Categoria Politica  Noticia Atualizada em 05-11-2008

20 Anos da Prumulgação da Constituição
Lula faz mea-culpa por ter sido contra texto final da Constituição
20 Anos da Prumulgação da Constituição
Foto: Lula Marques / Folha Imagem

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Em discurso no Congresso durante as comemorações pelos 20 anos da Constituição Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quarta-feira um mea-culpa ao reconhecer os benefícios da Carta Magna ao país. Lula lembrou que, apesar do PT ter votado contra o texto final da Constituição, hoje tem condições de compreender "muito melhor do que antes" que a Carta garantiu a implementação da democracia no país.

"Nós do PT, naquela época, votamos contra o texto. Depois houve discussão se iríamos assinar [o texto] ou não. Eu disse que não tinha sentido, a gente participou dois anos da constituinte, ganhamos salários, como pode o filho nascer e a gente não registrar? Hoje sou um homem que compreendeu melhor do que antes que todos os defeitos que essa Constituição possa ter para todos que estão governando, ela é um garante da democracia do nosso país", disse.

Lula afirmou que, embora alguns críticos tenham considerado a Constituição de 88 como uma vitória de "setores organizados da sociedade", isso não reduz o prestígio do texto. O presidente disse que o seu empenho como constituinte foi tão grande que, depois de aprovada a Carta Magna, desistiu de permanecer no Congresso.

"Nada aconteceu no Brasil como a importância da nossa Assembléia Nacional Constituinte. Ela foi tão importante para mim, que nunca quis ser deputado, só constituinte, que terminou a Constituinte eu peguei a minha mala e voltei para São Bernardo."

Segundo Lula, a Constituição de 88 permitiu ao país afastar um presidente da República [Fernando Collor de Mello] sem impactos no sistema democrático nacional.

"Imagine se há 20 anos era previsível um metalúrgico chegar à presidência da República desse país? E o contra-argumento era que não deixaria tomar posse. Eu ganhei, tomei posse, fui reeleito, tomei posse. E se Deus quiser, muitos outros ganharão e tomarão posse e esse país nunca mais viverá a experiência de golpes ou de alguém que não seja o próprio Congresso respeitando a Constituição e a sociedade a tirar o mandatário eleito", afirmou.

Bem-humorado entre os parlamentares, Lula lembrou episódio no qual o ex-deputado Alceni Guerra o convenceu a votar favoravelmente à concessão da licença paternidade --prevista no texto constitucional. "Eu achava um absurdo e jamais imaginei votar nisso. E o Alceni fez um dos discursos mais extraordinários e por conta disso me convenceu, e eu votei na licença paternidade. Ainda ontem eu vi que tem associação no Brasil reivindicando um aumento para 15 dias, e isso começou lá em Pernambuco."

Lula faz mea-culpa por ter sido contra texto final da Constituição.

Da esquerda para a direita: Nelson Jobim, ministro da Defesa, Gilmar Mendes, presidente do STF, Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, Luiz Inacio Lula da Silva, presidente da República, Garibaldi Alves, presidente do Senado, e o senador José Sarney, antes da sessão solene em comemoração aos 20 anos da promulgação da Constituição, no Congresso Nacional, em Brasília.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir