Categoria Politica  Noticia Atualizada em 17-07-2009

Um protesto para testar limites
Criticada por uns e defendida por outros, a cena protagonizada ontem pelo Cpers-Sindicato em frente � casa da governadora Yeda Crusius...
Um protesto para testar limites
Foto: Roberto Vin�cius/Ag. Free Lancer/Ag�ncia Estado

Criticada por uns e defendida por outros, a cena protagonizada ontem pelo Cpers-Sindicato em frente � casa da governadora Yeda Crusius ganhou destaque porque rompeu com a tradi��o de protestos em lugares p�blicos. Esse fator alimenta o debate sobre os limites dos protestos pol�ticos.

Dois protestos, dois ambientes, um mesmo alvo. Num intervalo de tr�s horas e meia na manh� de ontem, duas manifesta��es contra a governadora Yeda Crusius colocaram � prova as fronteiras entre p�blico e privado e lan�aram um debate sobre os limites para atos pol�ticos e para a rea��o a eles.

O primeiro come�ou por volta das 7h30min e surpreendeu a Brigada Militar. Dezenas de manifestantes organizados pelo Cpers-Sindicato se reuniram em frente � casa de Yeda, na Rua Araruama, no bairro Vila Jardim, na Capital. Por uma hora, gritaram em favor do impeachment dela. Plantaram uma r�plica de uma escola de lata, em refer�ncia �s salas que funcionam em m�dulos semelhantes a cont�ineres (leia mais na p�gina ao lado). A ideia era comparar as escolas de lata com a casa da governadora, cuja compra � alvo de suspeitas. Sustentavam faixas com "Fora Yeda" e levantavam suspeitas sobre a compra do im�vel.

A segunda manifesta��o ocorreu no final da manh�, em frente ao Pal�cio Piratini. � uma cena que se repete com frequ�ncia, facilmente reconhecida como leg�tima. De acordo com o cientista pol�tico Paulo Moura, isso acontece porque a Pra�a da Matriz � um espa�o p�blico, ideal para manifesta��es nas democracias.

� A pol�tica se d� em espa�o p�blico e n�o em ambiente familiar, n�o em frente � casa da governadora. � preciso respeitar a civilidade � diz ele.

BM afastou manifestantes pr�ximos a port�o

Quando o ato � transferido para as proximidades da resid�ncia do governante, como aponta Moura, o cen�rio muda. Yeda estava num momento particular. Indignada com a situa��o, foi ao port�o da cal�ada com os dois netos e a filha, Tarsila, levando um cartaz escrito � m�o � "Voc�s n�o s�o professores, torturam crian�as. Abram alas que minhas crian�as t�m aula". Soldados do Batalh�o de Opera��es Especiais (BOE) da BM afastaram os manifestantes para que o carro que conduziria os netos ao col�gio pudesse deixar a resid�ncia. Houve tumulto e deten��es.

Na contram�o de Moura, a cientista pol�tica C�li Pinto diz que a rua em frente � casa de Yeda � um espa�o p�blico. Para ela, uma manifesta��o pac�fica � aceit�vel. S� faltou, na sua avalia��o, um esquema de seguran�a planejado. O soci�logo Emil Sobottka e o cientista pol�tico Gustavo Grohmann t�m uma vis�o diferente: a moradia do governante pertence a sua esfera particular. Ambos, por�m, ressaltam que a casa de Yeda, por conta das den�ncias, tem uma dimens�o pol�tica.

� A casa � investigada. � razo�vel que ali se fa�a um protesto porque n�o se trata s� da esfera privada, mas sim de uma disputa p�blica sobre um bem im�vel cuja origem � questionada � diz Sobottka.

Os especialistas concordam que manifesta��es t�m limites. Grohmann ressalta que Yeda � a governante leg�tima e que nenhum �rg�o conseguiu provar irregularidades na conduta dela. Al�m disso, a governadora tem direito � privacidade. Sobottka observa que � errada a ideia de que a sociedade ter� acesso ao governante durante as 24 horas do dia. Grohmann completa:

� Um protesto n�o pode perturbar a ordem m�nima de conviv�ncia. N�o d� para prejudicar os vizinhos. Um governante tem direito a dormir, s� n�o tem o direito de ter contas obscuras � diz ele.

Sobottka afirma que, ao envolver os netos, a governadora feriu os limites da pr�pria individualidade. A ida das crian�as � escola, argumenta, n�o � justificativa contra um protesto pol�tico.

J� Moura afirma que a atitude de Yeda de ir ao port�o com as crian�as foi a de um ser humano ferido por uma viol�ncia. Para ele, protestos que alteram a rotina da popula��o s�o na verdade um gol contra:

� H� v�rias formas de fazer atos criativos que ganham a simpatia da sociedade.

Um protesto para testar limites

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir