Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 13-01-2010

TODAS SíO VACAS
Eu pensei em intitular essa pseudo-crônica como “Duas cornas no reveillon”, mas um amigo após ler o rascunho me sugeriu chamar todas as mulheres de vacas.
TODAS SíO VACAS
Foto: Hudson Giovanni

Eu pensei em intitular essa pseudo-crônica como "Duas cornas no reveillon", mas um amigo após ler o rascunho me sugeriu chamar todas as mulheres de vacas. Confesso que tive medo de ser processada, já que um jornalista uma vez fez semelhante e teve problemas sérios com um comboio de enfermeiras, quando as chamou de fáceis. Nossa, longe de mim mais um processo judicial, já chega os que coleciono, um dos últimos chamei um prefeito de pistolinha comedor e metido a crente, que encrenca! Mas vamos ao texto extraído de uma observação de um fim de semana mágico na localidade de Vieira Machado – Muniz Freire.

Ambas já sabiam que passariam o reveillon juntas e desfilariam pelas belas orlas sul capixabas com suas motos e certamente as vacas tramavam mais um plano sórdido. Ambas também já sabiam que em suas testas brotavam dois pares de chifres.

Bem, diz a tia da Franci – prima que adotei - que chifre é uma coisa boa, é um enfeite na cara da vaca, que serve como uma bijuteria, cujo valor depende de quem estipula o preço.

Por exemplo: a Mariana é uma das vacas da Franci que não tem chifre, mas o Figueirão – o boizinho único do pasto tenta porque tenta alcançar o sexo dela, mas não dá altura, então ela não é chifruda.

Cornetinha tem um pequeno chifre, mas ela não é flor que se cheira, apronta toda hora no curral e é a que mais dá trabalho. A vaca não para, nem com as pernas amarradas.

Laguna tem um cutuco de chifres, mas nem se incomoda com eles, desfila no meio do esterco como uma dama, se deita e passa horas na dela ruminando os restos.

Já Negona é semelhante à Terezinha - mãe da Franci - toda acomodada, assume que é não pega na enxada, não cata café, nem se move quando o curral está tenso, gosta de tudo nas mãos e não passa de uma vaca mocha.

Dara é a mais meiga, não tem chifres. Crioula também não tem chifres, tem orelhas como se fossem brincos de uma índia.

Já Parasita não carrega na testa nenhum par de chifres, parece com a Franci só no aspecto de ter as tetas grandes e sempre procurar pelo vale silencioso na hora da solidão e da dor. Terezinha insiste que Cornetinha se parece mais com a Franci – "É a manda chuva, se impõe, é petulante", mas Franci não é. É corna por natureza e tranqüila!

Que doideira, Cornetinha é a mais chifruda do pasto, a Morena se parece com Beto – pai da Franci - perturba a todos na hora que quer comer.

Boneca começou a nascer chifres, mas ela não se incomoda, tem medo de pessoas, se afasta sempre, diferente desta pobre cronista, que não teme a nada, mas é como Boneca, carrega um adorno na testa.

Na fazenda da Franci tem também Azeitona, uma vaca mansa, não perturba ninguém, Maiada, parece à tia Letícia, gorda e baixinha como ela mesma disse. Tem também a Pretinha, uma vaca bem educada, quando é chamada, logo vem.

A tia Lilá tem paciência com todas as vacas e vive há 40 anos na labuta do curral, tocando e chamando as vacas para comer. Ela não se parece com nenhuma vaca.

Sarita é assustada, se incomoda com qualquer coisa, não tem chifres. Tia Letícia é semelhante à Boneca, chuta o balde quando quer e derrama todo o leite, não ta nem ai.

Mas na véspera do reveillon as primas marcaram de se encontrar na praia, a poeta/jornalista e vaqueira domadora de cavalo bravo. Iriam curtir a virada, mas não contavam que mais uma vez seriam duramente traídas. Foram usadas e enganadas e resolveram ir dormi as 0h00 do dia primeiro de 2010. A vaca da namorada da prima dormia bêbada com o amante depois de uma dose de sonífero que preparou ao pobre velho. Acabou comendo a lasanha contaminada e a vaquinha da poeta não atendia o celular, deveria está ocupada na beira do mar, com o Figueirão – que tenta comer todas as vacas da propriedade.

Como as vacas do curral da Franci pastam tranquilamente com seus chifres, as primas também pastarão e visitarão outras propriedades e pelo que tudo indica, a dor já está passando e, uma nova exuberante vaca surge para tornar os dias dessa pobre cronista mais alegres, que passou o fim de semana no sitio observando as vacas da prima.

Duas cornas no reveillon voltaram do litoral pronta para dá a volta por cima.

Enquanto isso, elas têm consciência que as vacas estarão se divertindo até o próximo natal depois que papai Noel passar e a ceia acabar.

É bom lembrar que a ceia acaba e só restam, os restos (desculpe a redundância pleonástica) dos ossos e os pratos sujos.

Eu poderia falar também do Chiclete, o cavalo que pensa que vai botar um ovo, vive dentro do galinheiro e não larga do pé da Franci. Um belo cavalo, chegando a se parecer com uma vaquinha nova que encantou a cronista, adora bajulação e comodidade, gruda quando quer, depois galopa sempre com a espora nas costelas dando prazer a um cavaleiro qualquer. São todas vacas, umas com mais leite, mais tetas, ubres maiores, mais valor de mercado, outras vaquinhas ninfetas, mansas, mais educadas, outras perigosas, mentirosas e dissimuladas.

Pensando bem, a vaca é um animal sagrado, principalmente na Índia. Se ela estiver atravessando a rua, o carro para e ela entra até nas lojas de grife. E pense bem meu nobre leitor, Jesus nasceu numa estrebaria, deveria haver vacas por perto, então eu posso afirmar: sou uma vaca que carrega um par de chifres, me desculpe meu respeitado leitor, eu coloquei três belos pares antes, porque a minha sagrada vaquinha merecia muito mais.

Mas quer saber?, como disse a Elisa Lucinda em o Aviso da Lua que menstrua: "O que é que você tem pra falar de vaca? O que você tem eu vou lhe dizer e não se queixe: vaca é sua mãe, de leite! Vaca e galinha"!!!!



    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir