Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-05-2009

Coordenador da Funasa em SP diz que pediu demissão
Índios que invadiram prédio exigem saída de Raze Rezek do cargo. Ele e delegado da PF estão em edifício desde a manhã desta quarta.
Coordenador da Funasa em SP diz que pediu demissão
Foto: G1

O coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em São Paulo, Raze Rezek, disse em entrevista coletiva que "reiterou" seu pedido de demissão ao presidente do órgão, Danilo Forte, nesta quarta-feira (6). Segundo ele, o pedido já fora feito em novembro de 2008, mas, até então, por decisão de Forte, ele não foi exonerado.

Apesar da declaração de Rezek, os indígenas o mantêm no prédio da Funasa, no Centro de São Paulo, até a direção do órgão se comprometer a cumprir a exoneração. Ele disse que, a partir de agora, só depende da presidência da Funasa negociar com os manifestantes e decidir se ele vai ser exonerado.

"Nas conversas que tivemos com o presidente, eu reiterei o meu pedido. O presidente disse aos caciques que vai fazer uma análise e, quando começaram a questionar, houve esse incidente (o telefone foi desligado)", disse Rezek aos jornalistas, que entraram no edifício a convite dos índios.

O cacique Darã declarou que o coordenador da Funasa, o delegado da Polícia Federal Flávio Trivella e funcionários do orgão não podem deixar o prédio. Segundo o índio, a decisão foi tomada porque o presidente da Funasa desligou o telefone durante a negociação com os indígenas. Eles pediam o envio de uma carta de demissão do diretor da Funasa em São Paulo. "Ele desligou o telefone na nossa cara e, por isso, o delegado e o Raze Rezek não vão sair do prédio enquanto o Danilo Fortes não tomar a decisão", disse.

O delegado da PF e o diretor do órgão disseram a jornalistas que não são reféns. Segundo eles, os dois estão no local à espera do chefe de gabinete da Funasa, Moisés Santos, que virá a São Paulo ainda nesta quarta para participar das negociações. A assessoria de imprensa da Funasa foi procurada pelo G1 e informou que vai divulgar nota sobre o caso posteriormente.

Um policial federal disse ao G1 que mantém contato com o delegado dentro do prédio, mas não esclareceu se ele e outras pessoas estão reféns. As assessorias de imprensa da Polícia Federal em São Paulo e em Brasília também foram procuradas, mas ainda não retornaram os recados deixados para comentar o assunto. Questionada se há reféns no prédio, a Polícia Militar disse que sabia apenas de uma reunião entre indígenas e representantes da Funasa no local.

Os manifestantes passaram a madrugada no prédio. Cem índios de várias tribos do estado de São Paulo chegaram às 8h desta terça-feira (5) na sede da Funasa em São Paulo. Às 14h, ainda não tinham sido atendidos e decidiram invadir o prédio.

Por volta das 11h desta quarta-feira (6), os indígenas pegaram um carro do órgão para levar um índio ao Hospital São Paulo. Segundo os manifestantes, o rapaz passou mal depois que bebeu "água com álcool", oriunda de um galão do edifício. Eles entregaram o galão à Polícia Federal para ser analisado. Não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde do rapaz.
Reunião

O delegado e o diretor estavam no prédio para uma reunião com os indígenas, iniciada por volta de 10h desta quarta-feira. Uma reunião entre lideranças indígenas e o coordenador da Funasa em São Paulo, Raze Rezek, terminou em bate-boca na noite de terça-feira (5). Os índios querem a saída do funcionário, que afirmou que pedirá sua demissão.

A reunião durou uma hora e foi acompanhada pelo delegado da Polícia Federal Flávio Trivella. "O senhor foi bem claro em reiterar a sua demissão. Não vamos aceitar que passem o melado na nossa boca", gritou o cacique Darã, um dos líderes do movimento.

Acuado, Rezek disse que a saída do cargo não depende dele, mas do presidente da Funasa, Danilo Forte. A intenção é que o coordenador do órgão em São Paulo ligue para o superior em Brasília para resolver sobre a exoneração nesta quarta. O coordenador diz que, em 2008, chegou a pedir demissão e ela não tinha sido aceita.

A discussão ocorreu em um corredor apertado do prédio da Rua Bento Freitas e diante dos jornalistas e policiais federais. Trivella tentou acalmar a situação, lembrando que o grupo tem novo encontro para conversar melhor.

Os líderes indígenas reclamam que, após três anos na atividade, Rezek nunca visitou as aldeias. O funcionário da Funasa, afirmou, no entanto, estar no posto há um ano e meio. Ele chegou ao local escoltado por quatro carros da Polícia Federal (PF).

Cobranças

Os índios acusam o funcionário de negligência. "Em três anos, ele nunca fez uma visita (às aldeias). Tem criança morrendo com água contaminada, faltam remédios, o saneamento básico é ruim", disse o cacique Awa, que veio de Ubatuba, no Litoral Norte, e é da tribo Tupi.

No prédio, cinco funcionários da Funasa e dois promotores permaneceram presos. À noite, após a chegada de Rezek, eles foram liberados. Mais cedo, cerca de 30 pessoas chegaram a permanecer detidas no prédio, mas tiveram permissão para deixar a sede da Funasa após uma primeira reunião entre os promotores e os líderes do protesto.

Coordenador da Funasa em SP diz que pediu demissão.

Fonte: G1
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir