Categoria Economia  Noticia Atualizada em 10-08-2009

Desmate da Amazônia gera 2,5% da emissão global de carbono

Desmate da Amazônia gera 2,5% da emissão global de carbono
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O desmatamento da Amazônia brasileira contribui com aproximadamente 2,5% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEEs), responsáveis pelo aquecimento global, segundo um cálculo preliminar feito por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O volume de carbono emitido é enorme. Porém, proporcionalmente menor do que se imaginava, segundo o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. A estimativa inicial, diz ele, era de que o desmatamento na Amazônia brasileira respondesse por 5% das emissões globais de GEEs (principalmente dióxido de carbono, ou CO2). O novo cálculo foi feito numa reunião com cientistas do instituto na sexta-feira, após uma consulta feita pela reportagem.

Câmara enfatiza que é uma estimativa preliminar, que ainda precisa ser refinada - mas que não deve desviar muito dessa ordem de grandeza. A conta foi feita com base na taxa de desmatamento de 2008, que foi de aproximadamente 13 mil km2.

O diretor do Inpe aproveita para questionar outra estimativa que vem sendo citada amplamente nos debates internacionais, de que o desmatamento acumulado no mundo produz 20% das emissões globais de GEEs. Esse número, segundo ele, é baseado em dados superestimados da Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que adota como média para o Brasil um desmatamento anual de 30 mil km2 - muito acima do real.

Nos últimos 20 anos, segundo os dados do próprio Inpe, a média anual de desmate na Amazônia brasileira foi de aproximadamente 18 mil km2. "Não há base científica confiável para esses 20%", disse Câmara. Ele acredita que uma estimativa mais realista seja em torno de 10%, conforme um trabalho publicado pelo World Resources Institute.

O cálculo dos 20% é citado nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e tem servido de base para as negociações internacionais a respeito da contribuição do desmatamento (e dos países em desenvolvimento) para o aquecimento global.

"O IPCC chancelou esse dado porque ninguém dos países em desenvolvimento se deu ao trabalho de ir atrás do número real", afirma Câmara - acrescentando que o Inpe está empenhado em fazer essa cálculo. "Foi um dado que ninguém se interessou em contestar." (Agência Estado)

Mata será queimada em experimento
Cientistas estrangeiros realizarão uma experiência única no Brasil: colocar fogo em uma floresta de 50 hectares no Mato Grosso. O objetivo é saber exatamente o que ocorre quando o fogo gera o desmatamento de floresta tropical, qual o volume de CO2 produzido, qual a flora que sobrevive e em quanto tempo o solo será recomposto.

No fundo, o que os cientistas querem saber é como as florestas tropicais vão sobreviver aos fogos cada vez mais frequentes nessas regiões, causados não por fazendeiros querendo abrir terreno para plantar, mas por causa de mudanças climáticas.

Hoje, o custo de incêndios nas florestas em todo o mundo já chega a US$ 24 bilhões, seja com a perda de madeira, biodiversidade e mesmo prejuízos a proprietários de terras. Testes como o que ocorrerá no Mato Grosso ocorrem desde 2004, conduzidos pelos cientistas da Woods Hole Research, dos EUA. No Brasil, os testes ocorrerão em uma propriedade da família do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi.

A queima de floresta tropical se tornou um dos principais problemas enfrentados por países na América Latina, África ou no sul da Ásia. Alguns dados chegam a apontar que o desmatamento causado pelo fogo é o dobro que o corte deliberado de madeira por empresas tentando exportar produtos tropicais. Avaliações preliminares indicaram que, ao contrário das temperadas, florestas tropicais reagem de forma diferente a fogo. Por serem úmidas, teriam partes de sua flora mantidas, mesmo em um incêndio natural. Mas a suspeita é de que a vegetação mais baixa não se recupere.

    Fonte: http://gazetaonline.globo.com
 
Por:  CDL Marataízes e Itapemirim    |      Imprimir