Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-04-2009

Antes de virar símbolo da Páscoa
Incas e astecas usavam semente de cacau como moeda de troca.
Antes de virar símbolo da Páscoa
Foto: www.g1.com.br

Eterno símbolo do desejo, o chocolate (que já invade os mercados em forma de ovos de Páscoa) é hoje encontrado em quase tudo: batom, chapinha, shampoo, perfume - e em diferentes formatos, cores, sabores e preços. Mas, quando foi descoberto pelos europeus, o "chocolate primitivo" era um líquido espesso feito com milho e pimentão.

As primeiras referências ao cacaueiro e a seus frutos foram encontradas nos relatos dos descobridores que seguiram Cristóvão Colombo. Os espanhóis encontraram o chocolate sendo usado pelos astecas e pelos maias na época da chegada de uma expedição em 1519, e logo depois o levaram para a Espanha.

As sementes eram tão importantes para os nativos da América Central que eram usadas não apenas para alimentação, mas também como elemento de troca e em cultos religiosos.

Segundo o site do Museu Field, em Chicago, que tem uma exibição que conta a história do chocolate, nas culturas maia e asteca a semente do cacau era oferecida aos deuses e as bebidas com chocolate eram servidas em cerimônias sagradas.

O professor de nutrição da Universidade da Califórnia e co-autor de "Chocolate: History, Culture, and Heritage", Luis Grivetti, explica que achados arqueológicos indicam que os maias enterravam jarros de chocolate com os mortos. "O chocolate tinha um significado medicinal, social, e religioso para eles."

Na Europa

Na Espanha, o cacau ganhou novas receitas e foi misturado com açúcar, canela e mais tarde com o leite. "A bebida quente foi inventada pelos espanhóis e tomou o nome de chocolate em diversas línguas européias", escreve Henrique Carneiro, doutor em história social pela USP, no livro "Pequena enciclopédia da história das drogas e bebidas".

Como tanto o cacau quanto o açúcar eram importados - e caros -, apenas as pessoas ricas podiam comprar o chocolate. Assim, a bebida se tornou símbolo de status pela elite de toda a Europa. No começo do século XVIII, o chocolate se tornou artigo de moda e a árvore de cacau virou nome de praças e locais públicos.

Cura doce

Além de ser caro, o chocolate também foi indicado por médicos como remédio para algumas enfermidades. Há até quem diga que algumas doenças do cardeal Richelieu foram "curadas" com chocolate.

Segundo o professor Grivetti, por ser remédio e comida, o chocolate colocou a Igreja Católica em uma situação difícil quanto ao jejum eclesiástico. "Sendo usado tanto para curar quanto como alimento, o chocolate gerou controvérsias sobre a possibilidade de ser ingerido durante o jejum. A resposta dependia se a pessoa consumiu ou não algo junto com o chocolate. De qualquer maneira, os padres eram proibidos de beber chocolate antes da missa. Também há muitos documentos da época da inquisição que citam o chocolate."

No Brasil, o cacau também era considerado pelos índios tupis e guaranis como remédio e estimulante. Quem explica é o especialista Timothy Walker, professor de história da Universidade Dartmouth de Massachusetts.

Segundo ele, os colonos portugueses e os missionários jesuítas foram os primeiros a cultivarem os cacaueiros. "Nos séculos XIX e XX, Ilheus, na Bahia, se tornou o centro de produção de cacau do mundo. No entanto, não havia muito comércio para o produto no Brasil", contou o professor.

Em barra

A produção do cacau nos séculos XVI e XVII era feita em plantations (que usavam trabalho escravo) em colônias tropicais. A partir de 1700, novas tecnologias permitiram a produção mais rápida do chocolate e, depois, do chocolate sólido. Dessa forma, o chocolate feito a mão deu lugar ao industrializado: mais acessível e com sabor diferente.

Carneiro escreve em seu livro que "atualmente, mais da metade da produção mundial de cacau vem da África ocidental, especialmente da Costa do Marfim, o maior produtor mundial, seguido de Gana e do Brasil".

Incas e astecas usavam semente de cacau como moeda de troca.

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Por:  Gabriel Tanure Sad    |      Imprimir