Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-09-2008

Presidentes da América do Sul avaliam plano contra crise
O presidente Lula cumprimenta a presidente do Chile Michelle Bachelet assim que chega a Santiago para a reunião de emergência da Unasul sobre a situação na Bolívia
Presidentes da América do Sul avaliam plano contra crise
Foto: Aliosha Marquez/AP

da Folha Online

Começou às 15h45 (16h45 em Brasília) a cúpula extraordinária de chefes de Estado da União de Nações Sul-americanas (Unasul) convocada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, para debater a crise na Bolívia.

A primeira cúpula do bloco desde sua constituição, há quatro meses, tem como objetivo buscar uma saída à crise política provocada pelo confronto entre o governo de Evo Morales e a oposição, que deixou 30 mortos na Bolívia.

Além de Morales e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também participam do encontro a governante argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e os líderes Álvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela).

Também estão presentes delegados do Suriname e Guiana, assim como o ministro das Relações Exteriores do Peru, José Antonio García Belaúnde, representando o presidente do país, Alan García.

Recepção

A chegada dos líderes ao palácio presidencial de La Moneda foi acompanhada com expectativa por dezenas de pessoas que se reuniram na Praça da Constituição, em Santiago.

O presidente Morales foi recebido com aplausos e expressões de apoio por um grupo de simpatizantes, convocados pelo Partido Humanista do Chile e outras organizações de esquerda, que também saudaram Chávez e Correa. Lula foi o último presidente a ser recebido no palácio por Bachelet, e chegou 45 minutos depois da hora prevista para o início da cúpula.

Os líderes discutirão a portas fechadas um documento preparado pelo Chile que propõe o envio de uma missão à Bolívia para mediar um acordo entre as partes e garantir uma mesa de diálogo que ponha fim ao conflito, que abala o país há semanas.

Assim que tiver sido concluída a reunião --que não tem hora certa para acabar-- Bachelet deverá informar publicamente sobre os acordos alcançados.

Plano conjunto

Se o plano chileno for aprovado na Unasul, o bloco somaria seus esforços à missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que irá à Bolívia na quarta-feira (17), liderada pelo secretário geral do organismo, José Miguel Insulza.

O anúncio foi feito hoje em entrevista coletiva pelo secretário "pro tempore" da Unasul, o chanceler chileno, Alejandro Foxley, ao informar da minuta do acordo da cúpula de emergência, convocada pelo Chile para buscar uma solução à crise política da Bolívia.

Foxley destacou que o envio da missão mediadora estaria subordinado a que o governo boliviano autorizasse o mesmo.

"O ponto básico de hoje é a instalação de uma mesa de diálogo que pode estar acompanhada pela Presidência "pro tempore" da Unasul", provavelmente com uma visita a La Paz de representantes do órgão com o secretário-geral da OEA, "para conversar com todos os setores que hoje enfrentam grandes diferenças", explicou Foxley.

O chanceler destacou que a Unasul e a OEA trabalham em conjunto para "estabelecer um calendário para colocar fim à violência na Bolívia e fazer com que o diálogo seja um elemento permanente nos próximos períodos do desenvolvimento da democracia no país".

Detalhes

Foxley se reuniu no começo da manhã com Bachelet para "acertar os últimos detalhes do documento" que a Presidência "pro tempore" da Unasul submeterá à discussão e eventual aprovação dos presidentes.

A proposta, que está sendo analisada pelas delegações, coincide com a postura antecipada pelo secretário-geral da OEA hoje. A declaração estabelece que "é indispensável terminar já com a violência na Bolívia e buscar uma convivência pacífica entre todos os setores".

"Reconhece a autoridade legítima do governo boliviano, no presidente Evo Morales, e (portanto) que ele é o interlocutor principal no diálogo que deve ser levado à frente no futuro", afirma o documento.

O texto destaca "o princípio fundamental de legitimidade da democracia na Bolívia, do atual regime do presidente Morales e da integridade territorial desse país, que não devem ser colocados em dúvida em momento algum".

"Tomara que a declaração seja assumida por consenso de todos os presidentes", disse o chanceler chileno, que, perguntado sobre as divergências entre os presidentes, respondeu: "Não estamos em confrontos dentro da Unasul nem além da Unasul".

Entenda os protestos na Bolívia.

Com agências internacionais

Presidentes da América do Sul avaliam plano contra crise na Bolívia.

O presidente Lula cumprimenta a presidente do Chile Michelle Bachelet assim que chega a Santiago para a reunião de emergência da Unasul sobre a situação na Bolívia.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir