Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 26-08-2008

Atletas tentam reviver em SP o auge da luta livre
Lutadores ainda promovem apresenta��es na capital paulista e no ABC. Eles falam com saudades do tempo em que eram reconhecidos nas ruas.
Atletas tentam reviver em SP o auge da luta livre
Foto: Daigo Oliva/G1

Sucesso nos Estados Unidos, a luta livre enfrenta uma batalha contra o esquecimento no Brasil. Lutadores que subiram aos ringues nas d�cadas de 60 e 70 ainda promovem shows em S�o Paulo e lembram com saudades do tempo que n�o podiam nem sair �s ruas, tamanha a audi�ncia na TV do telecatch � programa que misturava luta e encena��o.

"Naquele tempo, eu n�o podia nem andar na rua. Dava dois passos e algu�m me parava, era uma loucura. Hoje, como a gente n�o est� na m�dia, fica mais dif�cil. Quanto foge isso da gente, a saudade vem", diz G�rson Xavier de Paiva, de 59 anos, conhecido nos ringues como Nino Mercury, o italian�ssimo.

Nino e outros lutadores promovem de dois a tr�s shows por m�s, principalmente na Zona Leste de S�o Paulo e no ABC. O �ltimo ocorreu no domingo do Dia dos Pais, em 10 de agosto, em um clube da Vila Maria, na Zona Norte. Quem organizou a apresenta��o foi a "Trupe do Trov�o", do lutador Aparecido da Hora Freita, de 51 anos. Na luta livre h� 20 anos, Trov�o costuma fazer apresenta��es para arrecadar alimentos para crian�as carentes.

Aposentado da velha profiss�o � ele foi gerente de banco durante 37 anos �, Nino agora se dedica � luta: al�m dos shows, ele complementa a renda da fam�lia com o aluguel de ringues. Os shows seguem os moldes dos que fizeram sucesso no passado. Vestidos com fantasias, os lutadores pulam, aplicam golpes e se jogam nas cordas. Tudo � encenado, mas o p�blico acompanha a apresenta��o sem piscar.

"� um trabalho para as pessoas n�o esquecerem nossa luta livre. A gente tem que ser um ator para desenvolver aquilo em cima do ringue. � uma novela, a gente conta uma hist�ria", diz Nino. Como no passado, as lutas t�m o vil�o e o her�i. "Se colocar dois sujos ou dois limpos lutando um contra o outro, n�o tem gra�a."

Saudosismo
As lutas dos velhos tempos levam muitos espectadores aos shows. � o caso de Alice Ant�nio da Silva, de 67 anos, que esteve na apresenta��o do grupo na Zona Norte. Ela assistia �s lutas na televis�o acompanhada do pai, que j� morreu. "Eu vim porque gosto, meu pai gostava muito de lutas", afirmou. O espet�culo serviu para matar as saudades.

O representante de vendas Marcos Stelzer, de 38 anos, luta h� dois anos. Conhecido como Gringo, ele representa um americano nos ringues. Agora do outro lado das cordas, ele relembra a �poca que via com o pai as lutas na TV. "Luta livre eu sempre gostei de assistir, via as que tinham antigamente com meu pai", conta. De acordo com ele, o pai gosta de v�-lo lutando, mas fica com medo de o filho se machucar.

Lutador h� 29 anos, Laceu da Silva, de 51 anos, conhecido como Ga�cho, precisava no in�cio da carreira usar fantasias que cobrissem o rosto por causa da m�e. E, mesmo com os anos de experi�ncia, a m�e, hoje com 90 anos, ainda n�o se acostumou. "H� uns dois anos, eu fui fazer um show no Tatuap� e minha m�e pensou que era de verdade. Ela veio perto do ringue e partiu para cima do advers�rio, chegou a mudar de cor", lembra, aos risos.

Ga�cho come�ou com apresenta��es em circos, mas participou do auge da luta livre no pa�s. "Os shows naquela �poca eram muito gostosos, dava muito ibope, at� no exterior. Show tinha direto, a gente tinha que ter �nimo para ag�entar. Eu ficava praticamente dispon�vel para os shows. Naquela �poca, eu tinha outro nome, era o Can�rio", lembra.

Atletas tentam reviver em SP o auge da luta livre
Lutadores ainda promovem apresenta��es na capital paulista e no ABC.
Eles falam com saudades do tempo em que eram reconhecidos nas ruas.

Fonte: Luciana Bonadio

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir