Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-06-2009

Aiatolá exige o fim dos protestos e alerta para banho de san
Sexta-feira foi calma e sem manifestações no país, que aguarda a reação de Mousavi ao discurso de Khamenei
Aiatolá exige o fim dos protestos e alerta para banho de san
Foto: http://ultimosegundo.ig.com.br

O aiatolá Ali Khamenei fez ontem uma dura advertência aos manifestantes que questionam o resultado da eleição presidencial no Irã. O líder supremo negou que tenha havido fraude, exigiu o fim dos protestos e disse que os líderes opositores são responsáveis por qualquer "derramamento de sangue".

Falando a milhares de pessoas na Universidade de Teerã durante a tradicional prece de sexta-feira, Khamenei afirmou que "o povo escolheu quem queria" e responsabilizou o "extremismo" da oposição por qualquer ato de violência.

"As demonstrações de rua são inaceitáveis. Elas são uma afronta à democracia após as eleições", disse Khamenei. "O resultado da eleição vem das urnas, não das ruas. Hoje, a nação iraniana precisa de calma."

O líder supremo aproveitou também para atacar o que chamou de "interferência das potências estrangeiras", que questionaram o resultado da eleição. O aiatolá disse que os "inimigos do Irã tentam minar a legitimidade do establishment islâmico". Fazendo referência à invasão dos EUA ao Iraque e ao Afeganistão, ele criticou os americanos. "Não precisamos de conselhos deles sobre direitos humanos."

Segundo o aiatolá, a eleição demonstrou a "confiança do povo no regime islâmico" com uma participação expressiva de 85% dos eleitores na votação do dia 12, quando o presidente iraniano, o conservador Mahmoud Ahmadinejad, obteve uma vitória fácil sobre o reformista Mir Hossein Mousavi (63% a 34%).

A oposição, que esperava uma disputa apertada, acusou o governo de fraude e saiu às ruas para exigir uma nova votação. Após seis dias de protestos, os mais intensos desde a Revolução Islâmica de 1979, ontem, pela primeira vez, não foram registrados protestos na capital.

O presidente Ahmadinejad, o prefeito de Teerã, Mohamed Baqer Qalibaf, e o presidente do Parlamento, Ali Larijani, compareceram ao discurso de Khamenei. Mas Mousavi e Mehdi Karroubi, outro candidato moderado derrotado nas eleições, não estiveram presentes.

Apesar da ausência dos reformistas, o discurso parece ter tido um forte impacto interno. Partidários dos moderados, que haviam planejado outra manifestação para hoje, mudaram de ideia e disseram que não tinham planos de organizar comícios ou passeatas durante o fim de semana.

Mousavi não deu declarações após o discurso de Khamenei. Segundo analistas, o líder opositor tem agora uma escolha difícil: suspender os protestos ou desafiar o aiatolá e aprofundar a crise.

Ontem, a Anistia Internacional estimou que dez pessoas morreram desde o início dos protestos no Irã, há uma semana - segundo dados oficiais, o número de mortos nao passa de oito.

Segundo a organização, pelo menos quatro estudantes estão desaparecidos desde a invasão dos alojamentos da Universidade de Teerã, no domingo.

Aiatolá exige o fim dos protestos e alerta para "banho de sangue" no Irã

Fonte: Estadão
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir