Categoria Economia  Noticia Atualizada em 28-11-2009

O PREÇO DOS EXCESSOS
Num mundo globalizado, não pode haver espaço para riscos como o de Dubai, que exagerou tanto nas dimensões dos projetos imobiliários quanto na forma de lidar com investimentos.
O PREÇO DOS EXCESSOS
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Passado o impacto inicial com o anúncio de uma moratória de Dubai, nos Emirados Árabes, os mercados financeiros já davam ontem sinais de estarem se recuperando do susto. Ainda assim, a confirmação de que a explosão imobiliária caracterizada por prédios de arquitetura exótica e de altura descomunal chegou ao fim deu razão a instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que vem alertando para o fato de que persistem sinais de vulnerabilidade financeira. Assim como outros analistas econômicos, o ministro Guido Mantega minimizou os efeitos da insolvência, mas ficou mais claro, agora, que depois da crise econômica global deflagrada a partir dos Estados Unidos, não há mais espaço para aventuras megalômanas como as multiplicadas nos últimos sete anos na ponta oriental da península da Arábia.

Por conta de megainvestimentos, que incluem até mesmo construções monumentais numa ilha artificial, num país menos privilegiado em petróleo que os demais seis Emirados Árabes Unidos, a estatal Dubai World alega estar em dificuldades para honrar compromissos estimados em US$ 59 bilhões. Embora em menor proporção, e com repercussões mais circunscritas aos parceiros financeiros desses negócios de risco, o fenômeno é resultante da mesma euforia que levou o mercado imobiliário dos Estados Unidos ao colapso, com uma reação em cadeia que atingiu as seguradoras, o sistema financeiro e grandes corporações. Com promessas de retorno financeiro dignas dos relatos das mil e uma noites, o emirado conseguiu empolgar até mesmo quem já não tinha mais condições de arcar com os pagamentos, levando a um desfecho semelhante ao deflagrador da crise global, que deveria ser evitado de todas as formas.

Em 2001, a quebra da Argentina demonstrou a facilidade com que a falta de responsabilidade gerencial pode levar Estados à insolvência quando os mercados perdem a confiança na capacidade de receberem o que têm direito. Hoje, a ameaça transferiu-se particularmente para países do Leste Europeu, de onde os capitais estrangeiros atraídos após a extinção da União Soviética fugiram em massa depois da crise mundial eclodida no final do ano passado.

Num mundo globalizado, não pode haver espaço para riscos como o de Dubai, que exagerou tanto nas dimensões dos projetos imobiliários quanto na forma de lidar com investimentos. Por isso, a crise do emirado precisa servir de alerta para o que não deve ser feito, mas também para o papel das instituições multilaterais de zelar para evitar a repetição de problemas desse tipo, cujo custo acaba sendo arcado por todos.




O PREÇO DOS EXCESSOS
Num mundo globalizado, não pode haver espaço para riscos como o de Dubai, que exagerou tanto nas dimensões dos projetos imobiliários quanto na forma de lidar com investimentos.


Fonte: Zero Hora
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir