de acordo com informações da assessoria do TJ-SP. O depoimento do vizinho, que foi convocado pelo juiz após ter sido citado por outra testemunha, durou cerca de dez minutos.

Depoimentos
Terminou às 15h desta quarta-feira (30) o depoimento do primeiro a falar ao juiz, o pedreiro Gabriel Santos Neto, de 46 anos, que voltou a negar que houve arrombamento na obra vizinha ao Edifício London, de onde Isabella Nardoni foi atirada em 29 de março, em São Paulo. Neto depôs no Fórum de Santana, Zona Norte da capital.

Neto contou ao juiz, ao promotor Francisco Cembranelli e aos dvogados Ricardo Martins e Marco Polo Levorin que dormia no trabalho durante a semana e só soube do crime (cometido em um sábado) na hora do almoço da segunda-feira. Questionado na época pela polícia, contou que não havia sinais de arrombamento "porque tudo estava no lugar", como ele havia deixado. Segundo a testemunha, o trabalho na obra durou entre 7 e 8 meses.

Somente os advogados de defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella e presos por suspeita de cometer o crime, fizeram perguntas ao pedreiro. A tese da defesa é de que uma terceira pessoa invadiu o imóvel para matar a menina.

Em seguida, foi ouvida pelo juiz Maurício Fossen a enfermeira Christiane de Brito, também testemunha chamada pela defesa. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, ela falou por apenas dez minutos, mas o conteúdo do depoimento dela ainda não havia sido revelado até as 15h30.

STF
Por volta de 13h30, Ricardo Martins, um dos advogados de defesa do casal, chegou ao Fórum de Santana para acompanhar as oitivas. Ele disse ter esperança de que seus clientes terão a liberdade concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão pode sair nos próximos dias.

"Estamos esperançosos e convictos de que o posicionamento do STF deve ser de garantir os princípios constitucionais. Se não existem elementos para mantê-los presos, eles devem ser soltos o quanto antes", afirmou Martins.

Testemunhas
Vizinhos, amigos e parentes do casal foram ouvidos nos dias 2 e 3 de julho. Algumas das testemunhas apontaram que o prédio seria inseguro. As testemunhas de acusação, entre elas a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira e a avó materna, Rosa Maria Cunha de Oliveira, falaram ao juiz nos dias 17 e 18 de junho. A delegada que investigou o crime, Renata Pontes, peritos do IC e vizinhos do casal também já prestaram seus depoimentos.

Alexandre Nardoni e Anna Jatobá foram interrogados no final de maio. O médico-legista George Sanguinetti, contratado pela defesa do casal para fazer um parecer com base nos laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e Instituto de Criminalística (IC), deve prestar depoimento em 7 de agosto por meio de carta precatório, porque mora em Maceió.

Ao final desta etapa dos depoimentos, o processo entra na fase das alegações finais e, depois disso, o juiz Maurício Fossen decide se o arquiva ou determina que o casal vá a júri popular.

Promotor diz ter certeza de que pai e madrasta vão a júri.

Fonte: Midiacon
 
Por:  Felipe Campos    |      Imprimir