Categoria Policia  Noticia Atualizada em 04-08-2008

Ataque na China amplia preocupação com segurança olímpica
Polícia patrulha área onde um ataque terrorista matou 16 policiais na cidade de Kashgar, em Xinjiang, noroeste da China.
Ataque na China amplia preocupação com segurança olímpica
Foto: Peter Parks/AFP

Pequim, 4 ago (Lusa) ? A contagem regressiva para o início dos Jogos Olímpicos ficou marcada nesta segunda-feira pelo ataque terrorista que matou 16 policiais na região de Xinjiang, noroeste da China, com supostas intenções de prejudicar o evento, informou a imprensa chinesa.

O atentado na região de Xinjiang, onde uma maioria muçulmana possui supostas intenções separatistas, voltou a evidenciar os receios da China a quatro dias da abertura dos Jogos perante possíveis ações terroristas para sabotar o evento, para os quais as autoridades chinesas têm chamado a atenção com insistência.

A organização dos Jogos afirmou que está investigando a possível ligação entre o ataque e os Jogos, ao mesmo tempo em que quis reiterar que as medidas de segurança em Pequim podem garantir um evento esportivo sem quaisquer perigos, nem interferências.

"Acreditamos que estamos preparados para lidar com qualquer ameaça à segurança e estamos confiantes e capazes de ser anfitriões de uns Jogos pacíficos e seguros", afirmou o porta-voz da Comissão Organizadora dos Jogos, Sun Weide.

O Comitê Olímpico Internacional limitou-se a renovar a confiança na China para "fazer tudo o que é humanamente possível" para garantir que os Jogos vão desenrolar-se "com toda a segurança", afirmou a porta-voz do COI, Giselle Davies.

"É um incidente na China, não devemos estabelecer uma ligação automática com os Jogos", acrescentou Davies.

Mas a polícia de Hong Kong, cidade chinesa onde vão ocorrer as provas olímpicas eqüestres, afirmou que vai reavaliar a segurança nos locais olímpicos para apurar se o atentado teve alguma implicação com os Jogos.

Segundo a versão oficial da agência Nova China, dois homens desconhecidos avançaram hoje com um caminhão sobre um posto fronteiriço chinês na cidade de Kashgar, no percurso da famosa Rota da Seda, lançando granadas que mataram 16 pessoas e feriram outras 16.

Eles dirigiram o caminhão contra um poste, saíram do veículo e começaram lançar explosivos de produção caseira ao posto, atacando depois os policiais com facas, descreveu a agência de notícias, acrescentando que ambos foram presos.

Kashgar está a 4.000 quilômetros de Pequim, perto da fronteira com o Tajiquistão.

A agência noticiosa chinesa não citou a associação dos terroristas, mas Pequim tem insistido que os grupos muçulmanos que lutam pela independência da região de Xinjiang e pela criação do "Turquistão de Leste" constituem uma enorme ameaça à segurança olímpica.

O Movimento Islâmico do Turquistão de Leste (MITL), que opera em Xinjiang e no país vizinho Afeganistão, está classificado na China, nos Estados Unidos e nas Nações Unidas como organização terrorista.

Mas muitos dissidentes uígur no exílio e alguns grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que a China exagera quanto às intenções terroristas e ameaça que a organização representa.

O ataque de hoje aconteceu depois de atentados à bomba na cidade de Kunming, no sudoeste do país, no mês passado, e em Xangai, em maio, terem resultado na morte de cinco pessoas.

Um grupo militante muçulmano que se auto-intitulou Partido Islâmico do Turquistão (PIT) reclamou a responsabilidade destes ataques e alguns especialistas consideram que o PIT opera em conjunto com o MITL.

Depois de lançar o alarme quanto à possibilidade de ataques terroristas, a China negou que o PIT tivesse preparado os ataques, sem citar quem poderia ser responsável pelo problema.

Xinjiang, uma região vasta com fronteira à Ásia Central, tem cerca de 8,3 milhões de muçulmanos de etnia uígur, muitos deles descontentes com Pequim por décadas de suposta repressão por parte da administração comunista chinesa.

Segundo as autoridades chinesas, o MITL, as forças separatistas a favor da independência do Tibete e os membros do movimento espiritual Falung Gong, proibido na China, representam as maiores ameaças à segurança olímpica.

De acordo com Pequim, os Jogos serão um alvo para as várias "forças hostis" anti-China que estão se esforçando para sabotar o evento.

O atentado renovou as preocupações com a segurança olímpica no mesmo dia em que uma densa camada de poluição voltou a ensombrar Pequim.

Depois de um final de semana de céu mais limpo, o nevoeiro voltou a mostrar que as drásticas medidas anti-poluição ainda não asseguram uma cerimônia de abertura sem chuva nem nevoeiro, nem podem garantir a promessa chinesa de Olimpíadas "verdes".

Ataque na China amplia preocupação com segurança olímpica.

Polícia patrulha área onde um ataque terrorista matou 16 policiais na cidade de Kashgar, em Xinjiang, noroeste da China. O ataque aconteceu a apenas quatro dias do início dos Jogos Olímpicos de Pequim, em uma região de maioria muçulmana no país, e ampliou as preocupações com a segurança do evento.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir