Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-01-2009

Emergências voltam a registrar falta de médicos nesta madruga
No Salgado Filho, mãe esperou médico por 5 horas para atender filho. Rocha Maia teve filas durante boa parte da tarde e da noite de terça.
Emergências voltam a registrar falta de médicos nesta madruga
Foto: G1

Na madrugada desta quarta-feira (28), vários cariocas tiveram dificuldades para conseguir um atendimento nas unidades de saúde do Rio.

No fim da noite de segunda (26), a falta de médicos no Hospital Lourenço Jorge, na Zona Oeste, interrompeu a realização de consultas e exames no local.

No Hospital Salgado Filho, no Méier, as reclamações de demora se repetiam. O sofrimento do filho aumentava a ansiedade da dona de casa Josi de Souza. Ela esperou cinco horas por um ortopedista. "A mesma coisa que eles falam: o ortopedista está na cirurgia. Aí tem que ficar aguardando. Nem ficha foi feito. É isso que revolta", disse.

Na terça (27), uma fila se formou durante boa parte da tarde e da noite no Hospital Rocha Maia, em Botafogo, na Zona Sul da cidade. "Desmaiei por causa da dor, que era muito forte lá na saída. Já tava indo embora procurar outro hospital porque não tinha ninguém. Aí o moço viu e trouxe uma ‘máquina’ e me levou lá pra dentro. Daí que eu fui atendido", disse o balconista Erinaldo Sampaio.

De acordo com os pacientes do Rocha Maia, a fila só não ficou maior porque muitos doentes não quiseram aguardar. "Chegamos às 15h aqui. Entraram só três pessoas da hora que eu tô aqui e um médico só", disse a dona de casa Luciane Siqueira no início da noite de terça.

No Hospital Lourenço Jorge, na Zona Oeste, que registrou o problema na última segunda, o atendimento na emergência estava normal na madrugada desta quarta. Não havia nem filas de espera. E segundo os funcionários, todos os profissionais escalados compareceram.

A produção do Bom Dia Rio não conseguiu entrar em contato com a prefeitura do Rio na manhã desta quarta.
Contratação de médicos

Depois de uma visita na manhã de terça ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, o prefeito Eduardo Paes afirmou que pretende mudar o sistema de contratação dos médicos.

"Não acho cooperativa, pelo que eu tenho visto de experiência, o melhor modelo. Pretendemos trabalhar com outros modelos", argumentou o prefeito.

O secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, informou que a emergência do Lourenço Jorge ficou comprometida por causa da falta de dois médicos. A suspeita é que os profissionais tenham abandonado o emprego por falta de pagamento. Eles são contratados por cooperativas, empresas que, há mais de dez anos, têm convênio com a prefeitura para fornecer mão de obra e pagar os salários.
Metade dos profissionais

De acordo com o Sindicato dos Médicos do Rio, quase a metade dos profissionais de saúde do município é cooperativada. No Lourenço Jorge, são cerca de 70 médicos de cooperativas, segundo o vereador Paulo Pinheiro (PPS).

"O Lourenço Jorge mostra claramente a falência desse projeto de cooperativa na rede municipal e na rede estadual de saúde."
Levantamento

A Secretaria municipal de Saúde está fazendo um levantamento de quantos médicos são cooperativados e quantos deixaram seus postos em toda a rede municipal.

"Essa gente tem que ter vergonha na cara. Tem que saber que estão escalados, tem que vir e que não podem abandonar o trabalho, se encontraram um trabalho melhor deem tempo pra que possam ser substituídos."

O prefeito disse ainda que vai se reunir com representantes da Secretaria municipal de Saúde para acertar a contratação de médicos em caráter emergencial para os quatro principais hospitais da cidade: Lourenço Jorge, Salgado Filho, Miguel Couto e Souza Aguiar.
Processo

O sindicato dos médicos informou que vai processar o prefeito Eduardo Paes por ele ter dito que "falta vergonha na cara de quem falta ao plantão". O presidente do sindicato, Jorge Darze considerou a declaração desrespeitosa. Jorge Darze disse que o fim das cooperativas não vai resolver o problema da evasão de médicos da rede pública de saúde.

A produção do RJTV tentou falar com a cooperativa responsável pelos médicos que faltaram, mas eles não retornaram. O Cremerj disse que não vai punir os médicos que faltaram ao plantão.

O secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, disse que se sobrarem médicos classificados no último concurso do estado, poderá ceder os profissionais para os hospitais do município.

Emergências voltam a registrar falta de médicos nesta madrugada
No Salgado Filho, mãe esperou médico por 5 horas para atender filho.
Rocha Maia teve filas durante boa parte da tarde e da noite de terça.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir