Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 08-06-2009

BURAK O’JANDER III
E aprendi a observar o jogo, o xadrez político
BURAK O’JANDER III

Manoel Manhães [email protected]

Nasci e cresci em contato com a política, quando as apurações eram manuais e feitas no Clube ITA em Cachoeiro a turma do MDB (Roberto Valadão, Helio Carlos Manhães, Gilson Carone e outros) freqüentavam minha casa (perto do ITA) como se fosse o comitê deles.
Fui amigo de infância do Ricardo Ferraço, as disputas entre Ferraço (pai) e Hélio Carlos / Valadão eram como final de copa do mundo para mim.

Em 1979 tive o prazer de fazer um curso de Ciências Políticas na UNB onde tive contatos com as obras de pensadores, estadistas, militares, cortesãos, artistas, estrategistas como Cezar, Sun Tzu, Bernard Shaw, Maquiavel, Napoleão, Bismark, Talleyrand, Richelieu, Clausewitz, Lao Tse, Ibn Khaldun, Guicciardini, Castiglione, Churchill, Mazarin e outros.
E aprendi a observar o jogo, o xadrez político. Erro muito nos
meus "pitacos" (é mais fácil ser pedra do que vidraça), mas aprendi a jogar. Jogar não é só ganhar, há as perdas necessárias como a da isca.
Torço para que o Dr. Jander não caia no erro de adiar as ações de campanha para o último ano.
"É preciso sempre pensar no mandato como se fosse uma "Campanha permanente".
Nos EUA, onde as eleições para a renovação de todos os mandatos da Câmara dos Representantes – deputados - ocorrem a cada dois anos o conceito de "campanha permanente" é uma prática necessária.

A campanha permanente é diferente da campanha eleitoral. O eleitor retornou à sua condição de cidadão, e está mais preocupado com o que o governante está fazendo ou vai fazer, do que com a próxima eleição.

A campanha permanente não se reduz às convencionais ações de publicidade de governo (marketing institucional) ou do zelo em divulgar pela mídia as realizações, os projetos de lei, as posições políticas sobre questões correntes.
Ela é mais. É um projeto de poder (eleição, reeleição, deixar "fazer sucessor") articulado, planejado e executado, respeitando as peculiaridades de um período não eleitoral.

O mundo é diferente depois de conquistar o poder. A "magia do poder" está em curso, destacando o eleito do comum dos mortais, levando-o a freqüentar pessoas e lugares bem diferentes dos que freqüentou na busca de votos, e dando-lhe uma sensação de segurança – a próxima eleição ainda está muito longe.

O mundo do poder é uma redoma protetora, atraente e confortável. Fora da redoma estão os eleitores. Dentro dela tudo está a mão: assessores, a mídia, o circuito dos coquetéis, as reuniões com pessoas importantes, as viagens, e o trabalho, com a agenda sempre congestionada.

Tudo então conspira para que você se afaste, cada vez mais daqueles que trabalharam por você e dos que o elegeram. Eles podem esperar, eles vão entender... Você tem coisas mais importantes a fazer do que encontrá-los, ouvir suas queixas e pedidos, arbitrar seus pequenos conflitos, envolver-se com seus problemas. Quando der tempo você vai ao encontro deles...

Você esquece do seu pessoal, você coloca sua base política em segundo plano, e se ilude que eles podem esperar, se esquece que eles se melindram muito facilmente e vão lhe dar o "troco" na próxima eleição.

Não importa que você já se elegeu, você continua em campanha, você está sendo votado dia a dia, você não pode perder o foco eleitoral.

Isso significa que ninguém é mais importante que o eleitor, que precisa ser conquistado todo dia, e que a conquista se dá pela comunicação, contato e persuasão. Por mais importantes que sejam as autoridades políticas e sociais, com as quais você convive, seus eleitores, os que já possui e os que pode vir a conquistar, são mais importantes. São eles que votam em você e te colocam ou retiram do "poder".

Terminada a eleição, muitos pensam que o indivíduo despe a roupagem
de eleitor para vestir a de cidadão. Erram nesse pensar. A mídia não permite que
isso aconteça. O indivíduo é continuamente lembrado de sua condição de eleitor.

O julgamento de uma administração não espera o fim do mandato para ser
feito. O cidadão é cobrado, desde o início do novo governo, a formar seu julgamento
– contra ou a favor - pelas mesmas forças que recém disputaram a
eleição".

    Fonte: O Autor
 
Por:  Manoel Manhães    |      Imprimir