Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-07-2009

Abuso de drogas legais assombra legado de Michael Jackson
Michael Jackson j� se tinha tornado dependente de produtos f�rmacos h�, pelo menos, 10 anos
Abuso de drogas legais assombra legado de Michael Jackson
Foto: Tobias Schwarz/Reuters

Rui Henriques Coimbra, em Los Angeles

� como uma mina em c�u aberto: de repente, toda a gente quer falar dos abusos farmac�uticos de Michael Jackson. Assistentes que trabalharam para o �dolo confirmam que, por vezes, n�o o conseguiam sequer acordar, tal era a carga de sedativos ingeridos ou injectados. Se intervinham e diziam que come�avam a estar preocupados, Jackson gritava com eles e acusava-os de interfer�ncia na vida privada.

Multiplicam-se as surpresas. O Los Angeles Times confirma que Diprivan, a medica��o da multinacional anglo-sueca AstraZeneca usada nas anestesias, foi encontrada nos aposentos privados da resid�ncia onde o cantor faleceu. E, noutra frente, h� in�meros consult�rios em Los Angeles onde toda a gente sabia que, mesmo quando Jackson s� precisava de uma recarga botox ou outra qualquer interven��o m�dica menor, exigia sempre anestesia. E alguns antigos m�dicos v�m agora afirmar que o cantor os pressionava constantemente com pedidos pouco razo�veis de medica��o indutora do sono profundo.

Tanto assim que o procurador geral da Calif�rnia garantiu que as autoridades v�o partir � ca�a de todos os m�dicos que, passando receitas sem olhar a c�digos deontol�gicos, alimentaram o v�cio, por fim fatal, do cantor. De um instante para o outro parece que sempre foi do dom�nio p�blico isto de o Michael Jackson ter-se tornado dependente de medica��o an�lg�sica super hard core e s� sentir-se feliz quando, voluntariamente, ficava inconsciente.

Por todo o lado, o retrato que emerge � s� um: Jackson j� se tinha tornado dependente h� pelo menos 10 anos, o esp�rito dele mantinha-se deprimido ap�s ter sido acusado de abuso sexual de menores, devia dinheiro a muita gente, os compromissos comerciais estavam a tornar-se insuport�veis e ele passou a precisar de uma ajuda intravenosa com maior regularidade, ao ponto de j� nem sequer se preocupar em manter o seu h�bito em segredo.

Um dos antigos colaboradores referiu inclusivamente que Jackson temia pela vida. Tinha medo de ser assassinado, supostamente por causa do valor astron�mico do cat�logo dos Beatles. Dizia-se invejado. Sendo esta uma estrela que adorava o foco luminoso da aten��o geral, n�o se sabe, neste ponto, onde come�ava a paranoia e acabavam os factos.

Drama, drama, drama. N�o � que seja inesperado, dada a fama do falecido e o estilo espantoso com que pisou o planeta. Mas a sensa��o que fica � que este drama � apenas o in�cio. Com a divis�o do patrim�nio e a guerrilha familiar pela posse dos filhos, existem for�as contradit�rias suficientes para despoletar novas pol�micas.

H� umas horas, a promotora dos concertos AEG Live assumiu-se confiante que o seguro iria pagar tudo, dada a cl�usula no contrato salvaguardando a empresa em caso de morte por overdose. Importa-se de repetir? Pois, para o Michael Jackson foi feita uma ap�lice rara.

Geralmente o seguro cobre acidentes ou causas naturais mas, nesta situa��o, 1) o promotor j� sabia da intensa depend�ncia de Jackson e, 2) a seguradora Lloyd's, de Londres, deve ter enviado um grupo de m�dicos para avaliar o cantor. A aut�psia revelou que Jackson tinha v�rias picadas nos bra�os. A Lloyd's n�o ter� visto nada.

� medida que os dias se acumulam, o debate come�a a ser sobre a ferocidade com que os m�dia se atiraram � hist�ria, o que acaba por ser outra maneira de julgar o cantor. Afinal de contas, quanta aten��o � que ele merece agora que j� c� n�o vive?

Primeira hip�tese: merece muita aten��o, gra�as �s carradas de talento demon�aco que mostrou, por causa da bravura da sua vis�o que at� inclui ter contratado o realizador Martin Scorsese para dirigir um dos seus videoclips, e porque passou 35 anos a fazer parte do quadro americano mais excitante. Segunda hip�tese: merece pouca aten��o dado que a sua fama, ultimamente, era mais de tabl�ide do que resultado directo e merecido da sua arte.

A relev�ncia de Jackson na conversa americana corrente �, por vezes, chocante. Talvez esteja aqui, sem deixar d�vidas, a for�a enorme da sua imagem e presen�a. Continua a exigir muita paix�o. Para j�, os escal�es sociais de aprecia��o parecem ser, sobretudo, dois distintos:

1. Topo de gama: F� incondicional recente que se calhar nem sequer tinha em casa um disco de Michael Jackson mas que, de um instante para o outro, v� no cantor um grito de vit�ria. Indiv�duo geralmente de ra�a negra. Pode ser o reverendo Jesse Jackson, o mogul Usher ou o actor Tyrese Gibson. N�o est�o interessados sen�o em enaltecer publicamente os talentos e as virtudes human�sticas de Michael Jackson.

2. Do contra: Republicanos brancos e pessoas que odeiam a cultura popular contempor�nea mais o �nfase maldito que coloca nas vedetas. Para estes, j� basta. J� basta de publicitar um produto discogr�fico que, das pl�sticas � mudan�a da cor da pele - isto para j� n�o falar no consumismo aberrante e na certeza, certeza absoluta, que o cantor era ped�filo - constituiu um dos piores exemplos para a juventude. A morte, se foi por excesso de medica��o controlada, revela a imaturidade do cantor e a sua total irresponsabilidade como pai e figura de alto perfil que serve de modelo aos admiradores.

No debate sobre a aten��o que Michael Jackson merece, h� ainda os factos. Os discos dele ocupam 9 dos 10 primeiros lugares da tabela. Nunca se viu nada assim. E a Internet continua inundada com reac��es � sua morte, not�cias, boatos, fotografias e come�os de controv�rsia. N�o admira que todos os pormenores venham � tona. Vejam bem: at� j� foi divulgado o tipo de caix�o que guaradar� o corpo. Custou 25 mil d�lares, � todo almofadado por dentro e quase que barroco por fora, como se fosse um Rolls Royce saudita decorado com boa madeira e metal dourado. James Brown foi enterrado num caix�o assim parecido.

Abuso de drogas legais assombra legado de Michael Jackson.

Michael Jackson j� se tinha tornado dependente de produtos f�rmacos h�, pelo menos, 10 anos.

Fonte: http://aeiou.expresso.pt
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir