James Purnell, ministro do Trabalho e da Previdência do Reino Unido.
Foto: AFP O ministro britânico do Trabalho e da Previdência, James Purnell, renunciou nesta quinta-feira (4) em uma carta pública endereçada à imprensa.
Considerado uma estrela em ascensão no Partido Trabalhista, Purnell também pediu ao premiê Gordon Brown que faça o mesmo.
Segundo ele, Brown deveria abandonar o posto "pelo bem do Partido Trabalhista", considerando que sua insistência em permanecer no poder favoreceria eleitoralmente a oposição conservadora.
De acordo com um porta-voz, Brown está desapontado com a renúncia.
A demissão de Purnell ocorreu no dia em que os britânicos votaram nas eleições municipais e para o Europarlamento.
Ela soma-se à da ministra de Interior, Jacqui Smith, e à das Comunidades, Hazel Blears, além de colaboradores de menor escalão, e aumenta a pressão sobre Brown, que anunciou uma reforma do gabinete para a próxima sexta-feira.
Mais cedo nesta quinta-feira, rumores sobre a renúncia do premiê agitaram os mercados financeiros. O gabinete qualificou as notícias como "absurdas".
Desgaste com escândalo
Segundo as últimas pesquisas, o partido de Brown - o mais desgastado com o escândalo dos gastos supérfluos e abusivos dos parlamentares revelado pela imprensa- deve ficar em terceiro lugar nas eleições do Europarlamento, com apenas 17% dos votos.
Isso deixaria os trabalhistas atrás dos conservadores, liderados por David Cameron (30%), e do pequeno partido nacionalista UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), que ficaria com 19% dos votos.
A segunda força de oposição, o centrista Partido Liberal Democrata, obteria apenas 12% das preferências, enquanto 5% dos votos iriam para o Partido Nacional Britânico, partido racista de extrema direita.
O euroceticismo dos britânicos deve se refletir também em uma baixa taxa de participação nas eleições para o Europarlamento, de acordo com as pesquisas. Nas últimas eleições, em 2004, a taxa de participação foi de 38%.
Nas eleições locais na Inglaterra, os resultados também devem ser sombrios para o partido de Brown, que deve amargar um terceiro lugar com apenas 22% dos votos. Se confirmado, este resultado será o pior para os trabalhistas desde 1987, quando a tóri Margaret Thatcher se elegeu pela terceira vez.
Os resultados das eleições locais devem sair na sexta-feira, e o das eleições europeias, no domingo.
No entanto, apesar das vozes cada vez mais numerosas clamando por sua renúncia, Brown - que deve convocar eleições legislativas antes de junho de 2010 - disse que não deixará Downing Street antes disso.
"Ainda há trabalho a fazer", afirmou o primeiro-ministro na Câmara dos Comuns na quarta-feira, reconhecendo, porém, que "as últimas semanas foram difíceis".
Provavelmente com a esperança de sobreviver ao escândalo político e à catástrofe eleitoral, o premiê informou que fará uma reforma de seu gabinete, que deve ser anunciada na sexta-feira.
No entanto, o fato de alguns de seus ministros anunciaram sua demissão antes do ajuste previsto foi considerado um claro sinal de que "o barco está afundando", como disseram nesta quarta-feira vários jornais britânicos.
A oposição pressiona para que o premiê antecipe as eleições, previstas para ocorrerem até junho de 2010.
Ministro britânico do Trabalho renuncia e pressiona premiê a fazer o mesmo
James Purnell anunciou saída e pediu que Gordon Brown renuncie.
Boatos sobre a saída do primeiro-ministro agitaram mercado financeiro.
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