Anúncio do aumento das tropas americanas no país enfureceu Talibã, e aliados da Otan podem não acatar pedido de Obama
Foto: http://img.rtp.pt/noticias/images/articles/376620/plan
Já era madrugada na Europa e na Ásia quando o presidente Barack Obama anunciou a nova estratégia dos Estados Unidos para o Afeganistão, na noite de terça-feira. Quando o dia amanheceu, ficou evidente que os planos americanos não teriam aceitação tão fácil.
A milícia fundamentalista Talibã reagiu com declarações inflamadas: prometeu aumentar a resistência e lutar contra o reforço de 30 mil soldados. Segundo um porta-voz do grupo, "Obama irá testemunhar muitos caixões chegando à América".
– O desejo que eles têm de controlar o Afeganistão por meios militares não se tornará realidade – completou Qari Yousuf Ahamdi.
Em resposta, o comandante dos EUA no Afeganistão, general Stanley McChrystal, afirmou que o governo afegão e seus aliados internacionais deveriam convencer os líderes talibãs nos próximos 18 meses – aproximadamente o prazo dado por Obama para o início da retirada das tropas – de que não têm condições de ganhar a guerra e oferecer-lhes alguma opção para renunciar à luta "com dignidade".
Entre os soldados americanos e afegãos, a reação foi ambivalente. Muitos têm dúvidas de que as forças do governo afegão terão condições de assumir o controle do país. Além disso, consideram que um incremento nas tropas talvez signifique a morte de mais civis.
Outra resposta ambígua à nova estratégia dos EUA veio dos aliados americanos no conflito. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciou ontem que mandará, no mínimo, 5 mil soldados adicionais ao Afeganistão, em apoio ao envio de 30 mil americanos. O número fica aquém do esperado por Obama – até 10 mil militares a mais na coalizão.
Aliados europeus sofrem pressão
Apesar do anúncio, não se sabe ainda de onde virão esses soldados – já que a guerra afegã é cada vez mais impopular em boa parte da Europa, onde estão os principais aliados dos EUA. A Grã-Bretanha foi o único que já anunciou um reforço, antes mesmo do discurso de Obama – 500 homens, que se juntarão aos 9 mil atualmente em solo afegão. A Polônia deverá enviar outros 600, a Espanha, 200, e a Geórgia, 900.
Uma reunião de ministros das Relações Exteriores dos países da Otan, que hoje tem seu segundo e último dia em Bruxelas, será uma mostra de quão forte é a pressão sobre os europeus. Checos e eslovacos devem enviar mais forças, mas em pequeno número. Uma maior quantidade deve ser anunciada por Turquia, Dinamarca e Itália. Além disso, os EUA esperam que França e Alemanha mandem 3 mil soldados adicionais cada.
Plano é recebido com reservas
Anúncio do aumento das tropas americanas no país enfureceu Talibã, e aliados da Otan podem não acatar pedido de Obama
|