Categoria Policia  Noticia Atualizada em 31-07-2008

Karadzic comparece a Tribunal Penal e assume defesa própria
Depois de quase 13 anos foragido, o ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, preso na semana passada, se apresentou pela primeira vez diante do juiz do Tribunal Penal Internacional
Karadzic comparece a Tribunal Penal e assume defesa própria
Foto: AFE

da Folha Online

Depois de quase 13 anos foragido, o ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic --preso na semana passada-- se apresentou nesta quinta-feira pela primeira vez diante do juiz do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia para responder a acusações de genocídio e anunciou que assumirá a própria defesa no caso.

Com cabelos e barbas cortados, Karadzic se apresentou usando terno e gravata, depois de passar a primeira noite em uma cela do centro de detenção do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia. Ao todo, ele enfrenta 11 acusações, entre elas de ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Karadzic, que liderou a República da Sérvia durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), enfrenta acusações de genocídio pelo cerco a Sarajevo, que durou 43 dias, e pelo massacre de 8.000 muçulmanos em Srebrenica, em 1995 --a pior atrocidade acontecida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Desde que foi preso, nas proximidades de Belgrado, ele cortou a barba e os cabelos compridos que o disfarçaram durante seu período foragido. Com o disfarce, ele trabalhava como um médico alternativo. Ele foi extraditado na madrugada de ontem da Sérvia e foi transferido para a Holanda.

Durante os procedimentos diante do juiz Alphons Orie, Karadzic será questionado se se declara culpado ou não, após o processo ou um resumo dele ser lido.

Os advogados de Karadzic na Sérvia disseram que o ex-líder não se defenderá hoje, mas usará o período de 30 dias para fazê-lo. Sob as regras do tribunal, se ele se recusar novamente a se defender, uma declaração de "não culpado" será dada a ele.

Prisão

Karadzic foi detido no último dia 21 nas proximidades de Belgrado pelos serviços secretos sérvios depois de ter permanecido foragido por quase 13 anos, desde que em 1995 foi acusado de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

Acusado de crimes de guerra que incluem o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, Karadzic usava uma identidade falsa e trabalhava como médico em um consultório de medicina alternativa em Belgrado.

Reuters

Montagem mostra foto recente do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic (à esq.)e imagem dele em 1995; ele foi preso na Sérvia.

Imagens de Karadzic divulgadas após o anúncio de sua prisão mostravam o ex-líder sérvio-bósnio de cabelos e barba brancos e compridos. Uma delas mostrava ele usando óculos. Segundo as autoridades sérvias, ele trabalhava em um consultório de medicina alternativa na capital sérvia.

Quando foi detido em um ônibus nas proximidades Belgrado, dando fim a mais de uma década de busca, Karadzic carregava um documento de identidade com o nome de Dragan Dabic. O nome falso era o mesmo usado para colaborar com uma revista sobre saúde.

Na prisão, Karadzic cortou o cabelo e fez a barba. Segundo seus advogados, Karadzic deve assumir a própria defesa durante seu processo em Haia, da mesma forma que fez seu aliado Slobodan Milosevic. Ele deve contar com a ajuda de uma equipe de juristas.

Perfil

Karadzic, um dos maiores fugitivos acusado de crimes de guerra, foi acusado de arquitetar os assassinatos em massa que o tribunal da ONU para crimes de guerra descreve como "cenas do inferno, escritas nas páginas mais negras da história humana".

Acusado de organizar o massacre de 8.000 muçulmanos em Srebrenica, em 1995, entre outras atrocidades da Guerra da Bósnia, Karadzic liderou a lista dos mais procurados por mais de dez anos, recorrendo a disfarces elaborados para fugir das autoridades.

Ele foi o líder político dos bósnios-sérvios durante a guerra entre 1992 e 1995 que sucedeu a secessão da Bósnia-Herzegovina da Iugoslávia --quando houve o massacre de Srebrenica e do cerco a Sarajevo.

Formado psiquiatra, Karadzic, 63, se declarou presidente de uma república sérvio-bósnia quando a Bósnia-Herzegovina se separou da Iugoslávia, e foi visto em público pela última vez em 1996.

Com agências internacionais

Karadzic comparece a Tribunal Penal e assume defesa própria.

Depois de quase 13 anos foragido, o ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, preso na semana passada, se apresentou pela primeira vez diante do juiz do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia para responder a acusações de genocídio e anunciou que assumirá a própria defesa no caso.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir