Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 04-03-2009

ALIENAÇíO EM PLENA PÓS-MODERNIDADE
Imagine que recentemente fui convidada a redigir em um site que discute a Educação Pública no Brasil.
ALIENAÇíO EM PLENA PÓS-MODERNIDADE

Imagine que recentemente fui convidada a redigir em um site que discute a Educação Pública no Brasil. Confesso, me senti honrada e fiquei a questionar. Como esse moço me encontrou e por que quer minha opinião para abordar um assunto tão sério? Ele me encontrou na maior rede de relacionamentos da Internet, o Orkut. Rede esta que venho aos poucos fazendo amigos distantes e pensantes. Seriam minhas idéias, ou minhas poesias marginais que fazem com que pessoas de outras regiões queiram associar suas idéias as minhas?

Enfim: fui convidada e aceitei o desafio. Por hora abordarei um pouco sobre a educação no ES. Lembro-me que há bem pouco tempo redigia um poema e dizia que a educação no ES parece um trem desgovernado, cujo vagões perdem-se nos velhos trilhos enferrujados. Escrevi também alguns artigos e em falas soltas sempre repito esta metáfora.

Vagões que se perdem nos trilhos.

Em 2007, literalmente embriagada com a escrita redigi um projeto cujo titulo: TIPOLOGIAS TEXTUAIS – LER PARA ESCREVER, ESCREVER PARA OPINAR E INTERPRETAR O MUNDO.

Na justificativa deste, me baseei na entrevista da Lingüista Ingedore Villaça Koch concedida a Revista Língua Portuguesa, cujo tema: Profissão Professora.

Parte da entrevista Ingedore afirma que o Ensino de Língua Portuguesa, por exemplo, deve soltar as amarras da gramática, ou seja: "Não se deve ensinar a língua só com base na gramática... é preciso expor os alunos a muita leitura. A gramática deve ser usada para mostrar como os textos funcionam. Para mostrar quais as pistas que um texto dá para que o leitor seja capaz de construir sentido". E, então, fica uma pergunta solta: por que essa articulista fala de Língua Portuguesa e quer associar Educação Pública?

É simples, o projeto mencionado anteriormente fora realizado em uma escola, cujos alunos são da periferia. A professora que aqui redige escolheu o educandário pelos índices de reprovação e evasão. Em três meses de projeto compartilhou com alunos do Ensino Fundamental, Textos. O resultado foi à produção de um jornal informativo com produções de alunos adjetivados marginais, gardenais entre outros ais. É fato que o sucesso da iniciativa provocou ódio nos mais alienados profissionais daquele jurássico educandário.

O Conselho se reuniu e decidiu que para escola eu não voltaria no ano seguinte. Não questionei porque o portfólio com as atividades está sobre o alcance das mãos de quem quiser avaliar o trabalho feito naquela escola de comunidade periférica.

No ano de 2008, em uma escola municipal fui trabalhar e no final do ano uma avaliação: em dez quesitos, fechei com 10, como recompensa, uma comunidade no Orkut em minha homenagem: MINHA PROFESSORA DE PORTUGUÊ É O MAXIMO.

Estou querendo bajular o meu ego? É assim que pensa a maioria _ Não?

Recentemente fui a algumas escolas estaduais apresentar dois projetos. O Rabo de Olho, que pretende abordar literatura marginal e o Tipologias Textuais. Nas escolas em que entrei, deparei-me com dois tipos de pedagogas. Uma, apenas com visões voltadas a atualidade, as outras ALIENDAS. Outra demonstrou vontade, mas está algemada, porque as professoras de sua escola não têm vontade. Tesão para a educação. No mais a maioria alienada. Ridículas, estúpidas, cabestreadas, devias chamá-las de desequilibradas.

Houve uma escola em que duas senhoras pedagogas nem sequer abriram o projeto para ler a justificativa e nem as atividades realizadas viram. Escola esta que ainda não tem o Mais Tempo na Escola. Em outra, propus desenvolver com as professoras a semana da poesia e faríamos no dia 14 um grande sarau. Para infelicidade daqueles alunos, suas professoras apenas disseram: não temos tempo para falar de poesia! Estão comprometidas apenas com os conteúdos programáticos, nada mais.

Em outra escola, a pior cena: a senhora pedagoga, sensível me aconselhou deixar a cidade e procurar um espaço onde haja pessoas que tenham preocupação com o futuro do outro. Ela quase me fez chorar e me disse: Chuta o balde! Não perca seu tempo aqui, minha cara professora/poeta. Ela quis muito que eu falasse com os alunos do que é literatura, para que serve e apresentasse meu polêmico livro, mas ressaltou: AINDA HÁ MUITO RANÇO NO AR.

Interpretei sua metáfora e sai daquele colégio certa de que, não tem como acreditar na educação com mentes tão alienadas fazendo questão de ainda manter o giz e a saliva como didáticos materiais metodológicos.

Minha cara Ingedore, com tantas mentes alienadas em pleno pós-modernidade e com tanta irresponsabilidade administrativa sucumbimos nossos alunos a um futuro duvidoso.

Em Cachoeiro, após um mês de aula, os alunos de várias escolas ainda não tiveram uma aula de Língua Portuguesa, na rede Municipal e na Estadual, Arte não é fundamental. Com ranço, alienação e falta de professor e administradores incompetentes, resta-me dizer ao meu caro Líbano: a educação pública cambaleia e o futuro do seu filho, vai depender da própria sorte dele.

Luciana Maximo


Fonte: O Autor
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir