Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-11-2009

SEPULCRO D’ALMA – DESABAFO DE UM ARTISTA
Meu coração tornou-se o sepulcro de minha alma. Perdi o desejo de almejar o que quer que seja.
 SEPULCRO D’ALMA – DESABAFO DE UM ARTISTA
Foto:Hudson Giovanni

(Crônica por Hudson Giovanni)

Meu coração tornou-se o sepulcro de minha alma. Perdi o desejo de almejar o que quer que seja. Não é o caso de não possuir forças para lutar, mas a carência de armas para guerrear contra meu próprio desânimo. Sinto-me frio. Todo o calor de minha alma se esvaiu como o sangue que jorrou ao ser apunhalado no peito, golpe este que o tempo se encarregou de dar.
O gelo toma meu peito e fagulhas de calor tentam desesperadamente sobreviver, mas parece ser em vão.

E é um vão, um espaço de vácuo que agora tenho em meu plexo. As únicas sobreviventes são remanescentes de nostalgia que já não aquecem, mas trazem a dor de saber que não podem se repetir.

Sinto-me só. O resto de luz que possuo em meu coração grita por socorro e seus ecos ensurdecedores vagueiam por minha alma, dando o sombrio ar de solidão. O escuro torna-me como seu escravo. As trevas são meu domínio. Sinto-me tal qual uma criança que caiu em um poço frio, escuro e úmido, e que já não tem forças para pedir auxílio, nem a quem fazê-lo.

Pareço-me inútil. Tenho a sensação de que não farei falta. Sou apenas um corpo inerte no espaço. Uma vírgula que separa palavras de uma frase que já não é mais minha.
Perdi o sentido. Cativei tanto o amor que este se domesticou a ponto de perder sua essência original. Já não possui seus ares selvagens e animais instintos, que me faziam ter inspirações. Já não posso tocar e nem ao menos sentir o supra-sumo de meu sabor.

Tornei-me inodoro, intocável e insalubre.

Meu coração e minha alma de artista se transfiguraram em uma rara pedra mármore: Linda! Porem fria e sólida.

Alcancei uma forma de imortalidade e o preço foi a solidão. Compreendo não ser compreendido, nem eu mesmo me compreendo. Já não sei quem sou.

Não me sinto parte deste mundo. Busco socorro. Mas não sei ao certo a quem ou o que pedir.
Estou só...


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Hudson Giovanni    |      Imprimir