Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 11-02-2009

O PEQUENO PENTELHO
Ol� amigos internautas, aqui � o famoso cr�tico liter�rio Caio A. Narfa
O PEQUENO PENTELHO
Arte: Paulo Araujo

Ol� amigos internautas, aqui � o famoso cr�tico liter�rio Caio A. Narfa. A partir de hoje, sempre que puder, estarei comentando tudo aquilo que vale a pena ser comentado sobre o mundo dos livros. Minha proposta � fazer uma cr�tica livre, leve e solta de grandes cl�ssicos da literatura universal. Isso mesmo, CL�SSICOS, com CLA mai�sculo. Portanto, queridinhos, n�o esperem por aqui livros de autoajuda, gibis, mang�s ou qualquer outra literatura de se ler em bus�o cheio ou em consult�rio de dentista porque eu abomino isso! Passei anos e anos me dedicando � leitura das grandes obras universais e agora quero dividir com voces tudo aquilo que li e reli nesses anos todos. Como j� disse, n�o vou dar mole porque sei que brasileiro n�o � muito chegado a leitura. Por isso, v�o preparando seus neur�nios para uma verdadeira disseca��o de um dos livros mais dif�ceis de ser entendido. Estou falando, � claro, do enigm�tico O PEQUENO PR�NCIPE!

Gente, que livro complicado! Gra�as a Deus n�o caiu no vestibular que eu fiz para o curso de Letras porque naquela �poca eu ainda estava na terceira tentativa de decifrar essa hist�ria t�o confusa. Hoje, mod�stia � parte, j� me tornei um PHD em Pequeno Pr�ncipe. Bom, mas vamos ao que interessa. Esse livro, se n�o me falhe a mem�ria, foi escrito l� pelos anos 40 por Antoine � se fala Antoane, viu! - de Sent... huummm... Exu...n�o... Ezuperi, ou algo parecido, isso n�o importa. O escritor era um piloto da Esquadrilha da Fuma�a ou da For�a Expedicion�ria Brasileira, uma coisa assim, ele foi um p�ssimo desenhista antes de se espatifar com o avi�o no deserto do Saara. Olha s�, o livro tem dois personagens principais, esse piloto a� e um pivete metido a pr�ncipe. Nenhuma mulher. Agora, eu vou contar um segredinho que poucos cr�ticos sabem. A raz�o por n�o ter nenhuma personagem feminina � porque se tivesse alguma, as crian�as iam chamar a talzinha de hero�na. J� pensou um livro lido por milhares de crian�as e fazendo apologia �s drogas! Seria um esc�ndalo naquela �poca!

Vamos em frente. Esse piloto paraibano com nome de franc�s caiu no deserto, dizem que foi pouso de emerg�ncia, mas o fato � que ele era ruim de bra�o n�o s� pra desenho. Depois da queda ele deu uma cochilada e foi acordado por um pentelhinho loirinho, com roupinha de jardim da inf�ncia, pedindo pra ele desenhar um carneirinho. O Man�, ent�o, fez o �nico desenho que sabia fazer: uma jib�ia. Por favor, n�o perguntem por que logo uma jib�ia. Na verdade, era uma jib�ia engolindo um elefante, mas que todo mundo achava que era um chap�u, por isso ele desistiu de desenhar e virou piloto. Entenderam? Eu avisei! Acontece que o pentelhinho loiro mandou na bucha que n�o queria uma jib�ia, mas um carneirinho. Tamb�m n�o me perguntem por que logo esse infante misterioso conhecia t�o bem uma jib�ia. O fato � que o para�ba, querendo engabelar o pivete, desenhou uma caixa com tr�s furinhos e o pentelhinho adorou, disse que era exatamente o que ele queria! At� a� ningu�m tinha bebido nada.

