Categoria Economia  Noticia Atualizada em 21-10-2008

Atuação do BC para combater alta do dólar já somou US$ 22,9 bilhões
Informação foi divulgada nesta terça pelo presidente do BC. Atuação inclui vendas diretas, empréstimos e operações de "swap".
Atuação do BC para combater alta do dólar já somou US$ 22,9 bilhões
Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara

Alexandro Martello

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, revelou nesta terça-feira (21), que a atuação da autoridade monetária para tentar irrigar o mercado de câmbio e, com isso, impedir a escalada do dólar, já somou US$ 22,9 bilhões desde o agravamento da crise externa - com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers em meados de setembro.

(Uma versão anterior desta matéria indicava que o valor das atuações do BC era de US$ 22,8 bilhões. A informação correta é de que o montante utilizado até agora foi de US$ 22,9 bilhões.)

Segundo Meirelles, o BC tem atuado com quatro instrumentos para tentar conter a alta do dólar -que pode impulsionar a inflação no país e prejudicar empresas brasileiras com dívidas em moeda estrangeira. São eles: vendas diretas das reservas no mercado à vista; leilões de linha (empréstimos com compromisso de recompra, sem destinação específica); vendas de contratos de "swap cambial", ou não rolagem de "swaps reversos"; além dos empréstimos para o financiamento às exportações.

De acordo com o presidente do BC, a autoridade monetária vendeu, por meio das vendas diretas ao mercado, US$ 3,2 bilhões das reservas internacionais. Além disso, ofertou US$ 3,7 bilhões em empréstimos ao mercado (sem destinação específica); além do empréstimo de outros US$ 1,62 bilhão para o comércio exterior e da emissão de US$ 12,9 bilhões em contratos de "swap cambial". Meirelles também citou a não rolagem de US$ 1,5 bilhão em contratos de "swap reverso". A soma total dos instrumentos soma US$ 22,9 bilhões.

"São valores ainda inferiores ao que está sendo feito pelos países diretamente afetados pela crise. Mesmo países como o México já tiveram valores um pouco superiores a isso. Os bancos europeus [colocaram] de US$ 150 a 160 bilhões de dólares", disse Meirelles aos parlamentares.

Crise severa


Na avaliação do presidente do Banco Central, a atual crise financeira é "severa e séria". Ele lembrou que a origem da crise reside no mercado imobiliário norte-americano, com regras que permitiram um alto nível de endividamento pelos cidadãos daquele país.

"Isso gerou consequências para a atividade econômica como um todo. Afeta o emprego e todos os fornecedores. Em consequência, os bancos passam a perder capital. Perdem, de um lado, capacidade de expansão e, outro lado, de tomar medidas prudentes a medida em que começam a prever problemas de liquidez futuros", disse ele a deputados.

Meirelles notou que a crise vai gerar um crescimento menor da economia mundial em 2009. Nos Estados Unidos, informou ele, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou a perspectiva de crescimento para 0,1%. Na Europa, para 0,2% e, no Japão, para 0,5%. No mundo como um todo, a projeção recuou para 1,3%.

Também na Câmara, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que "ninguém escapa dessa crise" e comparou a situação com a "crash" da Bolsa dos EUA de 1929, "do ponto de vista de sua intensidade". Segundo o ministro, porém, a crise atinge mais os países considerados avançados, os Estados Unidos, a Europa e o Japão.

Bancos brasileiros


O presidente do Banco Central avaliou, também, que os bancos brasileiros tem uma situação melhor do que no restante do mundo. "Os bancos brasileiros têm um índice de capitalização superior ao mínimo regulatório fixado pela basiléia de 11%. Em junho de 2008, estavam em 15,8%. No caso dos atrasos de pagamentos, até junho de 2008 estavam em comportamento estável", afirmou.

Em contrapartida, Meirelles notou que as perdas declaradas pelos bancos ao redor do mundo, e a necessidade de capitalização já declarada, somam cerca de US$ 600 bilhões. Nos Estados Unidos, disse ele, são US$ 250 bilhões disponbilizados para os bancos. Na Alemanha, outros 100 bilhões de euros. "O processo já se disseminou de forma importante", avaliou.


Redução de gastos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça que, caso a crise que abala os mercados pelo mundo afete o Brasil, o orçamento dos ministérios pode ser reduzido.

Pela manhã, o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, admitiu que a arrecadação de impostos e contribuições federais e receitas previdenciárias pode subir menos por conta da crise internacional.

Atuação do BC para combater alta do dólar já somou US$ 22,9 bilhões
Informação foi divulgada nesta terça pelo presidente do BC.
Atuação inclui vendas diretas, empréstimos e operações de "swap".

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir