Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 27-01-2009

LUA, LUA, LUA...
Lua, lua, lua... Cantava Caetano Veloso. A m�sica est� na minha cabe�a, mas a letra, j� n�o me recordo tanto
LUA, LUA, LUA...
Fotomontagem: Paulo Araujo

Lua, lua, lua... Cantava Caetano Veloso. A m�sica est� na minha cabe�a, mas a letra, j� n�o me recordo tanto, s� pequenos fragmentos que n�o fazem sentido. Gosto dessa m�sica porque a Lua sempre me fascinou. Desde menino, nas minhas brincadeiras solit�rias havia espa�o para ela. Minha casa tinha um quintal bem grande cheio de planta��es, tinha uma bananeira enorme que servia para tudo quanto � fantasia de crian�a. Seu tronco grosso era �timo para atirar facas e flechas feitas de madeira com pregos nas pontas. Havia tamb�m uma grande planta��o de favas, feij�o dos nordestinos, que formava �s vezes uma cabana e em outras uma cabine de avi�o. Era justamente quando estava "pilotando" que eu mais admirava a Lua. Imaginava-me em um c�u calmo, l�mpido e cheio de estrelas onde ela reinava absoluta, parecendo uma bola novinha. Gostava mesmo � de noite de lua cheia! Era maravilhoso ficar sentado no ch�o olhando pra ela, sem interfer�ncia nenhuma de polui��o. Morava em S�o Bernardo do Campo, ao lado da capital de S�o Paulo, mas naquele tempo as ind�strias ainda n�o bombardeavam o c�u com tanta fuma�a.

Logo depois comecei a ver a Lua de outras formas. Nos livros, com muita imagina��o, ela aparecia sempre dourada ou prateada, sublime ou angustiada, de acordo com a hist�ria que lia. Na televis�o, toda preto e branco, mas nem assim menos luminosa. Lembro do livro "Viagem � Lua", de Julio Verne, de como me emocionava ao imaginar a viagem daqueles tr�s homens dentro de uma nave disparada por um canh�o gigante. Dei muitas gargalhadas ao ver num filme mudo a lua cheia, com olhos, nariz e boca sendo atingida por essa nave que se encravava num dos olhos do furioso sat�lite. Tempos depois aconteceu a mais fant�stica de todas as imagens. Neil Armstrong pisando no solo lunar, na madrugada do dia 21 de julho de 1969. Extasiado eu via as cenas enquanto meu pai, incr�dulo, dizia que aquilo tudo era um truque de televis�o. Nunca duvidei e, a partir daquele dia, minhas brincadeiras mudaram um pouco e eu passei a ser astronauta. Quem me visse andando em c�mera lenta, com o corpo pesado, s� podia achar que eu estava ficando biruta.

A lua dos namorados tamb�m deixou boas lembran�as; mas essas, est�o bem aguardadas no meu cora��o. Sabia que um dia ainda escreveria alguma viagem � Lua, talvez mais de uma, n�o como mera fic��o cient�fica e sim com o prazer de falar sobre algo que admiro ao longe, muito longe. Escrevi e estou desenhando uma hist�ria infantil ainda n�o publicada: "Leonel n�o viu a Copa". O menino Leonel aproveita para viajar � Lua enquanto todo mundo est� paralisado assistindo a Copa do Mundo. L� ele v� que nosso sat�lite n�o passa de um deserto sem gra�a, sem vida, sem sons. Isso refor�a cada vez mais a ideia de que a Lua foi feita para ser admirada bem de longe.

Agora vem a NASA com o projeto de atacar a Lua para descobrir se l� existe �gua. Aqui j� n�o se trata de devaneio, � realidade. Grava a�: no dia 24 de abril, o foguete Atlas vai decolar da Fl�rida levando a nave LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite) e um m�dulo chamado Centauro. Duas horas depois o foguete vai se separar e cair no mar. A nave LCROOS permanecer� conectada ao Centauro e seguir� sua longa viagem � Lua. Oitenta e seis dias depois, exatamente no dia 19 de julho, a cerca de 47 mil km da Lua, a LCROOS ajustar� sua posi��o para mirar exatamente o ponto do impacto. Ela soltar� o Centauro e dar� uma leve desacelerada usando seu sistema de retropropuls�o. Sete horas depois, o Centauro atingir� a Lua e provocar� uma explos�o fort�ssima, que abrir� um buraco de 20 m de largura e levantar� uma nuvem de poeira com 250 t de crosta lunar. A explos�o ser� fotografada pela nave, 1,3 segundos depois, que enviar� os dados para an�lise na Terra. Se o clar�o tiver um contorno branco, � porque existe �gua na Lua. Logo depois a pr�pria LCROSS bater� na Lua e provocar� um segundo impacto que poder� ser visto da Terra com telesc�pios amadores. Grava a�: 19 de julho ser� a data do acontecimento hist�rico. Isso, se n�o acontecer o mesmo fiasco do acelerador de part�culas, o LHC, que funcionou s� dez dias e quebrou.

Sem d�vida, deve ser algo de inestim�vel valor para a Ci�ncia, mas eu ainda prefiro a "minha" Lua, com �gua ou sem �gua.

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Fonte: O Autor
 
Por:  Paulo Araujo    |      Imprimir