Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-10-2008

Jornalista acusado de blasfêmia tem pena de morte comutada
Sayed Perwiz Kambajsh, estudante de jornalismo, dá depoimento em tribunal na cidade de Cabul, no Afeganistão
Jornalista acusado de blasfêmia tem pena de morte comutada
Foto: Rahamat Gul/AP

CABUL, 21 Out 2008 (AFP) - Um tribunal de Cabul comutou a pena de morte contra um jornalista afegão acusado de blasfêmia contra o islamismo por uma sentença a 20 anos de prisão.

Sayed Perwiz Kambajsh, 23 anos, havia sido condenado à pena capital por um tribunal da província de Balj (norte), em um julgamento no qual não contou com a assistência de um advogado nem com o tempo necessário para organizar sua defesa.

A sentença provocou reações de indignação em todo o mundo, em cartas enviadas ao presidente afegão Hamid Karzai para que impedisse a execução do jornalista.

Na audiência de apelação, em 18 de maio, Kambajsh se declarou inocente e proclamou sua fé muçulmana.

"Sou muçulmano e não permitirei que se insulte minha religião", afirmou.

"Me forçaram a assinar os documentos da acusação. Fui torturado, não tinha outra alternativa que aceitar as acusações", denunciou.

O jornalista, da comunidade xiita, trabalhava para uma publicação local, Jahan-e Naw (Novo Mundo), enquanto prosseguia com os estudos universitários.

Ele foi detido em 27 de outubro de 2007 por ter distribuído aos colegas de classe um panfleto "ofensivo para o islã e com interpretações erradas de versículos do Alcorão", segundo a acusação.

O jovem imprimiu artigos com intepretações do islã, relativos em particular à condição da mulher, divulgados em um blog.

A Constituição afegã aprovada depois da queda do regime talibã defende a liberdade de expressão, mas está baseada na lei islâmica (sharia). Sua interpretação radical exige a pena de morte por atos considerados contrários ao islã.

Jornalista acusado de blasfêmia tem pena de morte comutada no Afeganistão.

Sayed Perwiz Kambajsh, estudante de jornalismo, dá depoimento em tribunal na cidade de Cabul, no Afeganistão. Condenado à pena de morte por blasfêmia, o rapaz teve a sentença comutada para 20 anos de prisão.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir