Categoria Politica  Noticia Atualizada em 23-06-2009

Conselho de Guardiães descarta nova eleição no Irã
Mulheres fazem fila para votar nas eleições presidenciais iranianas numa mesquita de Isfshan, a 420 km de Teerã
Conselho de Guardiães descarta nova eleição no Irã
Foto: AFP

DUBAI - O Conselho de Guardiães, que tem entre suas atribuições monitorar o processo eleitoral no Irã, descartou hoje anular os resultados das eleições presidenciais de 12 de junho, que deram a reeleição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ontem, o órgão admitiu indícios de irregularidades que podem ter alterado cerca de 3 milhões de votos no país. A oposição, liderada pelo reformista Mir Hossein Mousavi, reclama de fraudes no processo eleitoral.

O comunicado do Conselho de Guardiães, que precisa ratificar as eleições, é a mais recente de uma série de medidas das autoridades para superar a crise causada pela reeleição de Ahmadinejad. Na sexta-feira, o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, disse que na prática o caso estava encerrado e exigiu o fim dos protestos no país.

No sábado, forças oficiais e paramilitares dispersaram manifestações na capital Teerã, em alguns casos com violência. O governo reconhece 17 mortes nos protestos e centenas de prisões. Na noite de ontem, os serviços de segurança dispersaram um grupo de manifestantes no centro de Teerã. Porém, os protestos perderam força desde a repressão de sábado, em comparação com a semana passada, segundo testemunhas e a mídia estatal. Autoridades reforçaram a segurança, incluindo cordões de policiais e bloqueios em pontos estratégicos da cidade, na tentativa de desencorajar as manifestações.

Um porta-voz do Conselho de Guardiães foi citado pela imprensa estatal iraniana hoje afirmando que o órgão poderia anular a eleição apenas se houvesse uma "grande infração", mas nada do tipo foi descoberto. Portanto, "não há possibilidade de uma anulação ocorrer", afirmou o porta-voz Abbas Ali Kadkhodaei. Autoridades eleitorais declararam o presidente Ahmadinejad vencedor com 63% dos votos. Os oposicionistas apresentaram mais de 600 denúncias de irregularidades em várias instâncias, inclusive no Conselho de Guardiães. Eles pedem a anulação da eleição e a realização de um novo pleito.

O Conselho dos Guardiães admitiu ontem que em 50 distritos, de um total de 360, houve mais votos que eleitores registrados. Isso em tese pode ocorrer, pois os iranianos não precisam votar no distrito em que estão registrados, mas o dado aumenta as suspeitas de fraudes. No entanto, o órgão afirmou que, mesmo que tenha havido irregularidade em algo como 3 milhões de votos, o resultado da eleição não seria alterado. O atual presidente precisaria de 50% mais um voto para vencer.

Prisão

O Irã prendeu um jornalista grego que trabalhava para a imprensa norte-americana no país, informou a agência iraniana Fars. O profissional, que atuava para o "Washington Times", não foi identificado. O regime iraniano não renovou o visto de vários jornalistas estrangeiros que trabalharam durante as eleições. Além disso, restringiu a cobertura apenas à mídia estatal e a telefonemas, impedindo o acompanhamento pela imprensa de protestos da oposição nas ruas.

Um correspondente da BBC no país foi expulso e o escritório da Al-Arabiya, fechado. A "Newsweek" informou que um jornalista canadense trabalhando para a revista foi detido, sem acusação formal. As informações são da Dow Jones.

Conselho de Guardiães descarta nova eleição no Irã.

Mulheres fazem fila para votar nas eleições presidenciais iranianas numa mesquita de Isfshan, a 420 km de Teerã.

Fonte: www.estadao.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir