Categoria Economia  Noticia Atualizada em 30-03-2009

BC baixa para 1,2% previsão de crescimento do PIB de 2009
Antes, estimativa de crescimento do BC estava em 3,2%.
BC baixa para 1,2% previsão de crescimento do PIB de 2009
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Alexandro Martello

O Banco Central revisou nesta segunda-feira (30) a sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 3,2% para 1,2%, segundo números contidos no relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano.

A queda da estimativa da autoridade monetária para o PIB acontece em meio à crise financeira internacional, que tem diminuído a concessão de crédito, derrubado o crescimento econômico ao redor do mundo, e também no Brasil, e gerado aumento do desemprego e da renda.

"Essa alteração [recuo na expectativa de crescimento] reflete, em parte, a queda da atividade econômica no último trimestre de 2008, mais intensa do que se antecipava; além dos sinais de que a recuperação ocorrerá de forma gradual ao longo do ano", informou o BC no relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano.
Outras previsões

A previsão do Banco Central ainda está acima da estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para quem o PIB ficará estagnado em 2009, isto é, em zero. No orçamento deste ano, o governo baixou a sua estimativa de crescimento de 3,5% para 2%, confirmando declarações anteriores do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que seria difícil atingir a meta de crescimento de 4% para 2009.

Para o mercado financeiro, segundo informações divulgadas também nesta segunda-feira (30), referentes à previsões feitas na semana passada, o PIB deverá ficar em zero neste ano. Durante a maior parte de 2008, antes da piora da crise, a previsão do mercado estava em 3,5% de expansão para 2009. Na última semana, o presidente do BC, Henrique Meirelles, já havia dito que a previsão da autoridade monetária ficaria acima da estimativa do mercado financeiro.
Setores econômicos

No relatório de inflação divulgado nesta segunda-feira (30), o BC informou que a nova estimativa de crescimento para este ano, de 1,2%, considera "reduções generalizadas" nos setores agropecuário, industrial e de serviços.

A agropecuária, segundo análise do BC, deverá recuar 0,1% em 2009, contra o aumento de 2,2% da projeção anterior (feita em dezembro), reversão associada, em especial, aos impactos esperados da redução da demanda externa sobre "commodities" agrícolas e sobre o produto da pecuária.

A produção da indústria, segundo o BC o "setor mais atingido pela deterioração das expectativas", deverá crescer 0,1% neste ano, ante o aumento de 3,4% que constava na projeção anterior, reflexo de reduções nas estimativas de crescimento em todos os segmentos industriais.

A indústria extrativa mineral deverá crescer 2,4%, contra 5,2% na projeção feita em dezembro de 2008, enquanto a produção da indústria de transformação deverá registrar redução de 1,6% em 2009, comparativamente à expansão de 3,1% projetada no relatório de dezembro de 2008, movimento "consistente" com o desempenho observado no início do ano, inferior ao previsto.

O crescimento da indústria da construção civil, que deverá seguir "favorecida pelas novas linhas de financiamento imobiliário", pelo programa de subsídio governamental para construção de casas populares e pelos investimentos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é estimado em 2,7%, recuando 1,6 ponto percentual em relação ao projetado anteriormente pelo BC.

Já a estimativa de expansão para o setor de serviços foi revista pela autoridade monetária de 3,1% para 1,7% em 2009, com ênfase nas reduções respectivas de 4,6 pontos percentuais e de 3,6 pontos percentuais nos segmentos comércio e transportes, impactados mais intensamente pela redução da oferta total de bens e serviços.
PIB pela ótica da demanda

Considerada a ótica da demanda, a maior revisão ocorreu na estimativa da Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, a taxa de investimentos da economia brasileira. Segundo o BC, é o "componente mais sensível" às expectativas e à evolução do produto, passando de 4,4% para 0,7% de crescimento.

"Embora apresente recuo expressivo, a manutenção da variação positiva desse componente considera a contribuição das obras de infra-estrutura do PAC e das medidas do governo visando estimular obras no âmbito da habitação popular; dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para garantir recursos a investimentos; e da continuidade dos investimentos em setores específicos, a exemplo de exploração de petróleo e gás natural", informou o BC.

A estimativa de crescimento do consumo das famílias também foi reduzida, de 3,9% para 1,6%. "Este movimento, menos acentuado do que o registrado na formação bruta de capital fixo [investimentos], incorpora a persistência do impacto favorável da manutenção dos ganhos de rendimento real, proporcionada tanto pelo arrefecimento da inflação quanto pelos aumentos do salário mínimo e do alcance dos distintos programas de assistência social do governo federal", informou o BC no relatório de inflação.
Inflação

No relatório de inflação, o Banco Central também previu que os preços terão desaceleração neste ano e em 2010, ficando abaixo da meta central de inflação de 4,5% em ambos os ano - conforme já havia antecipado a autoridade monetária. Isso indica que há mais espaço para o BC continuar cortando a taxa básica de juros, atualmente em 11,25% ao ano.

O Banco Central utiliza dois cenários para projetar a inflação: o de referência (no qual a taxa de juros é mantida estável em 11,25% ao ano no horizonte de projeção e o câmbio permanece em R$ 2,35 por dólar) e o de mercado (que pressupõe redução dos juros para 10,25% ao ano no fim de 2009 e 2010; e câmbio ao redor de R$ 2,30 no fim deste ano e em 2010).

No chamado "cenário de referência", a projeção do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,7% para 4% em 2009, e de 4,2% para também 4% em 2010.

Já no "cenário de mercado", que utiliza as projeções dos economistas do mercado financeiro para juros e câmbio no futuro e, portanto, é mais factível, a projeção para o IPCA deste ano caiu de 4,5% para 4,1%. Para 2010, a expectativa do BC, com base no cenário de mercado, subiu de 4,3% para 4,4%.
Metas de inflação

No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA.

Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Deste modo, a previsão do BC, para 2009 e 2010, está um pouco abaixo da meta central tanto no cenário de referência, quanto no cenário de mercado. Para o ano de 2009, o BC informou que a probabilidade de o IPCA ficar acima do teto de 6,50% do sistema de metas de inflação, no cenário de referência e de mercado, é de apenas 1%.

BC baixa para 1,2% previsão de crescimento do PIB de 2009
Antes, estimativa de crescimento do BC estava em 3,2%.
Com crise, expectativa de inflação cai abaixo da meta central.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir