Categoria Educação  Noticia Atualizada em 15-05-2009

MAIS INTENTO NA ESCOLA
A escola capixaba sofre de anomalia pedagógica e administrativa...
MAIS INTENTO NA ESCOLA
Foto: Arquivo Maratimba.com

A escola capixaba sofre de anomalia pedagógica e administrativa. O seu gerenciamento se reduz a uma política que nega direitos, reconhecendo deveres e obrigações dos profissionais, em situações que atravancam o seu fortalecimento, a busca pela qualidade e as boas condições de trabalho para os profissionais. Estes têm sido meros reprodutores de conhecimento e ignorados nas suas necessidades e aspirações. A imposição de carga horária ampliada, sem consultá-los; o estabelecimento de currículo único; a cobrança de programas que não têm conhecimento, nem suporte para desenvolvê-los se constituem em fatores desencadeadores do fracasso da educação.

Ultimamente, a educação anuncia o Programa "Mais Tempo na Escola" como avanço para o setor. As visitas procedidas pro conselheiros, representantes de organizações civis, mostraram situações adversas ao marketing veiculado. Primeiro, que há uma desigualdade no tratamento do aluno desse programa em relação ao que se encontra na escola para seu turno normal. As disparidades e condições de estudos são inconcebíveis, pois as turmas são mistas, os (as) professores (as) têm que redimensionar o conteúdo para atender às séries na mesma turma, quando a turma está em uma sala.

Na há a oportunização do saber, da troca do conhecimento e da prática cultural como se anuncia. Os registros que foram flagrados pelo Conselho de Alimentação Escolar (CAE) mostram o quanto o Programa é capenga e se torna um intento de desqualificação na escola, um instrumento de sacrifício para o professor e aluno. Os alunos de tal Programa não têm direito à merenda dos outros que estão no seu horário de aula. Estes, no entanto, dispõem de uma merenda que, salvo os esforços das merendeiras em fazer o melhor, se alimentam de componentes que excedem o sortimento e a boa composição nutricional.

Isto quando a pesagem e origem do alimento não são suspeitas, pois em algumas unidades os pesos dos frangos e do filé de peixe não coincidiam com que se registrava nas embalagens. Na conferência de frango, por exemplo, o lote de oito unidades, não havia uma que condizesse com os dois quilos previstos na embalagem (vide fotos). Uma clara ação de que as coisas não andam a contento com o dinheiro da merenda. Sem dizer os aspectos deteriorados que muitos alimentos apresentam, como o filé de peixe que de carne clara, em todas as unidades se apresentavam de cor escurecido em embalagem a vácuo.

Denúncias destas questões e outras levantadas pelo CAE já foram encaminhadas à Promotoria Pública, cujas apurações estão sendo devidamente levantadas, visto que em fevereiro passado a maioria do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) votou pela irregularidade da prestação de contas da verba do Fundo Nacional do Desenvolvimento Escolar (FNDE), repassado ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), responsável pela merenda escolar no país.

Tais complicações se deram em virtude do propósito da Secretaria de Educação insistir em proceder com o processo de terceirização da merenda escolar, provocando desemprego de merendeiras, precarização das atribuições das que ficaram, de coordenadores e diretores escolares, além de desqualificar a oferta da merenda no turno noturno; pois os alunos deste horário têm, por diversas vezes, encontrado alimentos mal conservados, estragados e com preparação inadequada para ser servido no horário do Recreio.

Desrespeito ao Profissional

A tirania velada nas ações da Secretaria perpassa do Órgão Central às Superintendências. Os professores e professoras não são os únicos a serem vítimas com esse tratamento: coordenadores e diretores também sofrem e recorrem ao Sindicato para algum tipo de providência, porque são moralmente assediados e tudo fica por isto mesmo. Numa das escolas de vitória, a diretora vai sair, porque se sentiu desrespeitada e desconsiderada, justamente depois de atender às orientações políticas da Sedu, quando da dispensa de seu antecessor, sem motivo plausível.

Sem querer entrar no mérito, nem tecer maiores comentários, a profissional prefere sair a denunciar o tratamento recebido. Situação que o ex-diretor da Escola "Aristeu Aguiar", em Alegre, professor Carlos Peixoto, não concorda e nem se cala. Ele reclama de sofrer humilhações, desprestígio e perseguição, pois há pessoas na Sedu que não coaduna com seu trabalho, nem com seu perfil profissional e o classificam como inadequado para retornar à direção da escola. Numa unidade, onde não há profissionais disponíveis ou interessados a assumir o cargo.

O professor Carlos Peixoto dirigiu a escola quase 16 anos; e, há 2 anos por perseguição de pessoas na Secretaria de Educação, ele fica impossibilitado de retornar, após ter desenvolvido um trabalho de referência, respeito e qualidade no educandário. A humilhação e o preterimento sofridos pelo professor Peixoto demonstram o despreparo da equipe atual da Sedu, que o considera inadequado para retornar, esquecendo que em seu currículo estão registrados anos de assento no Conselho Estadual de Educação (CEE-ES) e mandatos de vereador naquele município.

Razões parecidas outros diretores e diretoras têm vivido, visto que a atual equipe burocratizadora da Sedu vê a sua frente apenas como bom perfil àqueles que fazem jus à gratificação extra e diferenciada, repassada aos gestores escolares para reprimir e oprimir os regentes e pedagogos das escolas. Esta filosofia encerra o tal espírito democrático da educação capixaba que, enquanto sobre dois percentuais em um ou outro aspecto localizado, desce dez ponto em respeitabilidade, proficiência da cidadania e busca da verdadeira qualidade do ensino público.

FOTOS


Lote de 08 unidades, cujo peso não chega aos 2 Kg previstos.



Peso de 1,225 Kg, confirmando a fraude. Cada unidade deveria pesar 2 kg.



Cozinha destinada aos alunos do Programa "Mais Tempo na Escola", em Santa Maria
de Jetibá.


Fonte: O Autor
 
Por:  Júlio César A. dos Santos    |      Imprimir