Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 28-02-2010

Após forte tremor, chilenos passam a noite na rua
A primeira noite após o terremoto que matou mais de 300 pessoas no Chile foi de tensão
Após forte tremor, chilenos passam a noite na rua
Foto: http://ultimosegundo.ig.com.br

A primeira noite após o terremoto que matou mais de 300 pessoas no Chile foi de tensão. Centenas de pessoas dormiram em colchões e cadeiras pelas ruas de Santiago e de Concepción. Segundo estimativa do governo, cerca de dois milhões de pessoas foram afetadas pelo tremor, que já é considerado o maior dos últimos 50 anos.

Em Concepción, a segunda maior cidade do país, localizada a 500 quilômetros de Santiago, apenas chamas dos incêndios iluminavam a madrugada deste domingo.

Algumas pessoas percorriam a cidade empurrando pertences em carrinhos de supermercado. Outras acampavam no centro, onde os únicos carros que circulavam eram os da polícia.

"Disseram-me que meus móveis foram perdidos, minha televisão, minha geladeira. Não me importo. O bom é que minha família está bem. O material pode ser resgatado", disse Francisco Luna, de 42 anos, que dormia na rua.

Destruição

O terremoto de 8,8 graus na escala Richter aconteceu às 3h26 (horário local e memso horário de Brasília) do sábado e teve seu epicentro a 35km de profundidade, na região de Bio Bio, a cerca de 320km ao sul de Santiago.

Na capital chilena, o tremor arrancou varandas de edifícios, derrubou pontes, deixou fábricas em chamas e moradores desabrigados e sem eletricidade e sistema telefônico. Os carros viraram como se fossem de brinquedo. Além disso, pelo menos três hospitais desabaram.

Moradores das zonas atingidas descreveram o tremor como "interminável". Em Santiago, relatos dão conta de que os prédios tremeram entre 10 e 30 segundos. "Eu vi os carros caindo e não sabia o que fazer. Estava sozinho aqui", disse Mario Riveros, segurança de uma fábrica em Santiago, parado junto a uma ponte que desabou. "Me deu vontade de chorar", acrescentou.

Elba Carrizo, 81 anos, disse que se salvou porque se abrigou embaixo de uma mesa. "Tudo veio para cima, todas as portas do edifício estavam quebradas", disse ela, que conseguiu sair de seu apartamento antes que o prédio desabasse, no bairro de classe média de Maipu.

Depois do terremoto, mais de 60 tremores de intensidade variável foram registrados em todo o país, levando as autoridades chilenas a pedir aos moradores que permaneçam em casa.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que ainda não é possível conhecer completamente a magnitude da catástrofe. "Teremos à frente uma árdua tarefa tanto para enfrentar a emergência como para a reconstrução", afirmou.

Brasileiros no Chile

Muitos brasileiros que estão no Chile relataram momentos de pânico. Morador de Embu (SP), Claudio Dias contou que ele e a mulher estavam dormindo em um hotel em Santiago quando o tremor os acordou. "A sensação era de que uma enorme locomotiva estava passando por cima do telhado, provocando um violento tremor", contou.

Johanna Helm, arquiteta de Porto Alegre (RS), decidiu se preparar para os abalos que se seguiriam. "As mochilas ficaram ao lado da porta, com telefones, dinheiro, água, tudo o que fosse necessário caso acontecesse algo mais grave depois", afirmou.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), não há informações sobre brasileiros mortos ou feridos na tragédia. O terremoto, porém, provocou abalos no prédio da embaixada brasileira. Localizado no centro histórico de Santiago, o prédio oferece risco de desabamento, por isso todos os funcionários foram retirados do local.

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que manifesta "profunda preocupação com impacto do terremoto que abalou o Chile" e disse que "expressa sua disposição de prestar toda ajuda necessária ao país e ao povo chileno".

Aeroporto

O aeroporto internacional da capital chilena foi fechado e deve permanecer inoperante até às 9h de segunda-feira. Os voos, quase todos de longa distância e na maioria procedentes de cidades dos Estados Unidos e Europa, são desviados para aeroportos na Argentina, principalmente para a cidade de Mendoza.

No Brasil, as companhias aéreas TAM e Gol informaram que cancelaram os voos com destino a Santiago. Segundo o chefe do aeroporto, Eduardo del Canto, as portas do terminal estão quebradas e as paredes, rachadas. As pistas não foram abaladas, mas sem o prédio não é possível operar, informou.

Consequências

O tremor provocou um tsunami no Oceano Pacífico, o que deixou países asiáticos, a América do Sul e o Havaí em alerta.

No Chile, o tsunami deixou cinco mortos e 11 desaparecidos na ilha de Robinson Crusoé e outros três mortos no arquipélago de Juan Fernández.

O Havaí foi atingido pelo tsunami no início da noite de sábado (horário de Brasília), mas as ondas chegaram a uma altura máxima de um metro, menos que o esperado pelas autoridades (2,4 m). Por volta das 21h15 de sábado, o alerta para o Havaí foi cancelado.

Neste domingo, os Estados Unidos cancelaram o alerta de tsunami para os países do Pacífico. Segundo a Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos (NOAA, em inglês), os dados sobre o nível do mar indicam que houve um amplo tsunami, mas que já não ameaça mais as costas do Pacífico.

Após ser atingido por ondas de 1,45 metro, menores do que as esperadas, o Japão também retirou o alerta para tsunami.

*Com informações das agências BBC, Reuters e AP

Após forte tremor, chilenos passam a noite na rua

A primeira noite após o terremoto que matou mais de 300 pessoas no Chile foi de tensão

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir