Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 29-11-2008

PEDOFILIA E SUA VISIBILIDADE
Outro dia, o senador Magno Malta falou sobre isso numa entrevista a um pastor evang�lico na TV
PEDOFILIA E SUA VISIBILIDADE

Juliano Ribeiro Almeida

Eles est�o por toda parte. S�o pais, padrastos, av�s, tios, professores, militares de todas as patentes e religiosos de todos os credos, marginalizados e da alta sociedade, com dist�rbios psicol�gicos ou simplesmente falta de car�ter. Fracassou a tentativa (ou a tenta��o) de se criarem caricaturas do ped�filo. N�o d� para definir quais as categorias sociais mais suspeitas. N�o h�, por assim dizer, "grupos de risco". A pedofilia � um problema que o Brasil est� tirando de tr�s das cortinas obscuras das rela��es familiares, onde o Estado n�o entrava porque n�o se achava no direito. Agora, h� at� CPI e campanha nacional com o objetivo de desmascarar a pedofilia, a das redes virtuais de pornografia infantil e a do dia-a-dia, aquela que at� ent�o era engolida amargamente, com vergonha e medo, por tantas v�timas e respons�veis que n�o sabiam a quem apelar.

Outro dia, o senador Magno Malta falou sobre isso numa entrevista a um pastor evang�lico na TV. O pastor parecia n�o estar entendendo o foco do problema, pois insistia na antiga tend�ncia de se apontar muito facilmente um culpado que pudesse ser identificado e recha�ado. Ele ironizou: "A pedofilia hoje celebra missa, n�o �, senador?". O tamb�m evang�lico senador da Rep�blica, exercendo coerentemente seu papel de zelar pela imparcialidade, confirmou a refer�ncia aos padres ped�filos, mas n�o deixou de lembrar que a pedofilia tamb�m prega em cultos evang�licos. O pastor se calou, vencido por sua ignor�ncia objetiva e seu fanatismo pr�-cient�fico.

H� que se tomar a pedofilia como um sintoma de uma cultura sexual desumana e n�o como uma causa de pervers�es individuais. Claro, sempre houve ped�filos e nem sempre isso foi considerado crime. Mas o crescimento do n�mero de casos em rela��o ao populacional tem sido geom�trico. Logo, n�o adianta banir os estrondos na ponta da linha se n�o forem trabalhados os fatores que os produzem. Est�o em jogo muito mais do que um correto desenvolvimento afetivo-sexual e uma conduta moral sadia.

Estamos erotizando nossas crian�as com o pretexto de que a melhor educa��o sexual � a liberdade para experi�ncias no mundo. Com um arsenal de sensualismo midi�tico e uma produ��o em s�rie de terapeutas para todas as esquinas, estamos liberando os sujeitos de suas repress�es � o que � bastante necess�rio e proveitoso � mas n�o estamos colocando nada de s�o no vazio que elas deixam. � a velha fal�cia: vamos quebrar os tabus, pois eles nos aprisionam; vamos trocar essa ultrapassada pris�o pelas modernas masmorras das nossas neuroses e bizarrices.

Sobre isso, uma can��o de Gilberto Gil e Jorge Mautner observa: "Os pais/ est�o preocupados demais/ com medo que seus filhos caiam nas m�os dos narco-marginais/ ou ent�o na m�o dos molestadores sexuais./ E no entanto ao mesmo tempo s�o a favor das liberdades atuais./ Por isso n�o podem fugir do problema:/ maior liberdade ou maior repress�o,/ dilema central dessa tal de civiliza��o".


Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir