Categoria Economia  Noticia Atualizada em 29-09-2008

Câmara dos EUA rejeita pacote
Imagem divulgada pela Câmara dos EUA mostra placar de votação do plano bilionário de socorro às instituições financeiras no país
Câmara dos EUA rejeita pacote
Foto: AP

A Câmara dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira o pacote de socorro ao setor financeiro por 228 votos contra e 205 a favor (veja ao final deste texto os principais pontos da proposta).

Para aprovação, seriam necessários 218 parlamentares favoráveis. Entre os votos contrários ao plano de ajuda, 133 vieram do Partido Republicano (do presidente George W. Bush) e 95 do Democrata.

Parlamentares defensores das medidas disseram que vão se esforçar para que o pacote volte a ser considerado pelo Congresso o quanto antes, segundo o site do jornal "The New York Times".

Em conseqüência da rejeição à proposta, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu mais de 10% e teve suas operações interrompidas, voltando a funcionar depois de cerca de meia hora. O principal indicador de ações fechou em queda de 9,36%.

Segundo informações da Casa Branca, após o anúncio da rejeição, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que ficou "muito decepcionado" e confirmou que se reunirá ainda nesta segunda-feira com seus assessores para determinar os próximos passos a serem dados.

Congressistas dos Estados Unidos haviam anunciado no domingo (28) que chegaram a um acordo sobre como seria o socorro do governo ao setor financeiro, informação que agora se mostra incorreta.

Ainda que as discordâncias entre parlamentares fossem nítidas, a rejeição à proposta pega muitos investidores de surpresa, uma vez que há um consenso entre os legisladores americanos de que é necessária alguma medida significativa contra a crise.

Instituições financeiras dos Estados Unidos passam por seu pior momento desde a Grande Depressão, ocorrida no final da década de 1920 e nos anos de 30.

Por terem grande liberdade de atuação, bancos americanos investiram fortemente em papéis ligados a empréstimos hipotecários de alto risco. Os títulos foram sendo repassados de uma instituição a outra, aumentando o número de bancos expostos a esse risco.

O aumento da inadimplência nos empréstimos hipotecários provocou fortes perdas nas instituições expostas a esses títulos. Os papéis se tornaram ilíquidos, ou seja, há pouquíssimo interesse dos investidores em comprá-los devido à incerteza em torno do seu valor real.

O debate sobre o salvamento do setor financeiro gira em torno de o que fazer com esses títulos e como evitar que, futuramente, ocorra novamente esse problema.

Nas últimas semanas, o governo dos EUA teve que resgatar grandes instituições, como as duas maiores empresas americanas que operam títulos de créditos imobiliários (Fannie Mae e Freddie Mac).

Outros bancos em dificuldade acabaram sendo comprados por instituições privadas. O Merrill Lynch foi adquirido pelo Bank of America; o Washington Mutual, pelo JPMorgan Chase; o Wachovia pelo Citigroup.

O pacote de socorro serviria apenas para apagar o incêndio financeiro nos EUA. Para remover de uma vez os escombros e reerguer o mercado com segurança, analistas têm defendido novas regras de regulação do setor.

Câmara dos EUA rejeita pacote; Bovespa chega a interromper atividade.

Imagem divulgada pela Câmara dos EUA mostra placar de votação do plano bilionário de socorro às instituições financeiras no país. A Câmara rejeitou o pacote proposto pelo governo do presidente Bush.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir