Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-01-2010

Espionagem está no centro da disputa entre Google e China
Ataques de hackers chineses a sites de empresas americanas teriam caráter de espionagem industrial.
Espionagem está no centro da disputa entre Google e China
Foto: www.nationalpost.com/.../story.html?id=2434715

PEQUIM - Na primeira resposta oficial à ameaça do Google de encerrar suas atividades na China, o governo de Pequim afirmou que empresas do setor de internet devem operar no país "de acordo com a lei" e defendeu o sofisticado mecanismo de censura que bloqueia o acesso a informações consideradas "sensíveis" pelo Partido Comunista.

Veja também:
Internautas chineses criticam governo pela saída do Google
Google ameaça encerrar operações na China

Maior site de buscas do mundo, o Google anunciou na terça-feira que poderia deixar a China em razão de ataques a seu sistema realizados em dezembro por hackers que operam no país. A companhia observou que poderia manter suas atividades caso chegasse a um acordo com o governo para o oferecimento de seus serviços sem o filtro da censura, algo altamente improvável, a julgar pelas declarações dadas por representantes do governo ontem.

Na nota que divulgou em seu blog corporativo, o Google afirmou que os ataques dos hackers resultaram no "roubo de propriedade intelectual" sob seu domínio e na invasão de contas de e-mail de ativistas de direitos humanos sediados na China, Estados Unidos e Europa.

Apesar de a censura ter ocupado o centro da queda-de-braço pública entre o Google e o governo chinês, a origem da ameaça do site de abandonar o país é a ação dos hackers. O Washington Post afirmou nesta quarta-feira que os ataques originados na China atingiram 34 empresas norte-americanas de setores estratégicos, como alta tecnologia e segurança militar. Segundo o jornal, as ações foram orquestradas e tiveram o caráter de espionagem industrial.

O Google anunciou na terça-feira que os hackers chineses haviam atacado pelo menos outras 20 empresas dos setores de internet, finanças, tecnologia, mídia e químico. A nota da companhia fazia referência a documento divulgado em outubro de 2009 pelo governo norte-americano sobre a capacidade da China de empreender uma "guerra cibernética" com os Estados Unidos.

"A China está provavelmente usando sua cada vez mais desenvolvida rede de computadores para apoiar a obtenção de dados de inteligência contra o governo e a indústria dos Estados Unidos", diz trecho de estudo realizado pela empresa Northrop Grumman para a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança Estados Unidos-China.

Em nenhum momento o Google acusou o governo da China de promover os ataques cibernéticos, mas especialistas acreditam que eles não poderiam ser realizados na escala em que ocorreram sem a conivência oficial.

O relatório da Northorp Grumman, que antecede às acusações do Google, sustenta que as ações dos hackers chineses contam com alguma forma de apoio de Pequim. "A profundidade dos recursos necessários para sustentar a amplitude dos ataques a redes de computadores que têm por alvo os Estados Unidos e vários outros países ao redor do mundo, associado ao foco em dados de engenharia de defesa, informação militar operacional e políticas relacionadas à China estão além da capacidade ou perfil de virtualmente todas as organizações criminosas cibernéticas e seriam difíceis sem alguma forma de suporte estatal", sustenta o documento.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, ressaltou ontem que a legislação do país proíbe a ação de hackers e que as autoridades de Pequim são favoráveis ao desenvolvimento de uma internet "aberta". Mas acrescentou que as empresas do setor devem operar "de acordo com a lei".

Em declarações separadas, o diretor do Escritório de Informação do Conselho de Estado, Wang Chen, afirmou que a censura é necessária para "guiar a opinião pública" chinesa. "Nosso país está em um estágio crucial de reforma e desenvolvimento e esse é um período de conflitos sociais", disse Wang, em declarações divulgadas no site oficial do escritório que dirige

Espionagem está no centro da disputa entre Google e China
Ataques de hackers chineses a sites de empresas americanas teriam caráter de espionagem industrial.

Fonte: estadao
 
Por:  Catarina Rezende de Carvalho    |      Imprimir