Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 14-10-2009

Médicos são flagrados vendendo receitas de medicamentos controlados
Receitas foram encaminhadas à Vigilância Sanitária. Conselho de medicina também vai apurar o caso.
Médicos são flagrados vendendo receitas de medicamentos controlados
Foto: calipolensebasket.wordpress.com/.../

O "Jornal Hoje" conseguiu, com facilidade, ter acesso a remédios de tarja preta para emagrecer, calmantes e até antidepressivos. O comércio ilegal, flagrado com câmeras escondidas, acontece dentro de clínicas particulares e em hospitais públicos de Minas Gerais.

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O esquema ilegal de venda de receitas de medicamentos controlados começa no balcão de atendimento de uma clínica particular, no interior do estado.

Quem prepara a receita é um médico, clínico geral especializado em medicina do trabalho. Ele também atende em um hospital público da cidade de Nepomuceno (MG). "Acredito que alguém deve ter utilizado de má-fé e pedido uma receita pra mim, no nome de outra pessoa", disse o médico. Ele afirmou ainda que não lembra de cobrar pela receita. "Eu atendo muita gente no meu consultório", argumentou.

Por telefone, a equipe fez outra encomenda, de calmantes. A ligação foi feita para um hospital, em Conceição do Rio Verde (MG). Na unidade de saúde, dias depois, quem negocia o valor da receita é uma atendente, que afirma que tem que obter a assinatura do médico. Duas receitas saem por R$ 10. "O cara vai lá, dá o nome na portaria e eu faço. Paciente meu. Pode ser que na hora eu confundi com paciente meu", disse o médico.

O diretor técnico do hospital admite a irregularidade. "Por uma questão humanitária, somos obrigados a fornecer medicamentos para essas pessoas, mas não com a intenção de vender. Isso aqui é preço simbólico para pagar o talonário", disse ele.

A venda de medicamentos controlados é regulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O uso desses remédios sem supervisão médica pode causar sérios danos à saúde e até levar à morte. De acordo com o cardiologista Flávio Pazzuto, entre os sintomas estão convulsões, epilepsias, alterações gastrointestinhas, irritabilidade e arritmia cardíaca.

As receitas compradas foram encaminhadas à Vigilância Sanitária de Minas Gerais, que vai investigar a denúncia. "Nós podemos bloquear o acesso ao talonário e as numerações de receita do profissional ou da instituição", afirmou o farmacêutico Paulo Pazzotti, da Vigilância Sanitária de Minas Gerais.

O Conselho Regional de Medicina vai abrir sindicância contra os médicos. "Um dos artigos do código de ética fala que o médico nunca deve receitar sem examinar o paciente. Então, só de pegar a receita sem ser examinado, já é um crime grave", disse o delegado do conselho, Luiz Henrique de Souza Pinto.

Fonte:

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Por:  Catarina Rezende de Carvalho    |      Imprimir