Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 24-09-2008

Ataque de alunos armados em escolas é fenômeno recente
Velas são acesas em homenagem às vítimas de atirador na Finlândia. Especialistas analisam massacres em escolas cometidos por alunos.
Ataque de alunos armados em escolas é fenômeno recente
Foto: AFP

O jovem finlandês Matti Juhani Saari entrou na escola em que estudava, na última terça-feira (23), com uma arma na mão e explosivos nos bolsos. Matou deliberadamente dez pessoas - nove estudantes e um professor -, tentou incendiar o prédio e depois atirou na própria cabeça, levando terror e desespero a pais, alunos e funcionários da pequena cidade de Kauhajoki.

O caso não é estranho aos finladeses: em novembro de 2007, Pekka-Eric Auvinen, de 18 anos, abriu fogo numa escola da região de Tuusula. Também não é novidade para os americanos, que sofreram com os tiroteios em Columbine, em 1999, e mais recentemente em 2007, quando um estudante sul-coreano matou 30 pessoas em uma escola técnica da Virgínia. Casos parecidos ocorreram na Alemanha e no Canadá. A maioria deles, nos últimos vinte anos e em cidades pequenas.

Armados, geralmente com problemas de socialização e de família, esses jovens planejam os ataques com atecedência e algumas vezes têm ajuda de colegas.

David J. Harding, professor da Universidade de Michigan, participou com outros pesquisadores de um projeto para mapear as possíveis causas e as características comuns desses ataques. O resultado foi o livro "Rampage: the social roots of school shootings", inédito em português, que classifica os casos como eventos relativamente recentes (desde a década de 1970) e ocorridos na maioria das vezes com jovens de cidades pequenas.

Segundo o estudo, os ataques em escolas têm características comuns: acontecem dentro do estabelecimento e de frente para os alunos, envolvem múltiplas vítimas atingidas de maneira aleatória, e são realizados por um ou mais estudantes ou por antigos estudantes do colégio.

Os cinco fatores

O estudo feito pelo professor Harding e outros quatro pesquisadores identificou a combinação de cinco fatores como fundamentais para a realização de um ataque. São eles: a percepção do atirador de que ele pertence à uma camada marginal da sociedade; a existência de problemas psicossociais que amplificam a percepção de marginalidade; um roteiro cultural que o faça acreditar que a matança solucionará suas angústias (um filme em que o herói é um atirador ou o conhecimento de outros casos parecidos); a falha no sistema de identificação de alunos com problemas; e a facilidade de se conseguir uma arma.

Segundo os autores do livro, a maior parte dos atiradores tinha poucos amigos e nenhum histórico de problemas com a lei. Alguns queriam mandar uma mensagem ao final da matança, como Luke Woodham, que, minutos após atirar numa multidão da escola de Pearl, no Mississippi, disse: "Eu não sou louco, estou bravo. [...] Eu sofri toda a minha vida. Ninguém realmente me amou de verdade."

Cidades pequenas

Em entrevista ao G1, por telefone, Harding explicou a influência da cidade pequena no comportamento dos atiradores: "Em municípios assim, não há muita atividade social. Os jovens se sentem mais isolados, e é mais improvável que consigam ajuda com alguém na escola. Eles têm que conviver com as mesmas pessoas a vida toda."

Ele conta que em muitos casos, as pessoas ao redor dos atiradores sabiam muito sobre o cotidiano deles, mas não conseguiam identificar o problema em seu comportamento.

Ataque de alunos armados em escolas é fenômeno recente de cidades pequenas
Especialistas analisam massacres em escolas cometidos por alunos.
Na terça-feira, jovem finlandês matou dez pessoas e depois morreu.

Fonte: Giovana Sanchez

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir