Categoria Politica  Noticia Atualizada em 20-05-2009

Obama e Netanyahu concordam em discordar
Netanyahu e Obama conversam na Casa Branca
Obama e Netanyahu concordam em discordar
Foto: Reuters

Caio Blinder

NOVA YORK- O ingl�s do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu � impec�vel, mas est� claro que ele n�o fala a mesma l�ngua do presidente americano Barack Obama. No encontro que ambos tiveram na Casa Branca na segunda-feira, Obama foi enf�tico, dizendo que Netanyahu deveria capturar o momento hist�rico para assim facilitar solu��es na quest�o palestina e no programa nuclear iraniano.

Netanyahu, como se esperava, n�o se rendeu ao charme Obama. Tampouco confrontou abertamente o presidente americano. Para o dirigente israelense, o Ir� � a prioridade, al�m de ser uma desculpa para protelar a quest�o palestina. Houve malabarismos verbais da parte de Netanyahu para n�o endossar formalmente a solu��o dos dois Estados (um israelense e um palestino coexistindo pacificamente). Ele disse ainda esperar que "Obama tenha �xito" em eventuais conversa��es com o Ir�. Conversa mole diplom�tica.

Netanyahu n�o acredita que negocia��es ir�o fazer com que o regime xiita desista do seu programa nuclear. Obama sinalizou que espera resultados diplom�ticos ao redor do final do ano e que. em caso de fracasso, ir� revisar a situa��o para talvez implementar san��es mais duras. O presidente americano fez a men��o obrigat�ria de que todas as cartas est�o na mesa.

Tradu��o: Netanyahu concordou em dar a Obama at� o final do ano. A partir da� � o cen�rio militar. Uma grande d�vida � se os israelenses lan�ariam um ataque contra as instala��es nucleares iranianas sem o aval americano. Parece inconceb�vel, mas Israel considera o programa nuclear iraniano uma amea�a existencial. N�o � � toa que Obama fala em prevenir o Ir� de ter a bomba, enquanto Netanyahu fixa os limites ainda antes, para impedir que o regime xiita "desenvolva a capacidade nuclear militar".

Na quest�o palestina, Netanyahu de fato n�o pode fazer grandes concess�es a Obama. Talvez seja at� um pouco mais pragm�tico do que seu discurso, mas ceder significa a implos�o de sua coaliz�o de governo. Como lembra a revista "The Economist", na edi��o corrente, este � o governo mais intransigente da hist�ria de Israel. Em termos concretos, esta intransig�ncia apenas complica ainda mais os acenos conciliat�rios de Obama para o mundo �rabe-isl�mico.

Deve ser tratado com incredulidade o racioc�nio de Netanyahu de que existe uma "converg�ncia sem precedentes" entre Israel e os pa�ses �rabes moderados devido � amea�a iraniana. Na verdade, existe o potencial de converg�ncia se os v�rios atores participarem da chamada "grande barganha", ou seja, todos devem fazer concess�es ao inv�s de fincar p� nas suas posi��es. Obviamente, o imobilismo de um ator justifica o do outro.

Obama quer movimentos, agora que decidiu se engajar no processo de paz no Oriente M�dio. Ele deve dar detalhes do seu plano em um discurso no Egito em 4 de junho. Ter� elementos que ir�o constranger Netanyahu, como a insist�ncia em dois Estados, o congelamento da constru��o de assentamentos judaicos na Cisjord�nia e a remo��o daqueles considerados ilegais.

A alian�a entre os EUA e Israel � ferrenha, mas existe a seguinte realidade: para Obama, Netanyahu � um obst�culo e n�o um aliado na busca de um acordo de paz no Oriente M�dio. Para Netanyahu, Obama � um obst�culo para uma a��o urgente de for�a para impedir que o Ir� adquira armas nucleares.

Obama e Netanyahu concordam em discordar.

Netanyahu e Obama conversam na Casa Branca.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir