Categoria Politica  Noticia Atualizada em 11-12-2009

Lula deu ação à política externa do Brasil, diz candidato independente do Chile
Marco Enríquez-Ominami falou nesta manhã ao G1 na sede de campanha. Dissidente da coalizão esquerdista, ele aparece em terceiro nas pesquisas.
Lula deu ação à política externa do Brasil, diz candidato independente do Chile
Foto: AFP

Marco Enríquez-Ominami foi a grande revelação desta campanha eleitoral no Chile. Aos 36 anos, ele deixou o Partido Socialista após ter sido impedido de concorrer nas primárias e em pouco tempo, com uma candidatura independente, conquistou 20% das intenções de voto no país e muitos antigos aliados da Concertación. As pesquisas apontam ele em terceiro lugar, mas há chances de que ele vá ao segundo turno.

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Em entrevista ao G1 na tarde desta sexta-feira (11), após ter finalizado sua campanha, o candidato afirmou que admira a política externa brasileira e que, se eleito, apoiaria a entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Leia a entrevista:

G1 - Se vencer, como o senhor irá tratar as relações com o Brasil?

Marco Enríquez - Estive com o presidente Lula e lhe disse que apoiarei o ingresso do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. Segundo, Brasil e Chile hoje não só só parceiros comerciais fantásticos, como há muito mais investimentos do Chile hoje em dia como nunca na história do país. Agora, sou um grande admirador da política externa do Brasil, com respeito a Honduras, por exemplo. Se eu ganhar, o Chile fará frente com Lula na política exterior e acredito que é preciso defender com força a democracia em todas as partes.

G1 - Quais políticas de Lula o senhor admira e aplicaria no Chile?

Marco Enríquez - Não conheço todas, mas há algo que é muito encantador nele, que é o fato de que sem perder sua identidade ele sabe negociar com outras forças, integrar e dialogar com outras forças. Teve a serenidade suportar algo que para as esquerdas é muito difícil: um sentido de urgência. Porque o dilema da esquerda é basicamente um: como aplicar as políticas que são urgentes de maneira gradual. E Lula soube fazer isso e ser respeitado. Fez política externa como nenhum outro presidente fez: ter uma diplomacia mais ativa. Mesmo em relação ao Irã. Quando estive lá ele me antecipou isso do Irã e me pareceu uma argumentação sólida. Está preocupado que o Irã não fique completamente isolado. Não que apoie o que ocorre no país. Eu também não gosto e não concordo com quase nada do que acontece lá. Mas creio que a diplomacia tem outro sentido, o do diálogo, e não da guerra para tentar mudar a realidade.

G1 - Em seu programa de governo, o senhor propõe uma nova Constituição...

Marco Enríquez - Sim, mas antes faríamos quatro reformas: semipresidencialismo, federalismo atenuado, lei de partidos e lei eleitoral. Se isso acontece aí sim podemos pensar em uma nova Constituição. Há um sociólogo que diz que estamos numa jaula e é assim que estamos, nada se pode mudar em termos constitucionais se não se mudam essas quatro coisas antes.

G1 - Muitos o criticam por sua pouca experiência política. Como o senhor responde?

Marco Enríquez - É correto. Não tive a experiência de ser multado nos EUA e no Chile por uso de informação privilegiada. Nunca absolvi um narcotraficante e também é certo que nunca acobertei um ditador para que não fosse julgado. Essa experiência eu não tenho, é certo. Mas tenho outras: a experiência de ganhar eleições, de trabalhar por 10 anos na indústria cinematográfica chilena, de ser o deputado que mais leis apresentou. Essa experiência é a que coloco à frente: a autenticidade e a capacidade de dialogar com todos.

G1 - O que fará se o senhor não passar ao segundo turno?

Marco Enríquez - Tenho 100 anos para perder e três dias para ganhar. E vamos ganhar.

O G1 pediu entrevistas com os candidatos Eduardo Frei e Sebastián Piñera, mas não teve resposta.



Fonte:

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Por:  Catarina Rezende de Carvalho    |      Imprimir