Conversa fiada vai conversa fiada vem, o piloto ficou sabendo que o acerola loirinho era um pr�ncipe de um planetinha mixuruca centena de vezes menor do que Plut�o, que nem planeta � mais. Pois �, enquanto o para�ba tentava consertar o avi�o, o pivete ficava numa lengalenga por causa de um carneiro que queria comer a florzinha metida a besta que ele guardava numa caixinha de vidro pra boneca n�o pegar arzinho frio, enquanto ele tinha que todo dia arrancar uns p�s de baob�s pra raiz deles n�o rachar o planeta. O dia inteiro ele ficava tapando vulc�ozinho que soltava pum. Era muito trabalho pra um pivetinho loiro s� e aquela metida daquela florzinha azucrinando o quengo do pivete at� que ele abandonou o planetinha e caiu justo no mesmo lugar do piloto. Ah, nem te conto! Antes de ele encontrar o avi�o, adivinha s� qual a primeira coisa que ele viu quando chegou na Terra? Pois �, uma serpente, uma cobra, sacou? N�o estou insinuando nada, s� enfatizando a coincid�ncia. Essa cobra a�, al�m de falar era cheia dos enigmas, s� faltava fumar! Quem � mais jovem n�o vai entender, mas os tiozinhos sacaram a liga��o da cobra que fuma com a For�a Expedicion�ria Brasileira... ch� pra l�!

Depois de o pivete dar umas bandeadas pela areia, encontrou a tal raposa melindrosa. Presta aten��o agora porque essa � a chave do enigma do livro: a raposa, toda dengosa, pede para que o pivete a cative, porque ele ainda � um garoto igual a cem mil outros e ela igual a cem mil outras raposas e que, por causa disso, ainda n�o necessitam um do outro. Se ele a cativar ser�o �nicos um para o outro. Sacaram a profundidade da proposta da raposinha ped�fila? O pivetinho n�o, ficou pensando na florzinha que ele deixou no planetinha improdutivo que, a essas alturas, j� devia estar invadido pelos sem-terra intergal�cticos. Desapontada, a raposa carente diz adeus, mas deixa uma mensagem fascinante que, com certeza, foi decorada por quase todas as candidatas a miss qualquer coisa: s� se v� bem com o cora��o, o essencial � invis�vel aos olhos. Huummm....

Uma semana depois, o aviador, carregando o xaropinho infantil no colo caminha a esmo pelo deserto tentando encontrar �gua e ainda tem de ouvir o pentelhinho dizer que o que torna o deserto belo � que ele esconde um po�o em algum lugar. Fosse eu, largava ele ali mesmo! Finalmente encontram um po�o e matam a sede sem pressa. Ao amanhecer, o menino pede para o aviador ir embora e n�o esquecer de desenhar uma morda�a para o carneiro n�o comer a florzinha. Justo pra quem ele foi pedir! No outro dia o para�ba volta e v� o pivete no alto de um muro conversando com aquela cobra do come�o, ta lembrado? A cobra foge ao ver o piloto e o pivete diz que esta noite estar� fazendo um ano que ele caiu ali, e quando o aviador olhar o c�u ele estar� rindo em uma estrela e ser� como se todas as estrelas rissem. Pede para o piloto n�o aparecer esta noite, pois pensar� que ele estar� morrendo.
Teimoso, o para�ba volta carregando as tralhas todas que desenhou e v� o principezinho tombando sem nem fazer barulho por causa da areia. V� apenas um clar�o amarelo perto da perninha dele. Seis anos depois, expulso da Esquadrilha da Fuma�a, sob suspeita de ter sequestrado um menino de rua, o para�ba olha para as estrelas e tem certeza que o pivetinho loiro voltou para o planetinha dele e que adulto nenhum entender� que isso possa ter tanta import�ncia! Fico s� imaginando a cena: tamanho hom�o olhando pro c�u querendo ver estrela rindo...

Gente, que coisa mais psicod�lica! Passei boa parte da minha vida refletindo sobre isso, a cobra no muro, a perninha manchada, o pivetinho rindo numa estrela e todas as estrelas rindo pro para�ba! Que loucura! � por isso que eu digo como � importante a gente que tem o dom do entendimento para desvendar tudo o que est� por tr�s de uma hist�ria t�o complexa. Gra�as a Deus que eu, mesmo tendo abandonado o curso de Letras no segundo ano pra fazer bijuteria na praia, tenho essa capacidade e tamb�m a facilidade de esclarecer tramas misteriosas e aparentemente incompreens�veis como essa. Um beijo no cora��o e at� o pr�ximo cl�ssico!

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Fonte: O Autor
 
Por:  Paulo Araujo    |      Imprimir