Categoria Trag�dia  Noticia Atualizada em 21-02-2010

"Precisamos da ajuda de todos" na Madeira
Enxurradas de lama invadiram casas e arrastaram carros. Desaparecidos n�o contabilizados

Foto: HELDER SANTOS ASPRESS

N�o h� mem�ria de uma intemp�rie assim: a Madeira acordou ontem para um cen�rio dantesco. Ruas transformadas em rios de lama, casas inundadas, carros e pessoas arrastadas, pontes derrubadas. Morreram 40 pessoas e h� um n�mero incalculado de desaparecidos. Acrescem 70 feridos e mais de 200 desalojados.

Choveu insistentemente durante a madrugada, mas a maior carga de �gua caiu entre as 9 e as 10 horas: em apenas uma hora choveu 52 mm, quase tanto como a m�dia mensal di�ria do m�s de Janeiro (61mm). A �gua come�ou a descer furiosamente montanha abaixo, arrastou rochas, troncos de �rvores e lama, que rapidamente inundaram caminhos, estradas e casas.

Nas zonas altas do Funchal houve pessoas que tiveram de subir de pijama para os telhados das moradias. Na zona do Monte, a capela das Babosas foi arrasada por uma derrocada e houve v�rias pessoas arrastadas pela enxurrada. Uma grua que estava a ser utilizada na constru��o de uma estrada caiu em cima de uma casa em Santo Ant�nio e matou duas pessoas.

Dezenas de carros estacionados e outros que circulavam nas estradas, incluindo viaturas de bombeiros, foram arrastados pela f�ria das �guas. Um automobilista que subia a rua da Pena - perto do local onde vive o presidente do Governo Regional (GR), Alberto Jo�o Jardim - conseguiu salvar-se, mas perdeu o filho de 5 anos e, � tarde, ainda n�o sabia da mulher. Na zona ainda havia ontem pessoas presas dentro de autom�veis, ca�dos no leito de um ribeiro. Foram contabilizados pelo menos 68 feridos, dois em estado grave. Duas pessoas foram operadas na especialidade de ortopedia e houve v�rios casos de hipotermia.

Constru��o junto a ribeiras

Na Baixa da cidade, as tr�s ribeiras que atravessam o Funchal - S�o Jo�o, Jo�o Gomes e Santa Luzia - rapidamente galgaram as margens e as �guas furiosas e barrentas inundaram ruas, casas e lojas. A Baixa ficou irreconhec�vel. O centro comercial Dolce Vita - inaugurado h� pouco mais de um ano e constru�do junto ao leito de uma ribeira - ficou inundado e a rotunda em frente abateu. Na mesma zona, cr�tica, o edif�cio do Marina Shopping e o pr�dio onde funciona o Posto Emissor do Funchal (PEF) foram evacuados por estarem em risco de derrocada, noticiou o Di�rio de Not�cias do Funchal.

Por toda a ilha, houve dezenas de estradas cortadas, quer devido ao entulho e � lama, quer �s derrocadas. Na Ribeira Brava, o segundo concelho mais afectado, uma ponte ruiu e a localidade da Tabua ficou isolada. Em C�mara de Lobos, houve carros arrastados pela chuva. No s�tio das Eiras, em Santa Cruz, um mar de lama invadiu uma urbaniza��o recente e h� dezenas de carros estragados. Os moradores treparam varandas e muros para escapar � enxurrada. De nada lhes valeram os apelos para os bombeiros, mais atrapalhados com o socorro no Funchal, onde ontem ainda havia zonas inacess�veis.

Devido �s derrocadas, a �nica estrada de acesso ao Curral das Freiras - localidade com cerca de quatro mil pessoas no centro da ilha - esteve intransit�vel e, at� ao in�cio da noite, n�o havia comunica��es. Chegou a temer-se o pior. Mas, ao JN, o vice-presidente do Servi�o Regional de Protec��o Civil, Pedro Barbosa, garantiu, por volta das 20 horas, que j� tinha sido poss�vel estabelecer contacto e que n�o havia pedidos de ajuda.

No centro do Funchal ru�ram duas pontes - uma delas bem no centro, junto ao Mercado dos Lavradores - e o p�nico entre a popula��o foi generalizado. Houve v�rios cortes de energia e, durante todo o dia, as comunica��es m�veis e fixas estiveram muito dif�ceis, pelo que ningu�m conseguia saber dos seus familiares e amigos.

Em confer�ncia de imprensa, Alberto Jo�o Jardim disse que a prioridade era "tratar dos vivos" e garantiu alojamento, roupa e refei��es para os desalojados, em n�mero que ningu�m conseguia ontem quantificar. Para os que perderam a casa, o presidente do GR garantiu que ir� contratualizar, desde j�, "os alojamentos que forem necess�rios" e deu instru��es para que seja preparado um concurso "para alojar todos os que ficaram sem casa".

O "grande problema s�o as acessibilidades", disse, explicando que a prioridade ser� limpar as estradas e pediu �s For�as Armadas pontes militares para serem usadas at� se constru�rem novas pontes. "Neste momento, precisamos da ajuda de todos", reconheceu.

* COM PAULO LOUREN�O

"Precisamos da ajuda de todos" na Madeira
Enxurradas de lama invadiram casas e arrastaram carros. Desaparecidos n�o contabilizados

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir