Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 07-05-2009

ESPÍRITO SANTO: PAVILHíO CULTURAL
Pesquisar a riqueza cultural capixaba é se enveredar pela arte e se apaixonar por essa terra tão abastada...
ESPÍRITO SANTO: PAVILHíO CULTURAL
Fotomontagem: José Geraldo Oliveira

Pesquisar a riqueza cultural capixaba é se enveredar pela arte e se apaixonar por essa terra tão abastada, a começar pela produção artesanal de cerâmica popular de Vitória em seu símbolo principal que é panela de barro, o que enriquece ainda mais as não menos populares moqueca e torta capixabas.

Além das Paneleiras de Goiabeiras, o Espírito Santo conta com os mais diversos materiais que podemos enfatizar em referência à cultura capixaba. Num primeiro momento vou me ater à musica, reverenciando Roberto Carlos - artista de renome internacional. A musicalidade do povo deste Estado é vasta, a exemplo citamos: Alexandre Lima (Radio Experienza) e alguns dos vários estilos e gêneros como brazilian pop, MPB, soul, dance, reggae, brazilian instrumental, jazz, world music, clássico, rock, metal, hardore, eletrônico, hip hop e sertanejo, entre outros, que são produzidos e interpretados por artistas capixabas.

Bandas e cantores e músicos como Casaca, Manimal, Marcela Lobbo, Rastaclone, Raul Sampaio, BlackSet, Símios, Auge, Lordose, Mukeka di Rato, Dallas Company, Lorenson e tantos outros representam expressivamente a cultura aqui produzida que não se limita à música.

O interior do Espírito Santo traz consigo um verdadeiro celeiro cultural e por várias cidades percebe-se a manifestação cultural bem como sua produção através das rodas de leitura, saraus, o forró de Itaúnas, a confecção dos tapetes em Castelo quando da Festa de Corpus Christi, exposições, vernissages, comunidades de remanescentes quilombolas e indígenas, teatros, museus, marchinhas de Carnaval em Iriri e jongo no sul e norte do Estado, quadrilhas caipiras, dentre outros atores e fatores.

Especificamente mencionando as manifestações culturais de Itapemirim o jongo representado no município pelas equipes "Mestre Bento" (adulto) e "Chrispiniano Balbino Nazareth" (mirim), recentemente recebeu do Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, titulação de Patrimônio Cultural do Brasil, conjuntamente com outras formações no Estado, a exemplo de Presidente Kennedy e Cachoeiro de Itapemirim.

Em 2005 o Iphan já havia reconhecido o jongo como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, inscrevendo-o no Livro de Registro das Formas de Expressão. E o que é jongo? É nada mais nem menos que literatura oral, dança e música. É expressão afro-brasileira composta por percussão de tambores, fogueira, normalmente praticada em praças públicas e terreiros de bairros periféricos e em algumas comunidades rurais.

Já o Concurso Nacional de Fanfarras e Bandas de Itapemirim que ocorre anualmente, desde de 2002, em meados de junho, normalmente sucedendo a tradicional Festa de Santo Antonio, mobiliza toda a comunidade local, comércio regional e até visitantes. No evento, que ocorre no período de dois dias, alunos da rede pública de ensino participam de desfiles e o município recebe milhares de turistas de vários estados brasileiros.

O casario de Itapemirim também não pode deixar de ser citado enquanto fonte cultural.

Dezenas de casarões construídos por libaneses, português e sírios desde à época do Império tomam conta do centro da cidade, além de relíquias como o prédio que por décadas abrigou a Câmara Municipal de Vereadores e da mais que centenária Igreja Nossa Senhora do Amparo (data de 1853) que recebeu o ilustre visitante, D. Pedro II e sua comitiva à época do Brasil-Colônia.

Curiosidade: para se concluir a construção das torres da matriz de Itapemirim foram aplicadas as Lei Nº 11, 27/07/1846 e 03, de 03/04/1948, cobrando 1% sobre todos os gêneros de culturas exportados na cidade, segundo relatório do barão de Itapemirim, ao Imperador.

Com o passar do tempo grande parte da cultura de Itapemirim foi se perdendo, retratadas hoje apenas na memória de poucos, e em fotografias, como o Casarão Palácio das Águias, o Armazém Trapiche, a Casa do Barão de Itapemirim, as estações de locomotivas, monumentos estes que fizeram a história de uma cultura remota.

O artesanato da região confeccionado pelas artesãs do núcleo "Mulheres de Guannandy" e "Tramas do Sol" são comercializados no Exterior levando a arte e a cultura da região além limites. O material utilizado nas peças são os mais diversos: sementes para a confecção de colares e pulseiras, embira, palha, bagaço de cana-de-açúcar, concha, pet, doces e salgados caseiros como biscoitos, tortas, compotas e muitos outros. São produtos e costumes, ou seja, cultura, passados de mãe para filha, algumas atravessando gerações, outras arruinando-se no tempo, no espaço, ao descaso...


    Fonte: O Autor
 
Por:  José Geraldo Oliveira (DRT-ES 4.121/07 - JP)    |      Imprimir