Categoria Politica  Noticia Atualizada em 18-06-2009

Durão Barroso reconduzido, só não sabe quando
Apenas Portugal, Finlândia e as presidências actual e seguinte, a República Checa e a Suécia, apoiam a recondução imediata do português.
Durão Barroso reconduzido, só não sabe quando
Foto: http://economico.sapo.pt

Luís Rego

Líderes da UE devem apoiar hoje o português, mas podem não fechar o dossier. A recondução não estará em causa.

Barroso vai ser reconduzido como presidente da Comissão Europeia, só não sabe é quando. Depois de um intenso braço-de-ferro entre Paris e Bruxelas nas últimas semanas, todos os sinais indicam para que os líderes europeus devam hoje à noite, na cimeira que se inicia em Bruxelas, adiar a confirmação de Durão Barroso como candidato oficial do Conselho europeu para presidir à Comissão.

Esta é a tendência confirmada pela maioria das diplomacias depois de uma campanha persistente do presidente francês Nicolas Sarkozy que, numa demonstração de força na Europa, deu a volta à maioria das posições nacionais, incluindo a alemã. Apenas Portugal, Finlândia e as presidências actual e seguinte, a República Checa e a Suécia, apoiam a recondução imediata do português, receando deixar a liderança europeia "num limbo". Mas este jogo de poder não invalida o apoio político unânime que Barroso vai seguramente receber esta noite para um segundo mandato.

Condicionar a equipa

Será isto uma espécie de beijo da morte? Para já, não é isso que está em causa. Mesmo em privado, ninguém parece duvidar que Barroso continuará como presidente da CE. Mas ao deixar a recondução em banho-maria, Durão ficará numa posição fragilizada e à mercê das exigências dos países quanto à composição do próximo Executivo Comunitário. Nomeadamente de Sarkozy que não abdica de ver a pasta da concorrência ou do mercado interno entregue a um francês.

O argumento oficial do adiamento é ouvir o Parlamento Europeu (PE)eleito este mês, antes de precipitar uma votação, prevista para a sessão de 15 de Julho, e aprovar a CE (presidente e membros) toda já com o Tratado de Lisboa, na esperança da sua adopção no referendo irlandês (possivelmente em Setembro).

"Nós queremos que uma decisão política seja tomada no próximo Conselho para que haja um trabalho a sério entre o Conselho e o PE, sem tomar já uma decisão jurídica formal por escrito", disse Sarkozy, após um encontro com a chanceler alemã. Angela Merkel prefere o adiamento para não ser obrigada a discutir o envio de um comissário com o actual parceiro de coligação, os socialistas, que tudo indica sairão do executivo em Setembro. Outro argumento ouvido é o de fazer integrar este posto num pacote de cargos que resultam do Tratado de Lisboa, tal como o alto representante (MNE) e o presidente permanente do Conselho, traduzindo melhor um equilíbrio geográfico e político.

Esquerda não desiste

Mas isto significa que potencialmente Barroso deixaria de ser uma peça fixa neste puzzle. Basta ouvir Daniel Cohn-Bendit, o líder dos verdes, ou Poul Rasmussen, presidente dos socialistas, exigir aos líderes que não nomeiem já Barroso por "respeito ao Parlamento", para perceber que este adiamento alimenta a agenda da esquerda no PE para arquivar a candidatura do português.

A aprovação no PE complica-se um pouco: passa de maioria simples dos presentes com o Tratado de Nice, para maioria simples dos eleitos no caso do Tratado de Lisboa. Mas a maioria que apoia Durão reforçou-se em relação à maioria folgada de 451 votos a favor que teve em 2004. Aliás, só um nome de direita lhe pode fazer frente, porque cabe ao maior partido das eleições indicar a cor política do presidente da CE. E esse partido - o PPE- o vencedor inequívoco das europeias, já o indicou: por enquanto o escolhido é Durão Barroso.

Durão Barroso reconduzido, só não sabe quando.

Apenas Portugal, Finlândia e as presidências actual e seguinte, a República Checa e a Suécia, apoiam a recondução imediata do português.

Fonte: http://economico.sapo.pt
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir