Categoria Música  Noticia Atualizada em 23-07-2009

A última miragem de Michael Jackson
Médicos ainda sob suspeita e, nas bancas, a revista "Rolling Stone" traz um relato minucioso dos últimos dias do cantor. Morreu a lutar: só queria ser respeitado.
A última miragem de Michael Jackson
Foto: Reuters

Tem sido uma semana sem sobressaltos, esta que agora termina. Michael Jackson continua em parte incerta, sendo que os novos boatos mencionam as seguintes palavras: câmara, frigorífica. Decifrem. Considerando que os últimos pormenores da autópsia chegados ao público mencionam múltiplas picadas de agulha, seria natural que a polícia continuasse a precisar dos restos mortais para decidir que rumo dar à investigação. Uma pessoa supõe sempre que há algum método na loucura.

O médico que acompanhava o cantor e prestou os últimos socorros, Conrad Murray, viu hoje o seu consultório ser invadido, revistado e selado pelas forças da Drug Enforcement Agency, acompanhadas por efectivos da polícia de Los Angeles e colegas locais em Houston, no Texas. Oficialmente, na autópsia, a causa de morte mantém-se por decidir.

A impressão que fica é de que a polícia anda desesperadamente à procura de um elo directo entre aquilo que terá vitimado o cantor, a medicação encontrada nos aposentos privados à hora da paragem cardíaca e, por fim, o médico que terá receitado aqueles mesmos medicamentos. Foram confiscados discos rígidos e vários ficheiros, de acordo com a imprensa em Houston.

É possível, portanto, que o corpo esteja à espera de ordem para ser evacuado definitivamente. Entretanto, mantém-se em stand by porque a investigação continua.

Cherilyn Lee, a nutricionista que logo após a morte veio dizer publicamente que o cantor lhe pedia medicamentos perigosos, foi obrigada a prestar depoimento à polícia, mais um esforço no sentido de descobrir quem deve ser considerado culpado pela morte. Se outra pessoa que não o cantor, quem? Por enquanto, no entanto, o caso continua a não ser considerado homicídio. Ao largo: com os cortes orçamentais impostos pelo governador Schwarzenneger, os eleitores não andam nada contentes com o facto de a polícia gastar tempo e dinheiro a entrevistar nutricionistas.

A saga da família real Jackson tem dois novos desenvolvimentos de nota: Dame Elizabeth Taylor voltou a exibir os seus chilreios no Twitter. Tem estado internada no Cedars-Sinai, mais uma vez após complicações vertebrais. Confirma que se mantém - e manterá! - no luto mais profundo face ao falecimento do seu querido, querido Michael. DameElizabeth, como é conhecida no Twitter, afirma que já teve baixa do hospital e que se mantém "dorida, mas intacta".

E a "Rolling Stone" deu a sua segunda capa consecutiva a Jackson (a partir de ontem nas bancas), que remete para um artigo quase fotográfico sobre os últimos dias do cantor. A peça chama-se Michael Jackson's Final Days: Hope and Ruin e foi escrita por Claire Hoffman depois de conversas longas com aqueles que, nos meses mais recentes, passaram mais tempo com o cantor. A repórter, evitando agentes e familiares como quem faz ziguezague num campo minado, escolheu ouvir apenas quem nada tinha a ganhar com o enaltecimento providenciado pelo artigo.

Depois de entrevistar pessoal de palco, electricistas, seguranças, músicos acompanhantes e muitos outros que lidaram com Jackson pessoalmente no local de trabalho, o retrato deixa um nó no coração: dizem todos que Jackson estava cheio de força e realmente empenhado em criar um evento colossal em cada um dos concertos londrinos.

Dizia-se cansado de ser considerado apenas uma personagem de tablóide. Queria reaver o trono, ser tido como o grande artista vivo. O concerto de Londres chamava-se 'This Is It' pois Jackson pretendia provar que, no mundo inteiro, ninguem tinha talento suficiente para dar um espectáculo como o dele. Devaneio grandioso ou apogeu que nunca chegou a acontecer, o arrepio que fica da leitura é inevitável.

A última miragem de Michael Jackson

Fonte: http://aeiou.expresso.pt
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir