Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-01-2009

Demos um "olé" no governo inglês
O comediante inglês Alistair McGowan é agora um dos proprietários do terreno no meio da futura terceira pista do aeroporto de Heathrow.
Demos um
Foto: greenpeace

LONDRES, INGLATERRA — Celebridades e ambientalistas compram terreno no meio da futura terceira pista de aeroporto de Heathrow. Quer um pedaço?

Uma coalização de ambientalistas (entre eles o Greenpeace), celebridades, cientistas e políticos deu um "olé" no governo inglês e comprou um pedaço de terra bem no meio de onde seria construída a futura terceira pista do aeroporto de Heathrow, próximo a Londres. A expansão do aeroporto é um tiro no pé do governo inglês em relação às suas metas de emissão de gases do efeito estufa.

Aeroportos maiores não combinam com os esforços que são necessários fazer para se enfrentar as mudanças climáticas. E você pode nos ajudar nessa história toda.

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A atriz Emma Thompson e o comediante Alistair McGowan estão entre os que agora são proprietários do terreno. Os contratos foram assinados na semana passada e todos os envolvidos afirmam que não venderão suas partes para o governo.

"O movimento contra a terceira pista de Heathrow é imenso e está crescendo. Temos o apoio de representantes de todos os principais partidos políticos do país, de organizações que representam milhões de pessoas, o país não quer essa ampliação e temos a ciência do nosso lado. E claro, agora somos proprietários do terreno, e não pretendemos devolvê-lo tão cedo", afirma John Sauven, diretor executivo do Greenpeace UK.

Para a atriz Emma Thompson, a decisão do governo inglês é "risivelmente hipócrita".

"Vamos impedir que a ampliação do aeroporto aconteça mesmo que tenhamos que nos mudar para lá e iniciar uma plantação", garante.

Se for ampliado, conforme planeja o governo inglês, Heathrow poderá se tornar a maior fonte de emissão de CO2 da Inglaterra, com mais de 27 milhões de toneladas de CO2 por ano - o equivalente às emissões combinadas de 57 países do mundo.

ATUALIZAÇíO:O governo inglês deu nesta quinta-feira (15/1) o sinal verde para as obras de ampliação do aeroporto de Heathrow, afirmando que o projeto será monitorado pelo Comitê de Mudanças Climáticas do país, que é apenas um organismo consultivo, sem poderes para punir o governo ou a empresa responsável pelo aeroporto por metas não cumpridas.

O governo estabeleceu três condições para autorizar a ampliação do aeroporto:

* A terceira pista vai operar com metade de sua capacidade quando abrir em 2020, aumentando depois o número total de vôos de 480 mil para 600 mil, em vez dos 702 mil inicialmente planejados;

*Os aviões que usarem a nova pista terão que seguir padrões rígidos de emissão de gases do efeito estufa;

*As emissões totais de carbono da aviação britânica têm que cair, em 2050, abaixo dos níveis de 2005.

No entanto, a indústria de aviação e o governo inglês têm uma longa história de promessas ambientais quebradas em relação ao aeroporto de Heathrow - e não há indicação alguma de que isso mudará agora. Em 1960, havia a promessa de que não haveria expansão alguma. Mas aconteceu. Quando o terminal 4 foi aberto em 1978, houve mais uma promessa de não haver ampliação, mantendo a capacidade do aeroporto em 275 mil vôos. A promessa foi quebrada em um ano. Quando veio o terminal 5, a capacidade do aeroporto foi aumentada para 480 mil, e o governo à época disse que uma terceira pista no local era "totalmente inaceitável".

Para amenizar os estragos ambientais da nova pista de Heathrow foi anunciada a construção de uma linha de trem de alta velocidade de acesso ao aeroporto. Caso se confirme, essa nova linha férrea será um perfeito caso de "lavagem verde", porque só reduziria emissões de CO2 se substituísse a capacidade extra do aeroporto. No caso, a nova linha de trem vai apenas "justificar" a expansão do aeroporto.

O comediante inglês Alistair McGowan é agora um dos proprietários do terreno no meio da futura terceira pista do aeroporto de Heathrow. Se for ampliado, o aeroporto aumentará muito as emissões inglesas de CO2, frustrando as metas assumidas pelo governo.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir