Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 19-11-2008

Cientistas acham monumento para alma do século 8º a.C.
Arqueólogos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, anunciaram ontem ter encontrado um monumento para alma do século 8º a.C.
Cientistas acham monumento para alma do século 8º a.C.
Foto: Universidade de Chicago/Divulgação

Há 2.800 anos, um funcionário da corte real da antiga cidade de Sam"Al - no que hoje é o sudeste da Turquia - inspecionava a confecção de uma estela, a placa de pedra que adornaria seu próprio túmulo. O artista cinzelava o basalto e, aos poucos, emergia o perfil de um homem barbado, vestido com manto de franjas e um curioso chapéu enfeitado. Arqueólogos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, anunciaram ontem ter encontrado a pedra esculpida, monumento que pode conter os primeiros relatos de crença no espírito.

Com quase 1 metro de altura e 60 centímetros de largura, a estela de 363 quilos foi desenterrada da casa onde o funcionário viveu. Para David Schloen, responsável pela expedição arqueológica, o achado demonstra, de maneira muito viva, que a cidade antiga de Sam"Al já integrava, no século 8º a.C., elementos das culturas semítica e indo-européia - por coincidência, o mesmo substrato sobre o qual surgiu, séculos depois, o Ocidente.

A língua é semítica, mas os nomes do funcionário e do rei são indo-europeus, bem como a crença de que a alma sairia do corpo e habitaria a pedra. Já os povos semitas acreditavam que a alma permanecia ligada aos ossos, o que tornava abominável a cremação dos mortos. Segundo os pesquisadores, a inexistência de ossadas na câmara e a presença de urnas para cinzas nos sítios arqueológicos vizinhos reforçam a tese de que o funcionário foi cremado.


O professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Pedro Lima Vasconcellos, recorda que diferentes concepções sobre a vida no além-túmulo têm reflexos concretos sobre o momento presente. "O dualismo que vê o corpo como realidade separada da alma, e até como prisão para ela, costuma encarar a morte como libertação", explica Vasconcellos. "O sentido da vida passa a ser a morte." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cientistas acham monumento para alma do século 8º a.C.

Arqueólogos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, anunciaram ontem ter encontrado um monumento para alma do século 8º a.C. A inscrição, encontrada na Turquia, é dos relatos mais antigos sobre o pós-morte.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir