Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 28-03-2009

TERROR NO PLANALTO CENTRAL – O FILME
Acordei com vontade de escrever um filme de terror. Nunca gostei muito do gênero, mas com tantas coisas...
TERROR NO PLANALTO CENTRAL – O FILME
Fotomontagem: Paulo Araujo

Acordei com vontade de escrever um filme de terror. Nunca gostei muito do gênero, mas com tantas coisas aterrorizando este país, me veio inspiração e agora estou tentando desenvolver um roteiro de fazer inveja se não ao Stephen King, pelo menos ao Zé do Caixão, o cineasta sobrenatural tupiniquim. Cá entre nós, se ele conseguiu uma verba do governo para a produção dos seus filmes, quem sabe eu também consiga uma. Vamos lá que assombrações não faltam!

"Terror no Planalto Central". Beleza, para um bom filme de terror nada como "terror" já no nome. Vamos agora aos personagens. Pensei numa dupla que fosse o centro do conflito. Tiãozinho Viana e Zé Sarna. Terão outros, mas antes vamos ver uma lista de horrores que rondam o Planalto Central, especialmente em uma das suas duas Casas, aquela chefiada por Zé Sarna. Vejam só:

1- Logo no início do filme constata-se que existem 181 diretorias com cargos inacreditáveis, como: diretor de garagens, diretor de check-in, diretor de transmissões de ondas curtas, aliado ao diretor de transmissões sobrenaturais. Cada um ganha mais de 18 000 reais. Zé Sarna anuncia sem pestanejar que acabará de imediato com metade dos cargos da Casa. Vai dormir e acorda completamente esquecido do que falou. Esquece-se também que é responsável por 70% dessas diretorias, o resto fica por conta de Renavan Cavaleiro e Jader Barbaralho;

2- A Casa paga 6,2 milhões de reais em horas extras a 3 883 funcionários em janeiro, quando os ocupantes da Casa estão em férias e as duas em recesso;

3- Apesar de o filme ser de terror, acontece um milagre: um diretor-geral da Casa desde 1995 é exonerado (não exorcizado) após ter sido revelado que ele não declarou à Receita a propriedade da mansão onde mora, avaliada em 5 milhões de reais e comprada em nome do irmão;

4- De posse de um orçamento de 2,7 bilhões de reais, a Casa faz curiosas opções nas licitações. Três delas, que representariam 30% de economia na contratação de terceirizados, são canceladas. Zé Sarna prefere assinar aditivos, com data retroativa, e continuar pagando mais caro às antigas concessionárias;

5- A Casa tem um corpo de 120 seguranças. Zé Sarna escala sete deles para vigiar a residência de sua família no Maranhão. Apenas em passagens e diárias são gastos 30 000 reais;

6- Há 1 800 funcionários terceirizados trabalhando na Casa. Para burlar a lei que proíbe o nepotismo, parentes de ocupantes da Casa e diretores são contratados por empresas prestadoras de serviços;

7- Os ocupantes da Casa gastam 20 milhões de reais por ano com passagens aéreas. Rosinha Sarna, filha de Zé Sarna, utiliza algumas delas para levar amigos, parentes e aliados políticos de São Luís para o Planalto Central em um fim de semana. Os convidados ainda ficam hospedados na residência oficial de Zé Sarna.

Esse verdadeiro desfile de coisas macabras, porém, não é o que sustenta a trama e sim a disputa entre os partidos de Tiãozinho e Zé Sarna. A competição entre os dois fica acirrada logo nas primeiras cenas do filme e percebe-se que a briga tem raízes em disputa de espaços. Tiãozinho ainda guarda o ressentimento de ter sido passado para trás pelo próprio presidente Lulelé (do seu partido, lembra-se ele) que deu preferência a Zé Sarna para ocupar a presidência da Casa e, assim, formar uma dobradinha na outra Casa, com Ned Temer, do mesmo partido. Tiãozinho denuncia Zé Sarna por práticas fisiológicas; Zé Sarna denuncia Tiãozinho, também por práticas fisiológicas. Mas não param por aí, os ocupantes da Casa têm direito a um pacote ilimitado de minutos no celular. Tiãozinho empresta o seu à filha que está em férias no México. Descoberto, ele paga a conta, mas antes cutuca Zé Sarna, dizendo que sua filha não tem sobre a mesa 2 milhões de reais nem a Polícia Federal à sua volta, numa clara alusão a Rosinha Sarna. Antes que a coisa esquente mais, entra em ação o onipresidente Lulelé.

Para não chamuscar a imagem de ambos, Lulelé combina um conveniente cessar-fogo bastante simples: para atender a quem reclama por um pouco mais de espaço, dá uns cargos e umas verbas a mais e sela-se o acordo de paz. Além de apaziguar os ânimos, a intenção maior de Lulelé é evitar complicações para não atrapalhar a campanha de sua candidata à sucessão, Dilma Russaiev. A disputa é resolvida, mas a imagem da Casa que já anda mais por baixo do que aquele buraquinho da cobra, continua péssima e sem nenhuma perspectiva de mudança. Nessa parte do filme até eu fico de saco cheio com tanta sacanagem e acabo explodindo as duas Casas, aproveito e explodo também a do BBB 9 e vou escrever poesia que não dá tanto no saco!

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Fonte: O Autor
 
Por:  Paulo Araujo    |      Imprimir