Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-12-2008

Greenpeace entrega água radioativa para ministros em Brasília
Água entregue foi coletada em Caetité, na Bahia, onde a INB opera uma mina de urânio.
Greenpeace entrega água radioativa para ministros em Brasília
Foto: http://www.greenpeace.org

Brasília (DF) - Brasil — Material foi coletado em poços com altos índices de urânio no entorno de área de mineração na Bahia

Os ministros Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Carlos Minc (Meio Ambiente) receberam hoje garrafas contendo ‘água radioativa’ que era consumida por parte da população de Caetité, no sudoeste da Bahia. A água, coletada em poços que apresentaram altos índices de urânio, foi entregue por um ativista vestido de "garçom-caveira" para cobrar medidas do governo federal em relação à denúncia feita pelo Greenpeace em outubro.

A investigação da organização ambientalista mostrou que a água consumida por famílias que vivem na área de influência direta da mina de urânio operada pela estatal Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) apresentava concentrações do mineral radioativo até sete vezes acima dos limites da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na ocasião, foi divulgado o relatório "Ciclo do Perigo: Impactos da produção de combustível nuclear no Brasil", que detalhou as análises da qualidade da água bem como os acidentes, infrações e problemas de licenciamento que marcam a operação da INB em Caetité.

Após a denúncia, o Instituto de Gestão das Águas (Inga) da Bahia fez novas coletas de água e confirmou a contaminação ambiental por urânio em um poço na mesma região das análises do Greenpeace, localizado dentro do raio de 20 quilômetros no entorno da mina, definido pela licença ambiental do Ibama como área de influência direta do empreendimento da INB. Em novembro, após audiência pública para tratar do caso, o Ministério Público Federal determinou que uma auditoria independente fosse realizada para esclarecer a origem e a extensão da contaminação e os outros problemas relacionados à INB.

"Viemos cobrar medidas do governo federal, que ainda não se pronunciou a respeito da contaminação da água por urânio em Caetité", afirmou Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia nuclear do Greenpeace. "Até agora, a INB, que é uma empresa estatal controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear e vinculada ao MCT, limitou-se a negar qualquer responsabilidade sobre o caso e não está colaborando com a investigação independente decidida pelos procuradores federais".

Um estudo preliminar do MPF, porém, está em curso graças a convênio com o Inga. O órgão estadual está custeando o trabalho de uma equipe de especialistas independentes que está analisando os problemas da mineração de urânio na Bahia. Segundo o MPF, serão adotadas medidas judiciais para garantir a realização de uma ampla auditoria ao longo de 2009 sobre a atuação da INB. Após mais de 40 dias de problemas no abastecimento da água, as comunidades de Caetité se mobilizaram e já contrataram um escritório de advocacia de Salvador para defender seus direitos à informação e à água de qualidade.

"Antes de investir bilhões de reais de recursos públicos na retomada de um perigoso Programa Nuclear Brasileiro, o governo federal tem que considerar a saúde e o direito à informação das pessoas que vivem à sombra das operações da INB e que já sofrem na pele as conseqüências do uso da energia nuclear. É obrigação moral do governo tomar todas as providências para que a situação seja esclarecida de vez e o mais rápido possível", conclui Rebeca.

Greenpeace entrega água radioativa para ministros em Brasília.

Água entregue foi coletada em Caetité, na Bahia, onde a INB opera uma mina de urânio.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir