Temer confirmou atuação de quadrilha que teria desviado mais de R$ 2 milhões
Foto: www.cbtonline.com.br/.../CAMARA_310107.jpg
Uma nova suspeita de fraude sacode a Câmara dos Deputados. Desta vez, teriam ocorrido irregularidades no pagamento de auxílio-creche e vale-transporte para funcionários fantasmas e efetivos da instituição. A existência de uma "quadrilha" foi admitida ontem pelo presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP).
Temer disse que a Polícia Legislativa investiga as denúncias e a direção-geral da Câmara vai implementar medidas, como o registro de ponto eletrônico dos funcionários, na tentativa de reduzir as fraudes. O esquema teria desviado mais de R$ 2 milhões.
– Se descobriu uma verdadeira quadrilha agindo na Casa. A direção-geral modificou procedimentos que poderiam dar ensejo a essas espécies de irregularidades, de modo que a Câmara estava agindo antes (das denúncias) e continua tomando providências – afirmou.
A denúncia das fraudes foi publicada pelo site Congresso em Foco. Segundo o site, funcionários da Câmara cadastravam pessoas carentes do Distrito Federal no sistema de benefícios da Casa. Para convencê-los a entregar documentos necessários para o cadastro, os servidores ofereciam em troca o pagamento de uma espécie de mesada, nos moldes do Bolsa-Família.
Com os documentos e assinaturas em mãos, os servidores incluíam as pessoas na folha de pagamento da Casa, vinculadas a gabinetes de parlamentares. A Câmara ainda não descobriu como os nomes eram inseridos no sistema eletrônico, uma vez que os parlamentares têm a prerrogativa de nomear os servidores.
Em alguns casos, os golpistas chegaram a matricular os filhos do "novo funcionário" em uma creche para receber o auxílio oferecido pela Casa.
Temer disse que a Polícia Legislativa encaminhou 15 inquéritos concluídos, envolvendo 70 servidores, para o Ministério Público Federal com o objetivo de desvendar as fraudes.
Segundo o Congresso em Foco, até agora, a Polícia Legislativa só identificou dois supostos líderes do crime – secretários parlamentares demitidos após a descoberta do escândalo. Os servidores seriam vinculados aos gabinetes de pelo menos três deputados, mas não há provas do envolvimento dos parlamentares no esquema.
Os golpistas pagariam por volta de R$ 100 mensais para cada família, enquanto tomavam posse dos salários dos "novos servidores" e dos benefícios pagos pela Câmara.
A Câmara, porém, descarta o envolvimento de parlamentares no esquema de fraudes. Em nota, a Casa afirma que em nenhum dos inquéritos instaurados para apurar as fraudes há indícios de envolvimento de deputados. Segundo a Câmara, os parlamentares que têm em seus gabinetes funcionários envolvidos com as irregularidades determinaram a sua exoneração.
Temer confirmou atuação de quadrilha que teria desviado mais de R$ 2 milhões
Câmara investiga fraude no pagamento de vales
|