Categoria Religi�o  Noticia Atualizada em 11-11-2008

Padre casado diz que mulher deixa o homem muito mais santo
Tribunal Eclesi�tico da Igreja determinou a ilegalidade de suas prega��es por causa do celibato, obrigat�rio no catolicismo.
Padre casado diz que mulher deixa o homem muito mais santo
Foto: F�bio Lima/Jornal Hoje

Sebasti�o Montalv�o
Especial para o UOL Not�cias
Em Goi�nia (GO)

O celibato, obrigat�rio na Igreja Cat�lica, ganhou ares de pol�mica em Goi�nia. De um lado o padre Osiel Luiz dos Santos, que mant�m uma rotina de celebra��o mesmo sendo casado h� 20 anos. Do outro lado, o Tribunal Eclesi�tico da Igreja, que determinou a ilegalidade das prega��es. A arquidiocese tamb�m divulgou uma nota para todas as igrejas determinando a obrigatoriedade de o comunicado ser afixado no painel de cada par�quia por tr�s meses e lido em todas as missas durante tr�s domingos consecutivos.

"Eu entendo que celibato � uma exig�ncia muito mais econ�mica do que religiosa. A mulher n�o contamina o homem. Muito pelo contr�rio. Ela deixa o homem muito mais santo, muito mais forte", avalia o padre na sala simples de uma casa localizada no Parque Amaz�nia, um bairro de classe m�dia baixa de Goi�nia.

Em 20 anos, ele acredita que tenha realizado cerca de 400 casamentos e outras centenas de batizados. As cerim�nias s�o realizadas em ch�caras, s�tios e resid�ncias. Para a Igreja, todas as cerim�nias realizadas nesse per�odo n�o t�m validade. Para o padre, t�m sim. "O sacramento n�o � da Igreja. � de Nosso Senhor Jesus Cristo. E quem me procura, n�o busca um papel. Busca uma b�n��o".

A not�cia de exposi��o de sua condi��o perante a Igreja n�o assusta o padre, que al�m de ministrar casamentos e batizados, mant�m algumas tradi��es t�picas entre os l�deres cat�licos. Ao receber a reportagem do UOL, ele estava com uma camisa de mangas longas simples, mas com o cl�gico (aquele tipo de gola especial dos padres). "N�o temo. Por que n�o creio que esteja fazendo nada de errado. O que fa�o � honesto. N�o engano ningu�m", ressalta o padre, de 62 anos.

At� o fim da d�cada de 80, ele tinha o comando de uma par�quia na capital. Mas acabou se apaixonando por Cledma Maria de Castro, na �poca com 19 anos. "N�o menti, n�o enganei. Fui ao arcebispo, contei a situa��o, entreguei a igreja. Ele me disse que me daria for�a e pediu que eu enviasse uma carta ao papa renunciando. Me recusei a fazer isso por acreditar que o casamento n�o inviabiliza o sacerd�cio", ressalta. Do casamento surgiram cinco filhas.

Apesar da situa��o em comum, ele defende o celibato, mas de uma maneira mais democr�tica. "Luto h� mais de 20 anos pelo celibato opcional. Seria a solu��o para muitos dos esc�ndalos que existem hoje na igreja. Por conta dessa imposi��o, muitos padres mant�m relacionamento �s escondidas, �s vezes com filhos. Quando a Igreja sabe, faz � piorar as coisas. O transfere de cidade, o isola em outro local", avalia.

Apesar das id�ias renovadoras com rela��o ao celibato, Osiel mant�m tradi��es conservadoras quando o assunto � homossexualismo. "N�o me sinto preparado, hoje, para celebrar uma uni�o homossexual, por exemplo. Talvez um dia amadure�a a esse ponto, mas na minha concep��o ainda � de que essa pr�tica vai contra a lei natural de Deus".

Sobre a exist�ncia de padres homossexuais, ele at� admite que seja proporcionada a ordena��o, mas ressalta que, nesses casos, o celibato seria uma alternativa. "Sou contra a rela��o de homem com homem ou de mulher com mulher. Acho que pode ter padre gay, mas nesse caso precisa ser celibat�rio", diz, e volta a criticar padres que usam a for�a e poder da igreja em casos extremos, como pedofilia. "Para mim, isso � uma doen�a. Precisa � de tratamento".

Calmo e medindo cada palavra ele confessa ter sofrido muito ao longo das �ltimas d�cadas, mas garante que o que ele considera como press�o da igreja n�o mudar� sua forma de trabalho. Inclusive, tem casamentos marcados para esse m�s.

"N�o fico surpreso. N�o pude celebrar a minha �ltima missa, porque queriam apedrejar a minha mulher. Mas o que alguns n�o entendem � que o sacramento n�o � da igreja, � de Jesus Cristo". Ele fez quest�o de afirmar que n�o foi a igreja que o demitiu. "� vergonhoso o que est�o dizendo. Eu me demiti da igreja. Mas me desliguei da igreja, n�o de Nosso Senhor".

A reportagem do UOL entrou em contato com a Arquidiocese de Goi�nia, mas a assessoria de imprensa informou que o pronunciamento seria feito apenas atrav�s de notas. Tanto para a imprensa como para a comunidade em geral. A seguir, a �ntegra da nota.

Aos P�rocos, Administradores paroquiais, Vig�rios paroquiais e Fi�is todos da Arquidiocese de Goi�nia

Queridos irm�os, em 6 de maio de 2008, Osiel Luiz dos Santos, padre suspenso do minist�rio sacerdotal que continua a exercitar, foi demitido das Ordens. Ele � absolutamente impedido de celebrar a Missa e administrar qualquer sacramento.

A justi�a da Igreja, diante do arbitr�rio, ileg�timo e il�cito comportamento de Osiel Luiz dos Santos de persistente esc�ndalo e de grav�ssima ofensa a Deus, quer exercer responsavelmente sua fun��o pastoral: forma��o das consci�ncias, a��o paciente e firme em tutela da santidade dos sacramentos, em defesa da moralidade crist� e pela reta forma��o dos fi�is.

Portanto, confirmando que � gravemente ileg�timo e injusto que Osiel Luiz dos Santos engane tanto quem recebe o sacramento como a comunidade a respeito do mesmo sacramento,

Publicamos em todas as Par�quias da Arquidiocese de Goi�nia esta carta, que torna not�rio e conhecido quanto foi disposto com a senten�a.

Seja afixada no painel dos avisos de toda Par�quia, Comunidade ou Capela da Arquidiocese de Goi�nia por tr�s meses e lida em cada missa por tr�s domingos consecutivos.

Dada em Goi�nia, na sede da C�ria Metropolitana, em 30 de outubro de 2008.

Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goi�nia

O padre Osiel Luiz dos Santos, que mant�m uma rotina de celebra��o mesmo sendo casado h� 20 anos, afirma que a mulher "deixa o homem muito mais santo, muito mais forte; Tribunal Eclesi�tico da Igreja determinou a ilegalidade de suas prega��es por causa do celibato, obrigat�rio no catolicismo.

Padre casado diz que mulher "deixa o homem muito mais santo".

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir