Lula e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em encontro em São Paulo
Foto: Ricardo Stuckert / Presidência Maria Angélica Oliveira
Ao lado da presidente Argentina, Cristina Kirchner, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (20) que o protecionismo "é quase como se fosse uma religião". Segundo Lula, em algumas situações o protecionismo é normal e é preciso que os países trabalhem a definição de "preço justo".
"Quando acontece qualquer coisa aqui no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na Europa, todo mundo quer defender suas empresas, seu emprego, sua economia. Isso é normal e não precisamos encarar isso como se fosse uma coisa insolúvel", disse Lula, em entrevista após o seminário "Oportunidades de Comércio, Negócios e Investimentos entre Argentina e Brasil", em São Paulo.
No início deste mês, a Argentina amplicou a lista de bens sujeitos a controles de importação, por meio do instrumento denominado licenças não automáticas, adicionando um elemento a mais de tensão na relação comercial com o Brasil.
Cristina Kirchner defendeu a medida adotada pela Argentina. Ela disse que é natural que as economias menos desenvolvidas e com déficit estrutural em suas balanças comerciais adotem medidas para não aprofundar as diferenças.
"Pretender que a licença não automática para não aprofundar ainda mais esse déficit comercial monstruoso é uma medida protecionista é um exercício de reducionismo ou defesa de uma só parte dos interesses, o que nunca deve acontecer em um processo de integração", afirmou.
Lula disse que é preciso haver proteção contra o dumping [venda a preço abaixo do custo do produto]. "Temos que trabalhar a definição dos preços equivalentes, dos preços justos, para que a economia de um país não sufoque a economia de outro país. Tenho certeza que os empresários argentinos e brasileiros estão de acordo."
FMI
Questionado sobre o papel das instituições financeiras durante a crise econômica internacional, o presidente disse que órgões como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird), foram criados "imaginando que os problemas só se dariam nos países emergentes e nunca se dariam nos países ricos".
Para Lula, os recursos disponíveis nestas instituições são suficientes para atender crises isoladas em determinados países, mas não a crise atual.
O presidente também defendeu que os países ricos injetem recursos nestes órgãos internacionais para socorrer alguns países emergentes, mas, ressaltou o presidente, sem a condicionar à adoção de políticas econômicas.
Ao lado de Lula, Cristina Kirchner também dirigiu crítica às instituições financeiras internacionais e disse que elas somente repetem que não é possível saber o tamanho da crise, nem quando ela vai acabar.
Ao lado de presidente argentina, Lula diz que protecionismo é normal
Presidente diz que países devem trabalhar pela definição de "preço justo".
No início do mês, Argentina ampliou barreiras a produtos importados.
Fonte:
|