Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-05-2009

Amigos dizem que Boal fará falta à cena cultural brasileira
Ministro da Saúde enviou nota lamentando o falecimento. O diretor de teatro Aderbal Freire-Filho diz que dramaturgo é imortal.
Amigos dizem que Boal fará falta à cena cultural brasileira
Foto: Costa Rica News

Amigos, como o diretor de teatro Aderbal Freire-Filho, o compositor Juca Chaves e a atriz Eva Wilma lamentaram a morte do dramaturgo Augusto Boal. Boal morreu na madrugada deste sábado (2) com insuficiência respiratória. Para eles, o criador do Teatro do Oprimido vai fazer falta não só ao teatro, mas a também à cultura brasileira. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, enviou uma nota lamentando o falecimento.

Para o amigo e diretor teatral Aderbal Freire-Filho, o dramaturgo é imortal:

"Boal foi o mestre de todos nós, é o artista que universaliza o teatro brasileiro. O reconhecimento que o teatro brasileiro pode ter no exterior, e tem, começa com Augusto Boal. A qualidade, a profundidade, a humanidade do teatro dele que possibilita isso. Não por acaso seus livros são traduzidos em tantos idiomas e ele é o mestre que é. Para mil ele era um amigo querido, mestre e imortal".

Um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, Augusto Boal nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de março de 1931. Ganhou notoriedade com seu Teatro do Oprimido, cuja proposta era transformar o espectador em elemento ativo do espetáculo. Segundo ele próprio, conceito que ensinava "as pessoas a se
inserirem na sociedade".

Líder cultural

O compositor e humorista Juca Chaves diz que, como líder cultural que era, Boal vai fazer muita falta para todo o Brasil:

"Eu fiquei muito abalado porque ele foi um expoente da nossa cultura, do nosso teatro. Um líder cultural também, o que é muito importante. Vai fazer muita falta para nós todos aqui, não somente para os amigos, mas acho que para todo o teatro brasileiro. Foi uma pena, uma pena mesmo".

Veja o vídeo abaixo com Boal falando sobre curso realizado em São Paulo.

A atriz Eva Wilma destacou o papel de Boal como um dos grandes mestres da dramaturgia brasileira e relembrou um dos momentos mais difíceis da vida dele.

"Boal pertence à primeira geração de brasileiros mestres da dramaturgia, mestres do teatro que sempre estimularam a existência de grupos teatrais, enfim de grupos culturais acima de tudo. Ele foi bastante perseguido naquele momento da censura, da ditadura, teve que viver fora do país e, portanto, usou isso em função de seu aprendizado cada vez mais intenso, cada vez mais completo. E quando retornou, já retornou mais informado e formado culturalmente. E, portanto, é uma perda no elenco de grandes dramaturgos e diretores não só teatro, mas da questão cultural no país".

Ministro lembra ação social

Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o dramaturgo deu exemplo ao aproximar o mundo das artes cênicas da atenção dispensada aos pacientes mentais. Em nota oficial, ele lembrou que Boal aliou o teatro à ação social.

"Augusto Boal foi um símbolo, no mundo inteiro, do intelectual generoso que abre caminhos, através da arte e da coragem, para enfrentar a desigualdade que marcou, historicamente, a sociedade brasileira. Fez isso também na saúde pública, levando o Teatro do Oprimido aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).

Tornou protagonista do grande teatro da cena pública os pacientes mentais pobres, duplamente excluídos pelo estigma e pela pobreza. Compartilho com seus familiares e amigos o sentimento de tristeza nessa hora e a homenagem de todos nós".


Amigos dizem que Boal fará falta à cena cultural brasileira.

Fonte: G1
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir